As cartas de
Aécio Neves na Amazônia; fisiologismo e nepotismo do tucanato
papa-chibé
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BRASÍLIA, janeiro de 2013 – O
senador Aécio Neves (PSDB/MG) terá três cabos eleitorais imprescindíveis, na Amazônia,
durante a jornada rumo à presidência da República, no próximo ano: o prefeito
de Manaus, Arthur Virgílio Neto; o governador do Pará, Simão Jatene; e o
prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, todos tucanos. O novo prefeito da maior
cidade da Hileia derrotou Luiz Inácio Lula da Silva numa cidade onde o
ex-presidente, feroz inimigo de Virgílio, quase obteve a unanimidade em 2006.
Artur
Virgílio Neto, manauara de 1945, graduou-se em ciências jurídicas e sociais
pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e
é diplomata de carreira formado pelo Instituto Rio Branco. Na juventude,
militou no PCB, PMDB, PSB e PSDB, do qual foi um dos fundadores. Em 1978,
candidatou-se a deputado federal pelo MDB, chegando à primeira suplência, e em
1982, conseguiu eleger-se. Em 1986, foi candidato a governador do Amazonas,
sendo derrotado por Amazonino Mendes. Em 1988, foi eleito prefeito de Manaus
pelo PSB, derrotando o ex-governador Gilberto Mestrinho, e um ano depois migrou
para o PSDB, que ajudou a fundar no ano anterior. Em 1994, elegeu-se novamente
deputado federal e foi reeleito em 1998. Líder do governo Fernando Henrique
Cardoso na Câmara, exerceu também o cargo de ministro-chefe da Secretaria-Geral
da Presidência da República. Em 2002, elegeu-se senador e em 2003 se tornou
líder da bancada do PSDB no Senado. Como líder da oposição, foi um dos críticos
mais ferrenhos do presidente Lula. Em 2006, novamente candidato ao governo do
Amazonas, ficou em terceiro lugar. Em 2010, vítima de feroz campanha de Lula,
perdeu para a comunista Vanessa Grazziotin a vaga no Senado, derrotando-a no
segundo turno, em 2012, para a prefeitura de Manaus, apesar de Grazziotin ter
recebido apoio pessoal de Lula, que desfechou ataques virulentos àquele que sempre
o colocou no seu lugar. Até a presidente Dilma Rousseff, a mando de Lula, se
empenhou pela derrota de Virgílio.
Segundo
o jornal A Crítica, a Câmara Municipal de Manaus aprovou lei encaminhada
dia 8 pelo Executivo promovendo a reforma administrativa mencionada reiteradas
vezes por Artur Virgílio, que fundirá e extinguirá órgãos e cargos, reduzindo
de 33 para 25 as instituições da administração direta e indireta, e de 42 para
45 as subsecretarias. Também a Câmara Municipal aprovou projeto de lei enviado
pelo prefeito que reduz o salário dele, do vice, secretários e subsecretários.
O prefeito e o vice passaram de R$ 24 mil para R$ 18 mil e de R$ 23 mil para R$
17 mil, respectivamente. Secretários, que ganhariam R$ 18 mil, passarão a
receber R$ 15 mil, e subsecretários tiveram redução de salário de R$ 17 mil
para R$ 14 mil.
Manaus,
a mais populosa cidade da Amazônia, com 1.861.838 habitantes (IBGE/2012), é uma
urbe europeia cercada por favelas em palafitas, como um tumor que joga carnicão
no rio Negro. A reforma administrativa desarticulará várias máfias, que vêm
mamando há décadas, e isso dará autoridade moral para Arthur Virgílio fazer, no
próximo ano, o que ele melhor sabe fazer: falar com propriedade, mostrando que
se o país continuar nas mãos do PT perderemos o bonde da História. Arthur
Virgílio leva uma vantagem sobre o governador do Pará, Simão Jatene, e Zenaldo
Coutinho, prefeito de Belém, a mais importante cidade da Amazônia, embora não
seja a maior: o prefeito de Manaus tem projeção nacional. E caso Virgílio
consiga sanear Manaus, reeleger-se-á, e poderá, em 2018, se tornar governador
do Amazonas.
PARÁ – O governador Simão Robison Oliveira Jatene,
belenense de 1949, mestre em economia, professor universitário e músico, um dos
fundadores do PSDB, é o líder máximo do partido no Pará, que governou de 2003 a
2006. Renunciou a disputar a reeleição em favor de Almir Gabriel, derrotado
pela então senadora Ana Júlia Carepa. Em 2010, foi eleito novamente, derrotando
Carepa, desgastada pela sua inacreditável incompetência, que quase põe o Pará a
pique, isto é, de joelhos perante o governo federal. Mas será o prefeito de
Belém, Zenaldo Coutinho, o grande cabo eleitoral de Aécio Neves no Pará, por
uma razão: Zenaldo é um estudioso da região e sabe falar. Contudo, o PSDB
paraense poderá se transformar num telhado de vidro, pois o fisiologismo e o
nepotismo tucano em terras papa-chibé é de fazer corar até Ana Júlia Carepa.
Zenaldo
Rodrigues Coutinho Júnior, 52 anos, bacharel em direito, quatro vezes deputado
federal pelo PSDB, liderou o não à fragmentação do Pará em três estados, e
coordenou a campanha vitoriosa de Simão Jatene de volta ao governo do Pará. Ano
passado, foi um dos fundadores da Frente Parlamentar em Defesa da Amazônia e do
seu Povo, e logo depois realizou e presidiu o seminário Povo e Floresta:
Amazônia Sustentável – Rumo à Rio+20. Em entrevista concedida a mim, em 14 de
fevereiro de 2012, Zenaldo Coutinho disse que “Belém precisa voltar a ser a
capital da Amazônia”, referindo-se à importância histórica da Cidade das
Mangueiras, ultrapassada populacional e economicamente por Manaus. Maltratada
durante anos a fio, a última década e meia foi inclemente para a Cidade Morena.
Os antecessores de Zenaldo, Edmilson Rodrigues, prefeito de 1997 a 2004, então
no PT e hoje no Psol, e Duciomar Costa, do PTB, prefeito de 2005 a 2012, quase
puseram Belém a pique.
Perguntei
a Zenaldo qual o principal problema de Belém e ele respondeu que era “ausência
de autoridade”. Afirmou: “Nós temos um conjunto de problemas que decorrem da
falta de ação; muitas vezes, da absoluta inoperância da administração
municipal, o que resulta em situações dramáticas. Belém é uma das capitais com
menor índice de esgotamento sanitário do país, temos trânsito caótico, serviço
de saúde ineficaz, insignificante, sistema educacional irrisório. Precisamos
modernizar, aparelhar, equipar e ampliar a rede municipal de ensino
fundamental, da mesma forma que temos que ampliar os serviços de saúde. As
pessoas estão padecendo muito em Belém. Além da ausência de autoridade, há
ainda falta de carinho para com a população. Belém precisa ser vista como
extensão das casas de todos. Belém já foi a metrópole da Amazônia, e tem que
voltar a sê-lo”.
Zenaldo
é a esperança dos belenenses que apostaram nele, e um dos pilares de Aécio
Neves na Amazônia. Pessoalmente, tem a perspectiva de se reeleger em 2016,
tornar-se sério aspirante ao governo do Pará, em 2018, e encerrar sua carreira
política como senador, se cortar na própria carne e fazer algo que ninguém tem
peito para fazer em cidade alguma deste pais: sanear Belém.
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♦ RAY CUNHA – Escritor e Jornalista baseado em Brasília-DF,
Brasil
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