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4/30/2006

Icoaraci



Icoaraci...
Terra onde nasci
Aprendi a engatinhar
Andar, caminhar!
Ah... Icoaraci...
Quanta saudade
Tenho de ti
Mas tive que partir
Um certo dia
E longe de ti
Na selva de pedra
Tive que me virar
Porque não dizer ralar
Para poder me encontrar
Pois ao deixar-te, me perdi!
Do mundo, de todos
Até me encontrar
Atravessei rios, mares
Escalei montanhas
Fui atropelada, enganada.
Usada, maltratada.
Com isso, aprendi a revidar.
Sem ter que chorar
Mas ao lembrar-me de ti
Minha alma se alegrava
Pois és minha mãe, meu pai.
Es meu berço
Minha terra Natal
E cá pro nós Icoaraci
Igual a ti, não há outro lugar igual.

Iolanda Brazão

4/23/2006

Repondo os fatos

Apesar da boa vontade do escritor e historiador José Valente – meu confrade da Academia Paraense de Jornalismo – é importante que se reponham os fatos de modo correto.
O jornal O Liberal de ontem, sábado, 22 publicou uma bela matéria sobre os 113 anos do Outeiro – ocorrido, como os amigos podem observar na matéria abaixo, no dia 14 de abril passado dia 14 de abril, sexta-feira santa. Eis o porquê de a festa ser transferida para ontem – destacando alguns fatos do aprazível lugarejo.
Alguns reparos:
1. Capela de Nossa Senhora da Conceição. Um casal português, Joaquim e Maria Marquês, migrando de Tras-os-Montes para da Ilha dos Barrancos – atual ilha de Caratateua – Outeiro – iniciou o culto a Maria que consistia em novenas e ladainhas. Em maio para Nossa Senhora de Fátima; em dezembro para a Nossa Senhora da Conceição. Ainda não havia capela e as celebrações em realizadas na residência do casal. Eles se reuniam numa pequena barraca. Só em 1932, com a ajuda da comunidade, foi erguida uma capela de madeira. Em 1977 foi construída a Igreja atual de Outeiro - transformada em Paróquia de Nossa Senhora da Conceição - com a cooperação das Agencias Distritais de Icoaraci e Outeiro;
2. A 30 quilômetros do centro comercial de Belém, na parte setentrional da capital paraense, localiza-se a Ilha de Caratateua, uma das 14 ilhas do Distrito Administrativo do Outeiro. Compondo um conjunto de floresta de restinga e matas ciliares próprio de toda ilha, destaca-se a floresta do Cristo Redentor na parte meridional de Caratateua. Este reduto florestal com grande diversidade em espécimes de toda sua biomassa é guarnecido por praias estanques onde o pôr-do-sol é um lindo espetáculo amazônico. Este recanto florestal umbrófilo (floresta de grande sombreamento) exerce um imenso fascínio, atraindo pessoas que amiúde estão em busca do contato com a natureza e com a calma de suas trilhas paisagísticas naturais.
3. A praia de Outeiro, banhada pela Baía do Guajará, fica em frente ao Distrito de Icoaraci, na Ilha de Caratateua. É o balneário mais próximo de Belém. As demais praias, de água doce, são bastante procuradas nos finais de semana e feriados prolongados. À beira-mar há uma variedade grande de bares e restaurantes que oferecem o tradicional peixe frito. Lá já é possível ter contato com a imensidão da Baía do Guajará, o movimento de maré da água doce e a fartura dos peixes da região. Um final de tarde na Praia do Amor é um passeio imperdível, principalmente agora que a Prefeitura deu um grau na área.
4. No dia 17 de maio foi decretado pelo prefeito Hélio da Mota Gueiros a divisão dos bairros da Ilha de Caratateua (Lei N0 7.753) e deu-se o inicio da criação das oito Administrações Regionais de Belém. Assim o Outeiro passou a ser Distrito com autonomia própria.. O prefeito Edmilson Rodrigues apenas deu continuidade fazendo o Distrito do Outeiro funcionar.
5. Quanto à ponte Enéas Pinheiro, vale a pena contar um pouco da sua história. Ela foi inaugurada no dia 26 de outubro de 1986 no primeiro governo Jader Barbalho, pontualmente às 10 horas da manhã. Precisamente - segundo o folder distribuído à época - 13 dias, seis horas e 45 minutos antes da data prometida. Foram 230 dias úteis de trabalho, construindo 1,56 m de ponte por dia. Ela tem 360 metros, por 11 de largura . Para ter acesso à ponte do Outeiro o antigo DER - àquela altura dirigido pelo engenheiro Antônio César Brasil - teve de construir, no mesmo período, uma outra ponte com 30 m de vão, em concreto e vigas metálicas, sobre o rio Taboquinha. A ponte do Outeiro substituiu o sistema de travessia por balsa inaugurado no dia 26 de abril de 1969 pelo então “sub-prefeito” Evandro Simões Bonna – o maior administrador que Icoaraci já teve nesses quase 40 anos.
Ninguém critica o Outeiro sem levar o troco. Desde pequeno freqüento àquela localidade. Trabalhei lá oito anos, me enturmei mais e melhor com o seu povo maravilhoso. Conheço o Outeiro de cór e salteado.

"Escola Bosque do Outeiro

Essa afirmação é da professora Rita Nery, consultora da Secretaria Municipal de Educação (Semec) ao participar de uma audiência sobre Educação promovida pelo Capra, um conselho que congrega as entidades e associações que funcionam naquele distrito, realizada no auditório da Escola Bosque. O encontro que reuniu os dirigentes das escolas públicas do Outeiro (estaduais e municipais), líderes comunitários e representantes do Sindicato da Educação (Sintepp), passou em revista a situação e os problemas que afligem esses estabelecimentos. Uma vez equacionados e sistematizados, serão apresentados ao Estado e Município como forma de colaboração.
Sem inauguração – Dentre os muitos problemas apresentados um chamou a atenção. Refere-se à Escola Municipal Helder Fialho, do bairro da Brasília. Ela funciona há quatro anos e nunca foi efetivamente inaugurada pela Prefeitura.
De acordo com a diretora Professora Lecy Barbosa – e seguindo uma prática adotada desde a primeira investidura da professora Terezinha Gueiros na Semec, durante a gestão Hélio Gueiros, segundo a qual, os diretores das escolas municipais sejam indicados pela comunidade - a antiga administração municipal nunca aceitou a sua eleição para o cargo. A Semec apostava numa outra candidata, todavia, a comunidade optou por seu nome.
Desde então a escola começou a sofrer represálias de toda espécie; as salas de aula eram utilizadas para reuniões político-partidárias, e no final sempre apareciam equipamentos danificados ou quando não sumiam. A escola foi entregue à própria sorte; e até mesmo a sua recuperação se deve ao apoio da comunidade que arregaçou as mangas, e juntamente com a equipe de Lecy deu um novo colorido ao prédio.
Escola Bosque - A professora Rita Nery – atual consultora na Semec e que representou a titular, professora Terezinha Gueiros – em sua fala explicou que, lamentavelmente, a Escola Bosque nesses oito anos foi totalmente descaracterizada e sucateada, em todos os aspectos. Ela lembrou que a construcão da Escola Bosque partiu de uma idéia do sociólogo Mariano Klautau de Araújo. Meses após a posse do prefeito Hélio Gueiros, ele esteve com a professora Terezinha Gueiros levando em mãos o projeto da Escola-bosque, de sua autoria com o apoio da comunidade do Consilha – Conselho das Ilhas do Outeiro. Terezinha o aconselhou que procurasse Rita Nery, à época, Diretora de Ensino da Semec.
A educadora achou o projeto surpreendente aconselhou a professora Terezinha Gueiros que o aprovasse junto ao prefeito. Logo após foi criado o Centro de Referência em Educação Ambiental – Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira, numa homenagem ao professor recentemente falecido, entusiasta em meio ambiente.
A comunidade participou ativamente das demarches para a desapropriação da área onde foi construída a Escola Bosque - Avenida Nossa Senhora da Conceição esquina com a Rua Manoel Barata – Bairro de São João do Outeiro.
O projeto da Escola Bosque aprovado pela Câmara Municipal diferia das demais escolas do município. Era um centro de referência de alto nível, Tanto que os professores selecionados possuíam pós-graduação, e ganhavam um pouco mais do que os seus colegas da rede municipal de ensino; e os alunos selecionados passavam o dia na escola em atividades escolares e extra-escolares voltados para o meio ambiente, com direito a almoço O sucesso foi tanto que houve necessidade da criação de seis anexos na área do distrito do Outeiro, inclusive nas ilhas de Jutuba I e Jutuba II, em frente ao Cotijuba.
Rita explicou que tudo foi pensado. As salas de aula da Escola Bosque no formato octogonal – com oito lados – foram concebidas de modo a não cansar o aluno, assim como, despertar-lhe a criatividade. O auditório foi construído de forma triangular não para somente servir de palco de encontros e eventos. como também para a apresentação de peças teatrais e até mesmo óperas. Nada foi esquecido, inclusive a acústica.
A Escola Bosque tornou-se famosa como centro de referência em educação ambiental e ganhou prêmios e menções honrosas fora do Brasil, na Argentina, Chile Equador, Guatemala e no México.
Futuro - A administração Duciomar Costa juntamente com a professora Terezinha Gueiros pretendem restaurar totalmente a Escola Bosque. Tudo será feito de forma que ela que retorne às finalidades iniciais de referência em Educação Ambiental, com menos alunos e um corpo docente de alto nível entre professores, engenheiros florestais e técnicos em turismo.
Alem disso, segundo Rita Nery, a Prefeitura de Belém tem planos ousados para a Escola Bosque. “Ela vai ressurgir das cinzas”. Será transformada no Centro e Desenvolvimento Insular, não apenas como referencial de Educação Ambiental como também de centro de irradiação de turismo com a participação total da Comunidade. Como se não fosse bastante, dentro da expansão da Escola Bosque, a atual administração pretende recuperar totalmente as ruínas do antigo Educandário Nogueira de Faria (Cotijuba) e transformá-lo num centro de cultura e lazer. O local será a Central de Desenvolvimento das ilhas, um projeto a ser desenvolvido pela atual administração municipal num futuro próximo.
E isso não vai demorar garantiu a educadora.
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PS - Esse material foi publicado no dia 23 de março passado. Como estão falando mal do Outeiro, resolvi republicá-lo. Desta feita para o mundo. AF