Síndrome de Pilatos
Parece
uma informação
médica, mas trata-se, na realidade,
de uma forma de conduta que
autoridades têm se valido com muita frequência nos dias de hoje. Isso é tão
mais grave, na medida em que a isenção de responsabilidade envolve questões de
dolo moral e ético, presenciada por muitos, e criminosa quando se trata de
ações realizadas no passado.
Com
efeito, em não poucas atitudes expostas à mídia, testemunhamos assertivas
originadas do poder central sobre o desconhecimento de fatos sobre os quais,
até pessoas de limitados conhecimentos, não entendiam a negativa, motivada para
a isenção de culpa e de responsabilidade sobre as consequências decorrentes.
Tal
fato é ainda mais preocupante quando isso ocorre nas FFAA, em especial com
relação a eventos marcantes de nossa história, no qual perdas humanas se
fizeram presente e que, por razões mesquinhas, as autoridades de hoje se
empenham em eximir-se de respeitar sua memória e a lembrança do sacrifício que
fizeram em defesa da democracia no País. Para sermos diretos, tal circunstância
se situa nos idos de 1964, e, para nossa tristeza, em pronunciamento recente,
constatamos a incidência dessa Síndrome de Pilatos num trecho assim exposto:
... E, o mais injusto dessas atitudes
políticas (promovidas em grande
parte por militares da reserva e
reformados) é que elas atingem
primordialmente a atual oficialidade da Ativa
cuja grande maioria tinha pouca
idade ou sequer era nascida, portanto sem nenhuma responsabilidade nos
acontecimentos da época. Perplexidade é o mínimo que podemos dizer a
respeito. Essa assertiva sugere que devamos entender que tal Síndrome contamina
a muitos dos que se atemorizam ante a perspectiva de perderem suas conquistas,
seus avanços pessoais, tudo em nome de um simples gesto de lavar as mãos para o que houve no passado.
Isso,
salvo melhor juízo, é negar a nossa própria história,
com o agravante de
expressar a mais absoluta indiferença por aqueles que deram suas vidas no
cumprimento do dever, pois estavam agindo sob ordens. Entendemos que esse
sentimento reflete uma atitude inexplicavelmente derrotista, como se tivéssemos
sido batidos pela escória dos remanescentes que restaram de 1964, pois os que
aqui ficaram morreram nos embates para que esses que aí estão se locupletassem,
ludibriando a população, voltando-a contra nós, no pressuposto de que eram os
reais paladinos da ética e da moral, e os autênticos democratas.
Quanto
a isso basta observar o que diz a mídia escrita e televisada para vermos o que
eles são na verdade. Mas isso não pode, em hipótese alguma, ensejar atitudes
como essa que relatamos. Nós, militares, pertencemos a instituições
permanentes, que não podem ser tripudiadas por atitudes moleques de agentes
públicos transitórios. O fato relatado abre as portas para o que mais desejam
de nós, militares; a separação entre
militares em atividade dos inativos. Os jovens oficiais de hoje, são,
definitivamente, responsáveis, sim, pelo nosso passado e a ele devem o devido
respeito, pois assim não sendo, nos desobrigam a reverenciar os feitos de
Barroso, Caxias e Eduardo Gomes pelas opiniões de pretensos intelectuais.
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Waldemar
da Mouta Campello Filho
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Coordenador do Sistema CONFAMIL
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