Uma semana em Manaus
BRASÍLIA – Estive durante uma semana, em Manaus, na companhia
do jornalista Raimundo Holanda, que criou e comanda um fenômeno da mídia, o
Portal do Holanda, terceiro mais lido do país e primeiro da Amazônia. Para se
ter uma ideia, em dezembro passado foram registradas 7 milhões de visitas, e há
picos de mais de 160 mil visitantes online. O portal é auditado pelo Instituto
de Verificação de Circulação, o IVC, a mais respeitada instituição de auditoria
de mídia da Ibero-América.
Conheci
Raimundo Holanda em 1975. Ele, Isaías Oliveira e eu somos da mesma geração, e
começamos juntos no jornalismo na extinta A Notícia, de Andrade Neto e
comandada por Bianor Garcia. Tínhamos 21 anos. Antes, passei rapidamente pelo Jornal
do Commercio. Em A Notícia criei a coluna semanal No Mundo da
Arte. Nessa mesma época, comecei a frequentar o Clube da Madrugada,
acolhido principalmente por Jorge Tufic, Aluísio Sampaio, Anthístenes Pinto,
Luiz Bacellar e Fábio Lucena. Também me tornei amigo do cineasta José Pereira
Gaspar, do líder negro Nestor José Soeiro do Nascimento e da jornalista
Hermengarda Junqueira.
Vivi
em Manaus, de 1975 a 1977, intensamente, como repórter e amante da cidade;
depois voltei lá algumas vezes, a última em 2005, para cobrir a Feira
Internacional da Amazônia para o site brasiliense ABC Politiko, no qual eu
produzia então a coluna Enfoque Amazônico. Todas as cidades são
extraordinárias, todas, em maior ou menor grau. Manaus é fantástica em escala.
Incrustada no coração da maior floresta tropical do planeta e Mundo das Águas,
feérica, é a capital de um continente saído do computador de Márcio Souza, da
lente de Werner Herzog, do Portal do Holanda, do olhar atento do repórter
Isaías Oliveira.
Banhada
pelo rio Negro, maior afluente da margem esquerda do Amazonas, que lá recebe o
nome de Solimões, Manaus conta com o maior porto flutuante do mundo, recebendo
transatlânticos no coração da Hileia. O Mercado Adolpho Lisboa, próximo ao
porto, é um convite irrecusável pelo mundo mágico das frutas, ervas e aromas do
Trópico Úmido. E o Tropical Hotel, a praia da Ponta Negra, garantem que estamos
em outro planeta, Manaus dentro de Manaus.
Como
articulista de arte, eu tinha passe livre no Teatro Amazonas, e uma das minhas
incursões favoritas era explorar os labirintos de um dos teatros mais
deslumbrantes do Brasil, projetado por arquitetos lusitanos e italianos e
transportado do Velho Mundo para o Inferno Verde. Lá, ouvi vozes imortais, voei
com bailarinos alados e conheci a dramaturgia amazônica de Márcio Souza.
Ouvirei Carmen Monarcha no palco do Teatro Amazonas? Ah! Lembro-me que ouvi,
ali, Fafá de Belém, logo que ela começou sua carreira perene, um furacão sensual
acendendo a imaginação até da senilidade. Fui vê-la após entrevistá-la para A
Notícia. Jamais esqueci o mar do seu riso.
Manaus
é o principal centro financeiro, corporativo e econômico da Região Norte.
Trata-se de uma das cidades brasileiras mais conhecidas no planeta,
especialmente pelo seu potencial turístico, décimo maior destino de turistas no
país. Distante 3.490 quilômetros de Brasília, pertence a outro Brasil, mais
voltado para o Hemisfério Norte. Brasília vai à Amazônia para colonizá-la, explorá-la,
com megaprojetos como Tucuruí, enquanto mais da metade dos 144 municípios do
Pará não conta com energia firme; como a Icomi, que deixou uma chaga no Amapá;
como a Vale, que transporta o ferro paraense para a China, deixando para os
paraenses um buraco; como a Albras/Alunorte, que fabrica lingotes de alumina
com energia de Tucuruí para alimentar a indústria japonesa. Royalties?
Fundada
em 1669 pelos lusitanos, Manaus foi elevada à categoria de cidade em 24 de
outubro de 1848, com o nome de Cidade da Barra do Rio Negro, e, em 4 de
setembro de 1856, voltou a seu nome natural, em homenagem à nação dos manaos.
Hoje, é a cidade mais populosa da Amazônia, com 1.982.179 habitantes
(IBGE/2013), a sétima do Brasil e a centésima trigésima primeira do mundo. Sexta
cidade mais rica do Brasil, seu principal motor econômico é o Polo Industrial
de Manaus, respondendo por 1,4% da economia do país. É uma das doze subsedes
brasileiras da Copa do Mundo de 2014, o que nem Belém do Pará, Portal da
Amazônia, conseguiu.
Contudo,
Manaus é muito mais do que isso, porém é necessário olho clínico para penetrar
no vale vertiginoso dos seus segredos, nos seus cheiros de tucumã, tucupi,
jambu, maresia, e decifrar as mensagens do espilantol.
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♦ RAY CUNHA – Escritor e Jornalista baseado em Brasília-DF, Brasil
♦ RAY CUNHA – Escritor e Jornalista baseado em Brasília-DF, Brasil
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