O tucano sem o seu penacho. Ou a curra (sem cuspe) nos brasileiros
BRASÍLIA, 19 de julho de 2012 – Sempre
achei intrigante o comportamento público do governador tucano Marconi Perillo.
Muito retraído. Entrevistei-o em 2010, senador e pré-candidato ao governo de
Goiás, que, no seu primeiro governo, tirou da Idade Média. Empossado
governador, seu discurso lembrou-me o do ex-governador do Distrito Federal,
José Roberto Arruda, que, enquanto não foi flagrado - e quadrilha, numa
roubalheira impressionante, embora distante um abismo da ladroagem do Mensalão
-, era considerado o mais eficiente governador do Brasil, atrás somente do
então governador de Minas Gerais, o tucano Aécio Neves, virtual candidato à
presidência da República, cargo que provavelmente disputará com Lula (PTMDB),
em 2014.
Certa vez,
quando Arruda era deputado federal, após renunciar ao Senado, também por
safadeza, entrevistei-o para o site ABC Politiko. O homem deu uma aula sobre a
Zona Metropolitana de Brasília, mas nunca pôs sua teoria em prática. É
pós-doutorado em rapapé.
Voltando a
Marconi, acho que desde a campanha, em 2010, ele já andava preocupado com o
gangster Dom Carlinhos Cachoeira. A vida secreta das pessoas, principalmente
públicas, podem significar pesos tão grandes que as deixam mancas, não
literalmente, mas no nível mental. Seus olhos, ou sua expressão fisionômica, é
que se curvam, e o máximo que conseguem são sorrisos apagados. Nunca
gargalhadas cristalinas. Quando muito, o riso estridente da bacanal. Marconi
tem um sinal na testa. Como a mão do ex-governador do DF, Joaquim Roriz; quando
Roriz falava em público, seus dedos lembravam garras, iguais as do bispo Edir
Macedo.
Conforme
investigações da Polícia Federal (que vem realizando um trabalho magnífico,
republicano, e se houve aparelhamento nesse trabalho foi um tiro no pé dos “companheiros”),
Marconi Perillo mantém relações com Carlos Cachoeira. A vida do cidadão Marconi
Perillo só interessa a ele e à sua família, mas a vida do governador Marconi
Perillo pertence a todos os goianos. Há práticas que homens públicos não devem,
de jeito algum, exercitar, como, por exemplo, patrimonialismo e nepotismo, nem
jantar com mafiosos, porque gangster rouba sem dó nem piedade, dinheiro que
poderia reduzir a ignorância, a miséria, a fome e a matança no Brasil.
O julgamento
do Mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), a CPI do Cachoeira (um tiro no
pé de Lula e, por extensão, do PTMDB, e do valentão Fernando Affonso Collor de
Mello), a bacanal permanente que é o Senado dos atos secretos de Zé Sarney e a
Câmara dos Príncipes, a débâcle da indústria brasileira, tudo isso mostram, aos
gritos, que o Brasil não precisa de um novo Hugo Chávez, o ladrão venezuelano,
mas da reforma do Estado. Ou de revolução. Aquela, se dá pelo pacto social.
Esta, é sempre sangrenta.
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