A ditadura nas sombras
BRASÍLIA – Rafael
Leónidas Trujillo Molina, o Bode, é o modelo de ditador das repúblicas das
bananas, inclusive da Banânia. Era uma excrescência humana; estuprava até
criança. Ladrão e assassino, sufocou a República Dominicana, de 1930 a 1961.
Esse país divide com o Haiti uma das ilhas, paradisíacas, do Mar do Caribe,
Hispaniola, primeiro território americano a ser descoberto por Cristóvão
Colombo. Mario Vargas Llosa escreveu uma reportagem romanceada sobre esse
bandido, A Festa do Bode(La
fiesta del chivo, Alfaguara/Objetiva, Rio de Janeiro, 2011, 450 páginas),
verdadeira catedral literária. Em outro artigo, eu disse que “A Festa do
Bode disseca a mecânica da
mente de um ditador, qualquer um deles. Basicamente, perseguem o poder
absoluto, poder que, paradoxalmente, será sempre seu inferno pessoal.
Ditadores, e os que gostariam de sê-lo, têm em comum alguns traços: são, em
potencial, populistas, nepotistas, patrimonialistas, mentirosos, profundamente
covardes, ladrões, perversos, bestas crudelíssimas, torturadores, estupradores,
assassinos, criaturas diabólicas. Como se diz em psicologia: psicopatas. Chegam
ao poder porque são ousados, e maus, e porque se cercam de preguiçosos, ávidos
por carniça, a quem alimentam, para se cercarem de zumbis dispostos a empalar a
própria mãe por dinheiro”.
Esse
preâmbulo é só para dizer que Rafael Trujillo nasceu
com raro talento de
intuição política; a intuição é o grande patrimônio dos homens de sucesso.
Veja-se o caso de Lula. Em 2003, quando instalou a república da mediocridade,
fácil de tutelar, disse que o PT, partido que criou e do qual é dono
inconteste, ficaria pelo menos 20 anos no poder. Já se passaram 10 anos, desde
então, e Lula continua mandando, agora por meio da marionete Dilma Roussef. A
estratégia dele é a seguinte: aparelhamento do Estado; Mensalão; tutela da
população; bolsas-miséria; a tentativa permanente de amordaçar a imprensa,
grande parte da balcão de negócios; desmantelamento do Estado, incluindo as
Forças Armadas e a Educação – tudo dentro da “democracia”. Para isso, Lula
conta com oposição nula e
corrupção generalizada. O quadro é aterrador.
Se
fosse nos Estados Unidos, já teria aparecido um grupo, ou alguém, para pôr fim
nisso. Os cidadãos americanos são ciosos pela democracia que construíram e
mantêm como algo sagrado. Mas no Brasil, quem salvará nossa democracia?; embora
aleijada, é o que temos. Aécio Neves é tucano, e os tucanos vivem dando bicadas
na cloaca uns dos outros. Eduardo Campos, do PSB, faz, até agora, um jogo
ambíguo. Assim, à sociedade democrática brasileira resta a providência. O Bode
foi assassinado; Fidel Castro foi vencido pela senilidade; Hugo Chávez, pelo
câncer; a bruxa argentina está se sufocando com a própria língua; Zé Sarney dos
Atos Secretos, Sir do Maranhão e Amapá, terá, na sua memória eterna, a
persegui-lo, Lorde Thomas Alexander Cochrane. E assim por diante.
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♦ RAY CUNHA – Escritor e Jornalista baseado em Brasília-DF, Brasil
♦ RAY CUNHA – Escritor e Jornalista baseado em Brasília-DF, Brasil
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