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6/14/2011

FRANSSINETE FLORENZANO


Todos pelo Pará

Sou de Santarém - apontada como futura capital do estado do Tapajós -, favorável ao plebiscito, mas contra a divisão do Pará, que seria, no mínimo, precipitada. Apesar das décadas em que é apregoada essa ideia, até hoje não há um só estudo de viabilidade econômica que justifique o desmembramento territorial – o que deveria preceder qualquer iniciativa nesse sentido. O que é fato é a sede de poder dos que sonham em comandar as novas unidades a serem criadas. É inegável o interesse de políticos pelos muitos cargos que surgiriam, na instalação dos três Poderes e Tribunal de Contas, além das vagas na Câmara dos Deputados e no Senado.
Conheço o abandono a que foram e estão relegadas as regiões oeste e sudeste do Pará e o Marajó. A PA-254, por exemplo, que interliga todos os municípios da Calha Norte do rio Amazonas, jamais foi asfaltada, apesar das reiteradas promessas dos governantes de plantão. A falta de energia elétrica nunca permitiu que o comércio se fortalecesse e a indústria ao menos nascesse, assim como no Marajó, onde o IDH miserável reflete a ausência do Estado em ações de saúde pública, de educação e acesso à Justiça. Na área do pretenso estado de Carajás, a violência recrudesce. As listas de marcados para morrer são anunciadas e a promessa cumprida, debaixo dos narizes oficiais. O trabalho infantil e a redução à condição análoga à escravidão são tristes recordes nacionais.
Mais justo, desejável e eficaz seria que todos os políticos se unissem de fato em prol do Pará, como prometeram em campanha e juraram sobre a Constituição. Que trabalhassem com afinco para garantir investimentos para suprir nossas enormes carências, que fossem em busca da captação de recursos externos, que cobrassem o cumprimento das leis, que se portassem com a dignidade que a representação popular exige.
Se ao invés de pleitear cargos e influência os políticos lutassem para que em todos os municípios funcionassem, por exemplo, a Defensoria Pública, o Ministério Público e a Magistratura estaduais; escolas em tempo integral e com ensino de boa qualidade; postos de saúde equipados com material e recursos humanos suficientes e hospital de urgência e emergência; rodovias em boas condições de tráfego, demarcação fundiária correta, assistência técnica e financiamento à produção, o Pará seria melhor. Seria rico não só em recursos naturais que deixam bolsões de prostituição, desabrigo, desemprego e impactos ambientais. Seria grande e uno em suas particularidades em meio à diversidade.


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* Advogada e Jornalista

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