Norte-Sul sangra o bolso dos brasileiros
BRASÍLIA, JULHO DE 2012 – O Globo publicou que “milionários
brasileiros têm a quarta maior fortuna do mundo em paraísos fiscais”. Segundo
pesquisa da Tax Justice Network, esse pessoal tem cerca de US$ 520 bilhões,
mais de R$ 1 trilhão, escondidos do fisco brasileiro, atrás somente dos chineses
(US$ 1,18 trilhões), russos (US$ 798 bilhões) e coreanos do sul (US$ 779
bilhões). No caso da China e da Rússia está explicado: aquela, comunista; esta,
czarista. Pulo os coreanos do sul. E os brasileiros? Será dinheiro da máfia? Do
Mensalão? No total, a grana de milionários sonegadores de impostos e ladrões de
139 países soma cerca de três dezenas de trilhões de dólares.
No Brasil, a
corrupção leva uma montanha de dinheiro, parte do qual vai para paraísos
fiscais. Agora mesmo, a Ferrovia Norte-Sul está nas páginas policiais. Segundo
a Polícia Federal, superfaturamentos na construção da ferrovia já sugaram R$ 1
bilhão dos R$ 8 bilhões gastos.
No início
deste mês, os federais engaiolaram o ex-presidente da Valec, José Francisco das
Neves, o Juquinha, que enriqueceu a uma velocidade espantosa. Segundo a
Operação Trem Pagador, Juquinha teria desviado mais de R$ 100 milhões, mas,
segundo a revista IstoÉ, o
rombo pode chegar a R$ 1 bilhão, dinheiro que teria escorrido também para
partidos como o notório PMDB e o PR.
No lugar de
Juquinha assumiu José Eduardo Castello Branco, que tem perfil técnico. Isso foi
o bastante para enfurecer as ratazanas que há décadas mamam nas tetas da
Norte-Sul. Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça feitas pela PF mostram
que na véspera da faxina determinada pela presidente Dilma Rousseff (PT),
Juquinha telefonou para seu advogado, Heli Dourado, para saber se ele conversou
com o “presidente”. Segundo a PF, “presidente” é um velho conhecido da
Norte-Sul: Zé Sarney, aquele dos atos secretos do Senado da República. Bom, se
“presidente” é Zé Sarney, mesmo, ele já viu que Dilma Rousseff não é Lula. Na
época em que foi flagrado agindo clandestinamente no Senado, Lula decretou que
Sarney é “especial” e pode fazer o que quiser. Mas não combinou com Dilma.
Os agentes
da PF descobriram também que além de “presidente”, Sarney é conhecido por
Juquinha e bando como “velhinho” e “chefe”. Segundo a IstoÉ, o filho de Sarney,
Fernando, citado na Operação Faktor (Boi Barrica), é investigado por contratos
suspeitos da Valec com a Dismaf para fornecimento de trilhos. “A empresa, mesmo
denunciada pelo Ministério Público por fraude no fornecimento de fardamento
para o Exército, conseguiu entrar na Valec. Quem intermediou o negócio, segundo
a PF, foi o senador Gim Argello (PTB) e o filho de Sarney. Um dos sócios da
Dismaf é Basile Pantazis, que até estourar o escândalo no ano passado era
tesoureiro do PTB. Entre 2008 e o início de 2011, a Dismaf recebeu mais de R$
410 milhões, segundo levantamento das ordens bancárias da Valec feito pela ONG
Contas Abertas. A empresa quase conseguiu um segundo contrato de R$ 750
milhões, mas a licitação foi suspensa por determinação do TCU” – diz a revista
semanal.
Falar em Gim
Argello, trata-se de ex corretor de imóveis que ficou milionário de uma hora
para outra em Brasília; os brasilienses o enviaram para o Senado para ele
cuidar das questões locais, sendo as mais urgentes: violência iraquiana, saúde
pública infernal e trânsito caótico. As coisas vão de mal a pior para os
brasilienses que pagam impostos.
O julgamento
do Mensalão, que começará dia 2 no Supremo Tribunal Federal (STF), vai
esclarecer muita coisa. Talvez até aborte a ditadura em andamento no Brasil,
planejada no Foro de São Paulo, com ajuda do ladrão bolivariano. Também, quem
sabe, ajude a recuperar uma ponta do dinheiro brasileiro escondido em paraísos
fiscais.
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♦ RAY CUNHA – Escritor e Jornalista baseado em Brasília-DF,
Brasil
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