A Hileia em chamas. O Fundo Amazônia pode impedir esse cenário, mas
o BNDES não solta o dinheiro, doado principalmente pela Noruega
o BNDES não solta o dinheiro, doado principalmente pela Noruega
RIO+20/BNDES
retém mais de meio bilhão
de reais do Fundo Amazônia. Por quê?
BRASÍLIA
– Em matéria publicada dia 13, em O
Liberal, “Inércia ataca Fundo para a Amazônia”, o correspondente do jornal
belenense em Brasília, Thiago Vilarins, registra: “O Fundo Amazônia, gerido
pelo Banco do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), já recebeu cerca de
R$ 830 milhões em doações, mas desembolsou apenas cerca de R$ 70 milhões até
agora para financiar 23 projetos aprovados e contratados; foram contratados,
nesse mesmo período, R$ 260 milhões”. Enquanto isso, a floresta continua sendo
torada, destruição inclusive filmada por satélite. E a dinheirama, dada
principalmente pela Noruega, é um mistério. Onde está entocado esse dinheiro?
Por que o BNDES não o utiliza para minimizar a miséria na Amazônia?
O
Fundo Amazônia foi criado em 2008 para financiar projetos sustentáveis na
Hileia, com dinheiro de países desenvolvidos, principalmente da Noruega. O
governo norueguês se comprometeu a doar US$ 1 bilhão para o Fundo Amazônia e já
assinou contratos com o BNDES no valor de US$ 418 milhões, disponíveis no Banco
Central da Noruega. A Alemanha doou ao fundo US$ 27,2 milhões. A Petrobras doou
US$ 4,2 milhões. Os brasileiros podem até não querer saber se o dinheiro da
Petrobras é ou não bem utilizado, mas segundo matéria veiculada pela agência de
notícias Reuters, a imprensa da Noruega quer saber se o dinheiro norueguês está
sendo realmente aplicado na Amazônia. Não está.
“Já
conversei com vários interlocutores de outros países e é geral o sentimento de
frustração em razão da inação do governo brasileiro. Apesar da disponibilidade
financeira já alocada, o governo mostra incapacidade de implementar políticas
de atendimento ao princípio da razão da existência do fundo: proteção da
floresta e desenvolvimento da qualidade de vida dos povos da região. Ora, se
nós não conseguimos aplicar ainda 30% do que foi destinado em 2009, como
podemos tentar ampliar a captação de recursos com os antigos e novos parceiros
se não conseguimos nem implementar essas políticas?” – disse a O Liberal o presidente da Frente
Parlamentar em Defesa da Amazônia e do seu Povo, deputado federal Zenaldo
Coutinho, do PSDB do Pará. “Com um montante de recursos desses parados, caberia
ao BNDES criar uma equipe técnica para orientar as prefeituras e os Estados que
têm projetos. Jamais recusar os projetos por detalhes técnicos” – adverte.
RIO+20
– Zenaldo Coutinho tem missão importante para a Amazônia na Rio+20, que é
mostrar que há dinheiro suficiente para implementar programas sustentáveis em
toda a Amazônia e sustar a destruição do que os amazônidas tem de mais
precioso: a floresta. Ora, se há dinheiro e capacidade técnica e tecnológica
para a implementação desses programas, qual é o problema? E o Plano Amazônia
Sustentável (PAS), do governo federal, que sequer saiu do papel? Do mesmo modo,
o Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Arquipélago do Marajó, de
2007, que envolve 13 ministérios, também não saiu do papel. Por quê? Parece
claro que se os amazônidas não se mexerem, utilizando os foros certos para
denunciar o descaso do próprio governo brasileiro para com a Amazônia, não há
dúvida, a maior floresta tropical do planeta virará savana.
Assim,
a Frente Parlamentar em Defesa da Amazônia, da qual Zenaldo Coutinho é
presidente, realiza o seminário Povo e Floresta: Amazônia Sustentável, dia 30,
das 14 às 19h30, no auditório Antônio Carlos Magalhães, do Interlegis, anexo do
Senado Federal, quando serão debatidos temas cruciais para o desenvolvimento
sustentável das populações que vivem na Hileia, como o projeto Municípios
Verdes, de desmatamento zero, que o governo do Pará implementa desde o ano
passado; a implementação do Plano Amazônia Sustentável; e o Plano de Aceleração
do Crescimento (PAC) da Amazônia, empacado. Zenaldo Coutinho levará o documento
gerado pelo seminário para a Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que acontecerá de 13 a 22 de junho, no
Rio de Janeiro.
Também
participará, dia 18 de junho, do debate Cidades Sustentáveis, dentro da Rio+20,
que culminará com o lançamento oficial da iniciativa Sou um Transformador
Urbano (I’m a City Changer), movimento global de sensibilização sobre as ações
positivas que tiveram impactos na vida das pessoas em áreas urbanas. Dias 17 e
19 de junho, Zenaldo Coutinho participará ainda da Cúpula Parlamentar Mundial
de Legisladores, da Organização Global de Legisladores para um Meio Ambiente
Equilibrado (Globe International), com o objetivo de conduzir os compromissos
internacionais de sustentabilidade para a legislação nacional.
MUNICÍPIOS
VERDES E SISTEMA AGROFLORESTAL – O governador do Pará, Simão Jatene (PSDB),
apresentará, no Seminário Povo e Floresta: Amazônia Sustentável, a visão dos
governadores da região, baseada basicamente em dois modelos, um deles já
implementado no Pará. No dia 23 de março de 2011, o governo paraense começou a
mudar o quadro de devastação do estado, dando início ao modelo econômico
sustentável Programa Municípios Verdes. Foi firmado um pacto entre governo do
estado, o governo federal, administrações municipais, Ministério Público,
empresários, produtores e outras instituições representativas de setores
produtivos para promover o desenvolvimento econômico paraense ao mesmo tempo em
que busca atingir a meta de desmatamento zero.
“A
expansão da agropecuária e da atividade madeireira ilegal e predatória,
motrizes de desenvolvimento no estado do Pará – considerada uma das regiões com
a maior biodiversidade do planeta -, impulsionou nas últimas décadas um
desmatamento intenso. A articulação das principais diretrizes de governo,
voltadas para a redução do desmatamento e a degradação ambiental, às
peculiaridades dos problemas de cada município, torna-se necessária para a
promoção da melhoria da governança pública municipal com foco no desenvolvimento
econômico e social através do uso sustentável e conservação dos recursos
naturais. Este programa propõe promover uma economia de baixo carbono e alto
valor agregado, melhorar a governança pública municipal e reduzir desmatamento
e degradação” – compromete-se o governo paraense no site Municípios Verdes.
O
outro modelo é o agrofloestal. Segundo a Wikipédia, “Agrofloresta ou Sistema
Agroflorestal é um sistema que reúne as culturas agrícolas com as culturas
florestais, resultante da prática de estudo de agrossilvicultura, plantações de
florestas para suprir as necessidades do homem. Usa a dinâmica de sucessão de
espécies da flora nativa para trazer as espécies que agregam benefícios para o
terreno, assim como produtos para o agricultor. A agrofloresta recupera antigas
técnicas de povos tradicionais de várias partes do mundo, unindo a elas o
conhecimento científico acumulado sobre a ecofisiologia das espécies vegetais e
sua interação com a fauna nativa”.
Zenaldo
Coutinho vê a Agrofloresta como uma “fábrica de florestas econômicas”, para
repovoar as áreas degradadas da Hileia e gerar sustento o ano inteiro para as
populações, por meio da agropecuária e silvicultura. Este, por exemplo, é um
excelente projeto para ser financiado, e fiscalizado, pelo Fundo Amazônia. Só
falta o BNDES cumprir sua missão.
_______________________
♦ Escritor e jornalista baseado em
Brasília-DF-Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário