NAZARÉ PEREIRA “no berço”
A nossa Nazaré Pereira, tomada emprestada de Xapuri no Acre desde os sete anos de idade e se instalou – com a sua Mãe Maria (“Minha Mãe Morena”) na Rodovia... que não é e nunca foi “avenida’, pelo menos que eu saiba – na Augusto Montenegro – Km. 23 - numa casinha bem pertinho da Agulha, e onde mora todos esses anos, ou seja, mais de 30 anos, fora os outros em que se revelou uma “senhora” artista.
Nazaré Pereira atualmente reside em Nancy, França, mas nunca se desligou de Icoaraci. Ela vem duas, três vezes por ano para ficar perto da mãezinha querida e do seu público que lhe fiel.
É ela quem diz: “Vivi em Icoaraci, toda a minha infância, desde a Maria Fumaça, eu me lembro de Icoaraci, das pracinhas, dos arraiais, das rodas gigantes. Eu vivia em Icoaraci e Outeiro. Então, a minha relação é muito grande. Fazer shows aqui em Icoaraci e em Belém, pra mim, é uma espécie de glória.”
Um fato que os amigos deste espaço não sabem.
Quem primeiro anunciou o sucesso de Nazaré Pereira foi o repórter aqui.
A história é a seguinte: Maria de Nazaré Pereira com muita dificuldade concluiu o Curso Normal no Instituto de Educação do Pará (IEP).
Dava um duro danado para ajudar a mãe durante o dia e à noite ia para as aulas na “Escola Normal”. Eu sempre a encontrava no ônibus (da então Auto Viação Icoaraciense, recém constituída e que havia ganho a concessão da linha dada pelo DETRAN), dez, onze horas da noite. Eu voltando das aulas – trabalhava de dia na FOLHA DO NORTE – e ela das suas aulas, cheia de livros, cadernos e anotações.
O tempo passou e nunca mais vi a Nazaré.
Um belo dia recebi uma senhora correspondência da artista quase pe redonda.
No envelope pardo com o selo de Paris, cartas, recortes e fotos.
Nazaré ganhou um concurso promovido pela TV Tupi – canal 6, do Rio, 30 dias antes, para interpretar uma empregada “levada da breca”, na novela “E nós onde vamos”, de Glória Magadam, cuja estreia se daria alguns dias após.
Mais importante:
Nazaré disputou o papel com mais de 200 moças com as mesmas caraterísticas da nossa artista.
A moça mostrou a sua força, a sua inteligencia, o seu valor e a sua garra.
De posse desse material e muitos detalhes, falei com o Ossian Brito - que era o “Secretário do jornal”, equivalente ao Editor de Cidade de hoje – e ele achou o material excelente, e pediu que o transformasse em texto “para uma grande reportagem”.
Aqui em casa, na velha maquina Underwood... que não existe mais... mandei lenha.
Revi tudo e dois dias depois mostrei o material pro Ossian – era quinta-feira – ele leu, fez algumas correções e disse que iria publicar no domingo.
Como estava de posse da “boneca” da edição daquele dia, reservou uma página impar no 2º caderno; riscou onde deveria ficar o texto e marcou (programou) três fotos, uma das quais bem grande.
Ao invés de mandar o material por uma caixinha - que descia para a oficina, através de uma carretilha e uma corda – pediu que eu mesmo levasse os originais e entregasse ao Jurandir Oeiras, o linotipista de maior credibilidade da casa; era o cara que compunha matérias recomendadas e que operava uma máquina que só trabalhava com o corpo 10.
No dia seguinte por volta das nove horas cheguei à redação, desci a escada em forma de caracol e procurei o Jurandir. Fui informado que ele chegava após as duas da tarde e ficava até o fechamento do jornal, pela madrugada.
E a matéria da Nazaré? Ora... tinha sido composta, subido para revisão e estava na mesa do Ossian pronta para entrar na pagina.
O Jurandir era rápido.
Aos sábados, a partir da meia noite uma hora da manhã a velha – e eficiente - rotativa Marinoni começava rodar a edição de domingo. Normalmente e a edição saia com quatro a seis cadernos de 28 páginas. O último - com 12 páginas - era o Literário sob o comando de Eliston Altemann.
No domingo, fui conferir, as minhas matérias e a página que eu fazia sobre Icoaraci, havia oito anos.
Na 5ª página do segundo caderno estava lá: “Nazaré pegou um ita no norte e foi pro Rio Vencer” - Reportagem de Aldemyr Feio – Especial para a FOLHA DO NORTE.
A matéria teve um ótimo “recall”.
Inclusive na Câmara Municipal. Amado Magno e Silva, Álvaro Freitas e Alby Miranda, (falecidos) comentaram o texto. Alby fez mais - pediu inserção da reportagem nos anais daquela casa legislativa.
A novela – repassada aqui pela TV Marajoara – o Canal 2 - em vídeo-tape foi vista pelos paraenses no horário das 20 horas, o chamado “horário nobre”.
Foi um sucesso.
Mas tudo isso se deve a Nazaré - que nos créditos da novela aparecia como “Nayse Nazaré” -, com as suas trapalhadas domésticas e inteligentes.
Fui pro Rio.
No retorno tomei conhecimento das vitórias e conquistas de Nazaré (Pereira) na França e em outros países.
A moça não parou mais.
Graças a Deus.
Nesta segunda-feira/10, a minha maninha e amiga Maria de Nazaré Pereira faz aniversário (“Depois dos 50 a gente não aniversaria... completa tempo de fundação!”) e, orgulhoso, e só me resta dizer:
Parabéns, Nazaré.
Muitas Felicidades.
Muitos mais de vida.
Continue divulgando Icoaraci no Brasil e no mundo.
E sempre a nossa amizade.
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