A confraria de Ray Cunha
A realidade da Amazônia pode ser tão
bizarra, surrealista e paradoxal que sua tradução literária costuma ser feita
através da paródia, do roman à cléf ou do folhetim. O picaresco combinado com a
reconstituição de fatos, personagens caricatamente fictícios por detrás de
máscaras de seres reais.
CONFRARIA CABANAGEM (210 páginas,
edição do autor), do jornalista e escritor paraense Ray Cunha, se enquadra
nessa categoria. O enredo: uma confraria contrata um detetive para impedir o
assassinato de um senador Fonteles (Paulo Fonteles), candidato ao governo do
Pará. À medida que essa investigação avança, conduzida por Apolo Brito
(Apolonildo Sena Brito), “as entranhas da Amazônia são reveladas”.
Os nomes reais são embaralhados, a
ordem do tempo subvertida e a trama sai do enredo romanesco para se tornar uma
colagem de material da imprensa. O leitor pode se divertir (sem se esclarecer
muito) tentando identificar a inspiração (por vezes óbvia) para Alexandre Cunha
Silva e Silva, Organizações Rio-Mar, Jarbas Barata, o Poste, Gilberto Soares
Fonteles, o marqueteiro O Bezerro. Há nomes verdadeiros fora das suas
biografias, como Batista Campos, Benedicto Monteiro, P.P. Condurú, Luiz Braga.
É um autêntico pout-pourri. Uma lambada na ficção estrito senso.
A CONFRARIA CABANAGEM está à venda
nos sites:
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LÚCIO FLÁVIO PINTO
Jornal Pessoal
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