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10/31/2017

CRÔNÍCA DE SAMPA


Anos 50

Como já disse anteriormente eu nasci em Sampa em um domingo de maio de 1951. O parto foi feito em uma casa térrea na R. Isaura Freire, no bairro de São Judas. Moramos nesta casa até 1956 quando meu pai construiu um sobradinho no bairro de Indianópolis, hoje Planalto Paulista. onde moramos até 1970.
Eu lembro de pouca coisa dos anos 50, só sei que não tínhamos televisão e assistíamos quase todas as tarde e início da noite na casa dos pais da Sônia, portanto era televizinho.
Os meus amigos de infância eram a Cristina que morava em frente de casa, a Sônia que tinha a televisão, Clóvis e Sérgio Japonês. Tinha também o Eduardo o irmão da Meire, este era mais amigo da minha mãe, ia sempre em casa contar as novidades. Foi o primeiro a dar notícia da morte do Presidente Getúlio Vargas em 54 e da Carmem Miranda em 55. 
A gente ia todos os domingos na Missa da Igreja de São Judas, inclusive onde fui batizado, ganhava um cartãozinho que dava direito de assistir um filme a tarde no salão da igreja.
Não tinha padaria perto, íamos sempre na Venda do “Seu Juca”, pai do Hélio, que por coincidência do destino trabalhei com ele na Escala de vôos da Varig na década de 70. A venda  tinha de tudo, hoje seria como um mercadinho. Gostava de ir comprar doces e balas; mas nunca esqueço que ganhei um patinete no Natal. Fui todo orgulhoso, estacionei o meu veículo em frente à venda, quando voltei o tinham roubado, não achei até hoje.
Meu pai ainda morava conosco nessa década. Saiu de casa em 61, e constituiu uma outra família. Ele trabalhava como Radio Telegrafista de Vôo na Real Aerovias,, cujo nome de guerra, ROV Tesouro. Íamos quase todos os anos passar férias em Belém do Para, sua cidade natal. Também íamos para Santos e ficávamos hospedados na Pensão da Dona Augusta, depois Hotel Nossa Senhora de Fátima na praia do Gonzaga. 
Eu era o caçulinha, o único que nasceu em Sampa; meus dois irmãos mais velhos, nasceram em Belém, sendo a menina 4 e o menino cinco anos mais velhos.
Nós éramos uma família classe média.Éramos felizes, pelo menos enquanto meu pai ainda estava em casa. Fazíamos “picnics “ no Parque do Estado - hoje Jardim Botânico, Eldorado em Diadema -, freqüentávamos casas de  amigos; vivíamos em perfeita harmonia familiar.
Parentes mesmos, só tínhamos o Tio Antônio que veio de Belém junto com os meus pais, e outros que vieram mais no fim dos anos cinqüenta.
Quase todos trabalharam na aviação, que o meu pai indicava. 
Já no fim da década comecei a gostar de futebol; principalmente depois de 58, quando fomos campeões do mundo, e passei a torcer para o tricolor paulista, em 57, quando fomos campeões paulista; e comecei também a jogar futebol com os meninos do bairro. Primeiro como goleiro, e depois como centro avante. 
Nessa  mesma época conheci Elvis, Paul Anka, Neil Sedaka, Cely Campelo e passei a gostar de Rock também. Por influência dos meus pais e do meu irmão mais velho, gostava também de música brasileira, - principalmente dos melhores cantores do Brasil, Nelson Gonçalves e Ângela Maria.
Lembro com saudades desses anos dourados, da minha infância querida, da minha primeira professora Meire, na Escola Agrupada de Vila Helena as margens do Córrego da Traição. 
                           
Bons tempos!


Família Uchôa


Família Uchôa 1

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Ricardo Uchôa Rodrigues     


10/30/2017

MEMÓRIA


Sobre o Coletivo Cultural Idéias Aí.




Oi pessoal: sou Telma Saraiva, Coordenadora do Coletivo Cultural Idéias Aí. Vou apresentar O Coletivo (CCIAI). Este Coletivo nasceu com a missão de trabalharmos pela defesa de nosso patrimônio Cultural material e imaterial.
No ano de 2013 nasce o Movimento Grita Icoaraci na defesa do Chalé Tavares Cardoso; composto por artistas, professores, produtores culturais e todos que se importam com a cultura de Icoaraci, e em 2014, o movimento vai aos poucos se transformando em um Coletivo, o Coletivo Cultural Idéias Aí (CCIAI), dando continuidade as ações relativas ao Chalé Tavares Cardoso/biblioteca, para que o mesmo fosse restaurado.
Entre as muitas ações realizamos: Ações de sensibilização do povo em frente ao Chalé, como Saraus e Cortejos, mídia televisiva, audiências públicas na CMB, documentos para o Ministério Público Federal (MPF), abaixo assinado on-line e presencial, Ofícios para SEURB e reuniões com o secretário, moções em reuniões do Ministério da Cultura por meio do Conselho Nacional de Patrimônio Material (CNPM), Seminário sobre o Patrimônio Material de Icoaraci com apoio da UFPA, ASAPAM, IPHAN e Fórum Landi em Icoaraci. Com toda esta gama de mobilizações e apoio de outros movimentos conseguimos que o acervo da biblioteca ficasse em Icoaraci, a drenagem do canal fosse feita e por fim o restauro.
A luta pelo Chalé ainda está em caminhada, pois pedimos há um mês, reunião por meio de ofício com o secretário da SUERB solicitando esclarecimento sobre os usos do Chalé e, também, saber se vamos ter de volta o Museu de Arte Popular que funcionava no mesmo. Além disso, queremos saber ser ele ainda será um espaço multicultural,
No mesmo ofício pedimos esclarecimentos sobre o restauro da Estação.
O Coletivo mantém reuniões e ações periódicas-temos um bloco chamado: ME TOMBA que este ano saiu pela segunda vez em Icoaraci. Com músicas autorais de nossos membros músicos que falam sobre Icoaraci e seu patrimônios.
O MOVIMENTO EM DEFESA DA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE ICOARACI nasceu do incomodo da sociedade Icoaraciense em ver o desrespeito com que nossos bens culturais patrimoniais vêm sendo tratado pelos poderes públicos. Icoaraci é um distrito hoje com cerca de 300.000 habitantes e que já foi conhecido como um lugar de grandes artistas, de grandes artesãos, um lugar que transbordava cultura por todos os lados.
Hoje Icoaraci grita por socorro porque precisa de mais apoio, mais incentivo, precisa de equipamentos culturais. A antiga estação ferroviária, bem como o Chalé Tavares Cardoso, não podem ficar reféns de instituições governamentais. Nós povo temos que influenciar nas decisões daquilo que nos pertence. Precisamos dizer os usos que queremos para nossos prédios públicos.
O Chalé é nosso!
A estação é nossa!
Não queremos apenas o restauro da ESTAÇÃO, Queremos também que ele atenda as expectativas da sociedade. Que seja transformado em Espaço Multicultural para nossos artistas em Icoaraci. Nossa juventude precisa de mais cultura, nossa juventude precisa de espaços alternativos de lazer. Por isso convidamos a todas as pessoas que se importam com esta causa a que venham lutar conosco pelo que já é nosso. E VIVA ICOARACI! RESTAURO COSCIENTE JÁ! Consciente
Ainda bem que podemos ao longo da vida, encontrar muitas pessoas dispostas a lutar pelo bem comum. O Movimento em defesa da estação/Coarti é um exemplo disso. Muitas pessoas envolvidas numa causa comum. O restauro da estação/Coarti de Icoaraci representa para nós, mais dignidade para o povo por meio da cultura.
Imagine termos um espaço multicultural com salas para cinema, teatro, galeria, espaço para capoeira, hip-hop, grafitagem e o que mais a imaginação mandar. Pois é isso que nós do Movimento queremos. Você quer também? Então se junte a nós!
Sobre a Estação: RESISTÊNCIA E OCUPAÇÃO
Os processos de luta pela estação não são novos e nem mérito de uma pessoa. Na verdade se considerarmos os processos de ocupação resistência, já ao final da década de 1960, os feirantes da farinha foram os primeiros a fazer a ocupação do prédio, por conta da reforma que sofreu o mercado municipal e muitos deles foram remanejados para a estação, ficando muitos lá mesmo depois de terminado o processo de reforma.
Eles só foram realocados quando o prédio foi nos anos de 1970 dado em concessão para os artesãos, que foram os segundos a fazerem um processo de “ocupação” e “preservação” do espaço conseguindo ainda o feito de fazer parte da história do próprio prédio.
Outro movimento dos anos de 1990 muito importante, do qual fiz parte também junto com PP e Faeli que estão neste grupo, foi o Movimento da Vanguarda da Cultura de Icoaraci (MOVA-CI) coordenado a época por Auda Piani, que fizeram várias ações de arte e cultura neste espaço e outros de Icoaraci, ocupando também durante um período.
Agora o CCIAI retoma como parte de sua agenda de defesa do Patrimônio Cultural Material de Icoaraci, junto a outros movimento e entidades, como a Casa do Artista e o Projeto Sacolagem a defesa da Estação, tendo feito a primeira ação no dia 12/10 o qual impulsionou e muito a visibilidade desta tão importante luta.
O que nós do Coletivo queremos é que todos que se importam e tenham interesse por e pela história de Icoaraci e que a mesma seja preservada e, também, que tenhamos mais equipamentos culturais. Venham e se juntem a essa luta que pertence a todos nós.
Nossa proposta é que o grupo se chame MOVIMENTO EM DEFESA DA ESTAÇÃO. Para que todos possam assinar toda e qualquer documentação que seja gerada pelo movimento e não apenas uma pessoa ou coletivo. Não esqueçamos que estamos todos do mesmo lado e querendo a mesma coisa. Respeito pelo que pertence a uma coletividade, a uma sociedade. E que os usos do espaço pós restauro sejam definidos por toda uma sociedade consciente de suas necessidades. Afinal é nossa memória e identidade coletiva que está em jogo.
Este documento é apenas um resumo da parte do Dossiê que estamos preparando juntos com a Casa do Artista para a sociedade.


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FOLCLÓRE


Balé Folclórico da Amazônia celebra 27 anos


O grupo Balé Folclórico da Amazônia comemora 27 anos de história representando as tradições amazônicas com apresentação especial de canto, música e dança de projeção folclórica, nesta quarta-feira (1º de novembro), às 20h, no Teatro Margarida Schivasappa, do Centur, dentro do Edital Pauta Livre, da Fundação Cultural do Pará (FCP). Os ingressos custam R$ 10,00 e estarão disponíveis na bilheteria do teatro.
Fundado em setembro de 1990, o “Balé Folclórico da Amazônia”  - em Icoaraci -,tem como fonte de inspiração de seus espetáculos as manifestações do folclore e cultura popular da Amazônia brasileira. São danças tradicionais e estudos coreográficos com rituais, lendas, mitos, manifestações do sagrado e profano, mostrados em um espetáculo de variados ritmos, profusão de cores, riqueza e variedade de figurinos e adereços.
Contemplado no Programa Seiva de incentivo à arte e à cultura da FCP, o espetáculo comemorativo aos 27 anos do Balé Folclórico da Amazônia é composto de parte do repertório tradicional do grupo construído ao longo de sua existência e de releituras inéditas de manifestações tradicionais da cultura espontânea amazônica.
Segundo o diretor artístico – e fundador -, Eduardo Vieira, o grupo selecionou especialmente para o show, o que produziu de melhor durante os 27 anos de história. “Esse show representa todo um esforço do grupo durante esses 27 anos. Fazer cultura popular hoje em dia não é fácil, mas somos motivados por uma enorme vontade e uma enorme paixão. Fomos agraciados com a premiação do edital Seiva e estamos muito felizes com isso”, comenta.
Eduardo Vieira acrescenta que o show é importante para os integrantes do grupo, por ser uma oportunidade de mostrarem a sua paixão dentro de um espaço que consideram adequado para a produção do Balé Folclórico da Amazônia. “O Margarida Schivasappa é um teatro todo equipado. Ele dá todo um suporte para que nós possamos mostrar de forma bonita e bem feita o que nós temos de melhor. Manter essa tradição de cultivarmos e de fazer sempre bem feito aquilo que a gente está se propondo é importante para nós”, pontua.
O espetáculo contará com a participação de atores que interpretarão textos de autores regionais que fazem referência às manifestações apresentadas. “O público pode esperar um show muito bonito, com muita cor, muito ritmo, muita energia, muita animação e a participação de alguns artistas da nossa terra que consideramos importantes, com canções das quais nós nos inspiramos para produzir as nossas coreografias”, comemora o produtor artístico Eduardo Vieira.
O grupo, ao longo de sua trajetória, já realizou 11 turnês internacionais participando como representante do Brasil em mais de 100 festivais realizados na Europa e Américas e cerca de 20 em todas as regiões do Brasil, obtendo inúmeras premiações internacionais, orgulhando-se de contribuir com o desenvolvimento da dança de projeção folclórica dando a esta respeitabilidade e admiração.
Serviço:
27 anos do Balé Folclórico da Amazônia
Dia 1º de novembro (quarta-feira), às 20h
Teatro Margarida Schivasappa do Centur
Ingressos: R$ 10,00 na bilheteria


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Andreza Gomes

*Colaboração: Moizes Corrêa

Agência Pará

10/27/2017

DIA DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO





Em 1808, com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, formou-se o embrião daquilo que seria a máquina administrativa estatal.
No dia 28 de outubro comemora-se o Dia do Funcionário Público. A data foi pre-instituída no governo do presidente Getúlio Vargas, através da criação do Conselho Federal do Serviço Público Civil, em 1937.

Em 1943, o mesmo presidente Getúlio Vargas institui o 28 de outubro como o Dia do Funcionário Público, através do Decreto-Lei Nº 5.936. Era o reconhecimento, por parte de Vargas, da importância do serviço público para o desenvolvimento e consolidação da Nação brasileira.
Essa é uma data abrangente. Ela contempla milhões de brasileiros, servidores públicos, cujo mister é bem servir ao Estado ou ao Município. É, também, uma ocasião muitíssimo importante, pois, de uma forma ou de outra, diz respeito a toda a sociedade nacional, beneficiária do produto do trabalho dedicado de todos os funcionários públicos.
Ressalte-se que, naquele tempo, em que nossa República ainda engatinhava – e o serviço público não era sombra do que é hoje -, os funcionários públicos já eram valorizados e reconhecidos. Vargas, além de renomado estadista, era também visionário: sabia que a construção de uma grande Nação dependia da existência de um grande serviço público!
Tempos grandiosos aqueles, em que o funcionário público era respeitado e valorizado. Tempos difíceis estes, em que o funcionário público tem motivos de sobra para queixas. O dia 28 de outubro era até a bem pouco tempo, data de comemoração e regozijo. Hoje, é dia de luta e reivindicação. E, ate mesmo, de lamentações.
Duzentos anos de funcionalismo público. O Brasil se tornou independente, virou império, república. E lá estavam os servidores. Governos e governantes vieram e passaram, e os funcionários permaneceram. Tanto na ditadura quanto na democracia, a imensa máquina pública brasileira jamais deixou de funcionar.
Nos últimos anos, os funcionários públicos, notadamente os que servem a Prefeitura Municipal de Belém vêm perdendo direitos historicamente conquistados, direitos que passaram, de uma hora para outra, a serem considerados “privilégios injustificados”. Os servidores foram vítimas de uma campanha midiática tão forte, e sórdida, que se viram transformados em vilões, em parasitas, em sanguessugas do Erário!
Os direitos dos funcionários públicos não são privilégios! É uma simples compensação por uma vida de sacrifício e dedicação, por uma atividade de abnegação e serviço em prol de todo o povo brasileiro - em especial ao povo de Belém -, em troca de um salário sempre módico, incapaz de assegurar um patrimônio mínimo o suficiente para garantir uma velhice confortável.
Ate mesmo a aposentadoria foi atingida. O servidor de Belém dedica 35 anos de sua vida ao Município; ao se aposentar, os seus direitos conquistados ao longo de sete lustros são tolhidos e sua renda mensal é pífia e imoral.
À perda de direitos históricos somam-se os baixos salários pagos pelo Poder Público Municipal, sempre generoso com as cobranças, porém mesquinho com a remuneração. É notável a queda da renda dos funcionários públicos nos últimos 20 anos. Convicções políticas à parte, nem o Governo passado nem o atual foram capazes de desenvolver uma política de recursos humanos apta a promover uma efetiva valorização do servidor.
A história mostra que são esses funcionários, na verdade, os grandes responsáveis pela manutenção e organização dos serviços prestados pelo poder público, em qualquer nível.
No nosso caso, o Sindicato dos Funcionários Públicos do Município de Belém - SISBEL, há 26 anos luta para que a Prefeitura devolva para o seu servidor alguns direitos que lhe são devidos e concedidos por medidas do Governo Federal (Perdas). A Entidade ganhou todas as ações impetradas e em todas as instâncias... até agora nada foi pago. A PMB e seu titular sempre apresentam desculpas ou ingressam com recursos ou ainda agravam procrastinando os pagamentos devidos.
Abstraindo esses fatos desagradáveis, o Dia do Funcionário Público, que se comemora hije, sábado, 28 de outubro, é uma data abrangente e importante, pois contempla milhões de brasileiros, servidores públicos, cujo alvo maior é bem servir ao Estado, ao Município.
É, também, uma ocasião muitíssimo importante, pois, de uma forma ou de outra, contempla milhões de brasileiros, nas diversas esferas de poder, que contribuem e servem ao Estado, ao Município e, em especial, à sociedade, nas mais diferentes áreas de trabalho.
O serviço público é de suma importância para o desenvolvimento e consolidação de nossa Nação, do nosso Estado e do nosso Município de Belém.
Por isso, hoje queremos demonstrar nosso reconhecimento e a nossa gratidão a você que trabalha com muita dedicação prestando serviço à população, que seja nas ruas, nas escolas, nas creches, nos hospitais ou nas diferentes repartições públicas municipais. E todos nós sabemos que esses serviços são de extrema importância para a comunidade.
Na realidade, não há nada para comemorar neste dia; no entanto, queremos também - como o único e legítimo representante da categoria - levar a todos os nossos colegas, funcionários públicos municipais de Belém, o nosso grande abraço e a certeza de estaremos sempre juntos na defesa dos seus interesses, ontem, hoje, amanhã e sempre.

Servidor Municipal de Belém, Parabéns pelo seu dia!
 
 
Emílio Conceição Silva
 
Presidente do SISBEL
 
 

10/14/2017

CRÔNICA DE SAMPA



PROGRAMA DE RÁDIO

 

O

 meu amigo de infância há quase 60 anos, Gilberto Giba da Silva,  foi convidado para participar do programa "A Hora da Cidadania" na Rádio Trianon - AM 740, aqui de Sampa.

 O convite partiu do apresentador do programa Ed Valadão, que leu um belo texto que o Giba postou na página da Confraria dos Boleiros no Facebook, denominado " A BOLA. DEMOCRÁTICA E FATOR DE INCLUSÃO SOCIAL"

O apresentador pediu para o Giba levar pelo menos mais dois convidados para falar sobre Futebol de Várzea e da nossa Confraria. Ele escolheu a minha pessoa e do nosso outro amigo de infância Jorginho Melo para participarmos do programa.

Eu já tinha participado de um programa de televisão quando criança, dei recentemente uma entrevista para uma rádio da internet, mas por telefone. Agora entrar em um estúdio de rádio e falar ao vivo para milhares de ouvintes, foi a minha primeira vez!

Pensa em velho emocionado e feliz por essa oportunidade!

O papo foi descontraído, falamos sobre a nossa paixão desde garotinho e, modéstia parte, acho que demos conta do recado. 

Vou tomar a liberdade e publicar abaixo o texto do amigo Giba; e se algum leitor deste espaço, quiser dar alguma opinião, por favor sinta-se à vontade. 

 Abraços a todos e que a padroeira do Brasil Nossa Senhora Aparecida nos protege e nos guarde.

Amem.

 A BOLA. DEMOCRATICA E FATOR DE INCLUSÃO SOCIAL!!!

É bola na mão, é mão na bola, é bola no chão, é bola ao ar, é bola na trave, é bola na rede,é bola pra fora, é bola pro mato, que o jogo é de campeonato...

ELA provoca muita polêmica e emoção, e às vezes a perda da razão; entretanto nesse momento turbulência mundial, quero apresenta-la por um prisma mais de afirmação e inclusão social :

Na minha infância, com a construção do Aeroporto de Congonhas, o bairro do Planalto Paulista, teve um crescimento rápido e fantástico. 

Acho que os primeiros moradores foram Os Melos, os Salgueiros, Os Resendes. Os Carreiras, isso antes do projeto do aeroporto!!!

A minha família chegou no final de 1946. oriunda da Vila Nova Conceição.

Para a construção do aeroporto vieram muitos nordestinos, principalmente de Pernambuco e Bahia que se estabeleceram às margens do Córrego da Traição.

Com a construção do Aeroporto, o Planalto Paulista foi se valorizando e passando por uma forte especulação imobiliária, misturando-se as classes A,B e C.

Aí é que entra ela.

A BOLA era o único brinquedo democrático e socializante. Quando um garoto ganhava no NATAL ou ANIVERSÁRIO uma bicicleta, era só dele; um carrinho, era só dele; uma mesa de tênis, era dele dos irmãos, primos, ou amigos mais próximos. Agora quando ganhava uma BOLA...Era aquela alegria!!!

Atrás da GORDUCHINHA corriam muitos: Pobres, ricos e paupérrimos, negros, brancos e amarelos. 

Todos se uniam para construção do terreno onde ELA iria rolar. 

Eram enxadas plainando o chão, arrancando tocos, escavadeiras abrindo buracos e fincando as traves com forquilha para segurar o travessão com arames, que às vezes quando aparecia um jogador que batia forte derrubava o travessão na cabeça do goleiro.

Eu me lembro de uma família milionária, família Willo, que acabou dando o nome a rua onde eu morava, Alberto Willo. O filho mais novo o Ivo (goleiro) também participava. Pegava " emprestada" as ferramentas do seu jardineiro, juntava com as ferramentas do Seu Jessol, meu pai, do Nenê, do Zézinho e da Marli. .

O Ivo também participava da labuta, numa verdadeira, repito inclusão social!!!! 

Até nos dias de hoje ELA tem essa função promover a convivência entre os diferentes. Insisto na afirmação, por achar importante porque só ELA consegue colocar no mesmo time, ou em times adversários, sem subserviência: Negros, brancos e amarelos; católicos, evangélicos e espiritualistas; craques e esforçados; até policiais e meliantes, provocando uma verdadeira terapia em grupo !!!

SALVE ELA, A BOLA!!!


 Eu, sendo  entrevistado
 
 

O Giba, o resto da thurma, além do Walmir - de paletó - que foí convidado pelo apresentador do programa
 
 
Giba dando o seu recado
 

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Ricardo Uchôa Rodrigues     
 
 

10/12/2017

SÈRGIO COUTO



Mensagem do "Dia das Crianças"


Aos avós, aos pais que poderão ser e aos que por qualquer motivo, não puderam contemplar essa sensação mas a reconhecem em suas vidas.
"CARTA DE UM AVÔ AO SEU NETO

"Aos netos.

Pelo que você já me disse com o seu sotaque de anjo, percebo que você me considera uma criança grandona e desajeitada, e me acha, mesmo assim, seu melhor companheiro de brinquedos.

Pena que tenhamos tão pouco tempo para brincar, tão pouco porque só sei brincar de passado, e você só sabe brincar de futuro. E ainda estarei brincando de recordação quando você começar a brincar de esperança.

Mas antes que termine o nosso recreio juntos, antes que eu me torne apenas um retrato na parede, uma referência do meu genro ou nora, ou quem sabe até uma lágrima de meus filhos, quero lhe dizer meu neto, que vale a pena.

Vale a pena crescer e estudar. Vale a pena conhecer pessoas, ter namoradas, sofrer ingratidões, chorar algumas decepções, e a despeito de tudo isso, ir renovando todos os dias a sua fé e a bondade essencial da criatura humana e o seu deslumbramento diante da vida.

Vale a pena verificar que não há trabalho que não traga sua recompensa; que não há livro que não traga ensinamentos; que os amigos têm mais para dar que os inimigos para tirar; que se formos bons observadores, aprenderemos tanto com a obra do sábio quanto com a vida do ignorante.

Vale a pena casar e ter filhos. Filhos, que nos escravizaram com o seu amor.

Vale a pena viver nesses assombrosos tempos modernos, em que milagres acontecem ao virar de um botão; em que se pode telefonar da Terra para a Lua; lançar sondas espaciais, máquinas pensantes à fronteira de outros mundos e descobrir na humildade, que toda essa maravilha tecnológica não consegue, entretanto, atrasar ou adiantar um segundo sequer a chegada da primavera.

Vale a pena, mesmo quando você descobrir que tudo isso que estou tentando ensinar é de pouca valia, porque a teoria não substitui a prática, e cada um tem que aprender por si mesmo que o fogo queima, que o vinagre é azedo, que o espinho fere e que o pessimismo não resolve rigorosamente nada.

Vale a pena, até mesmo, envelhecer como eu e ter neto, que me devolveu a infância.

Vale a pena, ainda que sua lembrança de mim se torne vaga. Mas, quando os outros disserem coisas boas de seus avós, quero que você diga de mim, simplesmente isso:

“Meu avô foi aquele que me disse que valia a pena. E não é que ele tinha razão?!”

10/06/2017

PARABÉNS, ICOARACI





I
 
coaraci – a conhecida “Vila Sorriso” - completa no domingo
dia, 8 de outubro, 148 anos. No entanto, nem todo mundo sabe de onde se originou esse simpático slogan.
 
A expressão “Vila Sorriso”, criada por mim, surgiu em 1969. 
E tem uma história.
O médico e ex-deputado federal Stélio de Mendonça Maroja foi indicado para a Prefeitura de Belém, em 1967.  Tão logo tomou posse do cargo sua primeira atitude foi manter contato com as lideranças dos bairros e distritos para conhecer de perto os problemas dessas comunidades.
Stélio veio a Icoaraci para um encontro nos primeiros dias de novembro de 1967 “com as pessoas de prestígio” e representantes do comércio e indústria de Icoaraci. O encontro ocorreu numa noite de sexta-feira na residencial oficial do agente distrital, na Rua Dr. Manoel Barata, onde hoje funciona uma unidade da Funpapa.
Foi um jantar co-patrocinado pela Agência Distrital e empresários. Stélio muito prático ouviu um por um dos convidados, dentre os quais, Evandro Cunha (falecido há cinco anos), Orlando Cunha, Alfredo Coimbra (falecido no ano passado), Rodolfo Tourinho (falecido), Bento Castro (falecido), Ivo Araújo, falecido, que à época era gerente da Óleos do Pará S.A (Olpasa) que fabricava os óleos Dora (de leite de coco babaçu) e Doramim (à base de óleo de amendoim), Holdernan Rodrigues (falecido), Salustiano Vilhena Filho, o “Chefe Salu” (falecido), e eu, que à época assinava uma página dominical na Folha do Norte, -, ou seja, o jornal de maior circulação em todo o Estado, norte/nordeste, com uma tiragem comprovada de 30 mil exemplares/dia e 60/70 aos domingos.
Stélio disse que precisava do apoio de todos para que fizesse uma boa administração, e já estava pensando num nome para a administração icoaraciense.
Em seguida solicitou à equipe sugestões e um programa de trabalho para Icoaraci, cuja jurisdição ia da corrente da Base Aérea - que não mais existe - até quase ao Bengui, Tapanã e São Clemente, áreas conhecidas, além de Cotijuba, ilhas próximas - 29 ao todo - e Outeiro, que tinha um coordenador indicado pelo agente distrital e nomeado pelo prefeito.
Novo encontro - Vinte dias após, Stélio Maroja mandou um recado por um Oficial do Gabinete do Prefeito, propondo um novo encontro com todo mundo que compareceu ao jantar.
A reunião ocorreu na sede do Pinheirense Sport Clube. Na ocasião Stélio anunciou o novo “subprefeito” de Icoaraci: o engenheiro rodoviário Evandro Simões Bonna, ex-diretor do Departamento Municipal de Estradas de Rodagens (atual Sesan), falecido há dois
Bonna fez o mesmo jogo do prefeito.
Empossado em meio a uma grande festa, reuniu-se com todas as lideranças para uma “conversa informal” e traçar um planejamento de trabalho, na residência oficial, na Rua Manoel Barata (2ª Rua).Para encurtar a história, desse planejamento surgiram vários frutos.
Em abril foi inaugurado o serviço de travessia em balsas para o Outeiro (que antes era feito por barquinhos) com a construção de uma rampa na Rua 2 de dezembro; escola primária no bairro de Itaiteua/Outeiro (Monsenhor Azevedo), uma igrejinha bem em frente.
Bonna também negociou com o Pinheirense a aquisição pela Municipalidade de uma área na Rua Manoel Barata e deu início à construção do prédio da Agência Distrital, que foi concluída na administração do major/aviador Rolando Chalu Pacheco, sendo prefeito Nélio Dacier Lobato.
Em maio surgiram rumores de que no ano seguinte – 1969 -, no dia 8 de outubro, Icoaraci completaria 100 anos de existência. Evandro Bonna mandou apurar direitinho a história.
Confirmada. Instituiu a Comissão Coordenadora do Iº Centenário de Icoaraci, que foi tornada oficial por ato do prefeito Stélio Maroja.
Os seus componentes eram as mesmas pessoas que acompanharam Stélio desde o início: Evandro Cunha, Orlando Cunha, Alfredo Coimbra, Rodolfo Tourinho, Bento Castro, Ivo Araújo, Holdernan Rodrigues, Hélio Amanajás (falecido), Salustiano Vilhena Filho, “Chefe Salu”, e eu, Aldemyr Feio, sob a presidência de Evandro Bonna.
A comissão começou a funcionar a partir de 17 de outubro de 1968 e se reunia todas as quartas-feiras, à noite, na residência oficial.
 A partir daquele momento foi estabelecido um cronograma de eventos e inaugurações  alusivos ao Iº Centenário, que deveriam acontecer em todo o decorrer de 1069.
Hino - No início de dezembro, a comissão foi procurada pelo empresário – era proprietário da Empresa de Águas Nossa Senhora Nazaré, em Maracauera, atual Indaiá – e compositor Francisco Pires Cavalcante. oficial de marinha reformado, músico (tocava requinta, uma espécie de flauta, nas bandas de música das unidades onde serviu), natural de São José das Piranhas, sertão da Paraíba - mas apaixonado pela “Cidade das Mangueiras” havia muitos  anos -, e que embora morasse em Belém, possuía uma bela residência na Travessa Souza Franco, próximo da Rua Siqueira Mendes, 1ª rua de Icoaraci, onde existe uma vila.
Pires apresentou a todos uma partitura com a letra de um hino que havia criado para o Iº Centenário de Icoaraci. Ele cantou dedilhando um violão. Os membros da comissão acharam interessante e pediram-no que retornasse em janeiro com o hino gravado com letra e música, etc.
Ele assim o fez. Trouxe o hino gravado em cassete
Todos aprovaram.
Pires Cavalcante- atualmente com 89 anos - disse que não queria nada em troca. Apenas que a sua criação se tornasse o Hino Oficial do Iº Centenário, além de uma ajuda da Prefeitura para a produção do disco. As demais despesas, editoria, intérprete, pagamentos de direitos de execução, etc, ficariam por sua conta. Era o seu presente para Icoaraci.
A Prefeitura de Belém bancou parte da produção. Eu, juntamente com Ivo Araújo, fomos designados para acompanhar as diversas fases de produção.
As gravadoras do Rio e São Paulo, além de botarem dificuldades na gravação e prensagem do compacto simples (era o chique da época) cobraram muito caro. Pires Cavalcante descobriu uma gravadora de jingles em Belo Horizonte (a Bemol) que, mesmo com o equipamento inferior ao das grandes gravadoras, se ofereceu para produzir o disco.
Todas as atenções voltaram-se para Belo Horizonte e, em 40 dias, exatamente no dia 15 de março, saiu o disquinho com duas musicas: De um lado, o Hino de Icoaraci; e do outro,Vila Modesta – um sambossa que enaltece Icoaraci - do próprio Pires Cavalcante e de Clodomir Colino , radialista famoso na época, já falecido. Foram prensadas 2000 copias. Mil por conta da Prefeitura. As outras mil por conta do Pires. O cantor Luiz Olavo (falecido há 10 anos) foi o intérprete do hino. 
Repercussão - Pires Cavalcante, sempre modesto, não quis festa de lançamento; todavia, o seu pedido não foi atendido. O lançamento oficial ocorreu em meio a um coquetel na sede do Pinheirense, com a presença do Conjunto de Guilherme Coutinho (falecido).
O disquinho foi distribuído imediatamente às emissoras de rádio; contudo, a primeira audição deu-se no Programa José Travassos (falecido) na então Rádio Jornal Liberal, que ia ao ar de nove ao meio dia, e era campeão do Ibope.
Nas festas de junho e nas férias de julho de 1969 o disquinho fez o maior sucesso tocando em todas as festas, tanto em Icoaraci, como no Outeiro,.
Fama - De tanto rodar nas rádios o hino de Icoaraci ficou famoso. Rodou até n’A Voz da América, graças ao empenho de Roberto Rodrigues – jornalista, já falecido, e então correspondente daquela emissora americana, durante o programa "Tributo a Icoaraci", produzido pelo próprio RR e apresentado pelo locutor Pedro Américo. O programa foi ao ar pelas ondas curtas d´A Voz da América, (25 metros) no dia 04 de julho de 1969, ás 22 horas.
Na minha pagina, deixei de usar o termo “Vila Famosa”, como Icoaraci era conhecida, e mudei para Vila Sorriso. A explicação é simples. Na segunda estrofe do Hino do Iº Centenário, Pires Cavalcante diz: “...a vida passa, passa e ninguém se embaraça, a gente é feliz todo dia sem olhar no calendário. A nossa vila sem feitiço, sem mandinga, tem uma rainha que ginga festejando o Centenário”.
Ora, diante disso (fiz uma reportagem a respeito. Infelizmente não disponho mais, nem dos originais e nem do exemplar da Folha que a publicou) continuei a usar o Vila Sorriso. No início houve muita reclamação, mas depois o povo aceitou.
Nos programas de rádio os animadores (àquela época não estava em moda, ainda, a expressão comunicadores) referiam-se a Icoaraci como Vila Sorriso, inclusive o José Travassos e o (Manoel) Kzan Lourenço, falecido no início de 2003, criador da primeira
rede sonora de Icoaraci, a Top Som Propaganda, atual Tropical Propaganda – da Radio Marajoara - os maiores divulgadores das coisas icoaracienses.
Falta dizer que no encerramento dos festejos do Iº Centenário de Icoaraci – no dia 28 de dezembro de 1969 -, todos os membros da Comissão Coordenadora foram condecorados pelo prefeito Stélio Maroja com a Medalha dos 350 anos de Belém.
Consolo - Tem muita coisa para falar sobre as alegrias que me deu o Vila Sorriso. A senhora Mízar Bonna, num dos seus livros se reporta sobre o assunto atribuindo-me a criação do Vila Sorriso.  O jovem escrito José Raymundo de Oliveira Guimarães Junior (Junior Guimarães), morto tão precocemente há nove anos, confirma o fato em seu livro Icoaraci – Monografia de um Mega Distrito.
Detalhe - Junior ao referir-se a mim atribui um título: Icoaracílogo
Dois anos após as festas do Iº Centenário, mudei-me para o Rio de Janeiro, onde passei 15 anos. No retorno observei que o Vila Sorriso já era expressão popular. Virou símbolo de Icoaraci; nome de edifício, de conjunto habitacional, de bloco, de escola de samba, de escola primaria, de bar e até de motel!
Há cinco anos passados virou nome de emissora de rádio comunitária.
Deveria tê-lo registrado.
Como não o fiz, está difícil reivindicar os direitos autorais.
O meu consolo é que Vila Sorriso é o codinome da terra onde a gente é feliz todo o dia sem olhar no calendário, a grande aniversariante do mês.
 

Portanto, Vila Sorriso não é apenas um simples apelido... é a configuração do meu (nosso) povo, Caro amigo Comendador Raymundo Mário Sobral.

Outra coisa, como percebe,  o aniversário de Icoaraci é 8 de outubro – antigo nome da Rua Padre Júlio Maria Lamberde. 3ª da nossa mini-cidade – e não na quarta-feira/4!
 
 
Parabéns a Icoaraci e ao seu povo alegre  e feliz.


 
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