Mamãe
era
como as rosas, inexpugnável na sua fragilidade, imortal na sua beleza
Marina Pereira Silva Cunha,
imortalizada pela espátula genial de Olivar Cunha |
Marina
Pereira Silva Cunha, minha mãe, foi a mulher mais bonita, corajosa e iluminada
que conheci. Amava-a incondicionalmente. Sua presença, seu perfume, seu calor,
eram redentores, e nutrem-me como cascata que cai do alto da montanha,
alimentando minha alma. Certo domingo, eu era criança, talvez tivesse 7 anos,
fomos, só ela e eu, à missa matinal na Catedral de Macapá. O farfalhar de seda,
o perfume, principalmente o de minha mãe, os rumores dentro do templo, o latim,
as imagens impressionantes dos santos, a hóstia, e a pureza que senti em tudo
aquilo, me marcaram para sempre. Uma vez, ela foi a Belém, onde passou alguns
poucos dias. Então, escrevi uma cartinha a ela, e chorei. Nos fins de semana,
gostava de fazer-lhe companhia, de ouvir sua voz, de ver seus olhos, grandes e
redentores. Ela era uma leoa; cuidou, simultaneamente, de 10 filhos e do papai,
João Raimundo Cunha. Ensinou-nos a ler e a escrever, a todos nós, cozinhou para
nós, em fogão a lenha e depois a gás, lavou e passou em ferro a brasa e depois
elétrico, limpou a Casa Amarela durante décadas, e nos ensinou a amar. Era como
as rosas, inexpugnável na sua fragilidade, imortal na sua beleza. Quando oro,
sinto-a me abraçando, sinto seu perfume, seu hálito, e então sinto-me imortal.
Obrigado,
mamãe!
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