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2/03/2007


HILÉIA
Amazônia se integra ao Mercosul pela Venezuela


Brasília – O Mercado Comum do Sul (Mercosul) foi criado, em 1991, praticamente entre Brasil e Argentina, os dois países mais industrializados da América do Sul. Ouvia-se falar em Mercosul praticamente de Brasília para baixo. A entrada da Venezuela no bloco muda esse enfoque. A Amazônia, hoje um sub-continente colonizado por São Paulo, sempre dependeu e foi explorado pelo Hemisfério Norte: antes, Lisboa e Londres; agora, os Estados Unidos – por exemplo, em 40 anos, o Amapá praticamente doou para os Estados Unidos uma jazida do melhor manganês do mundo. Digo assim, doou, porque a grana ficou no bolso de um ou dois cartolas.
De 1835 a 1840, o Grão Pará, que englobava o estado do Amapá, tentou sair do império do Brasil, então sediado no Rio de Janeiro, num movimento sangrento, a Cabanagem, que redundou na tentativa de escravos negros, índios e caboclos, os cabanos, escaparem da senzala - extinta por lei, mas uma realidade até hoje, 2007. Como na Revolução Francesa (1789), cabanos mataram inúmeros aristocratas, portugueses e brasileiros. A propósito, quando se fala em escravidão no país evoca-se apenas africanos. Os índios foram escravizados tanto quanto os africanos.
Há muito tempo, bem antes do Mercosul, comerciantes e prestadores de serviços do Pará e do Amapá mantêm intenso intercâmbio com a Guiana Francesa, o Suriname e a Guiana; Amazonas e Roraima, com a Venezuela; e o Acre, com a Bolívia.
Agora mesmo, a superintendente da Zona Franca de Manaus, Flávio Skrobot Grosso, e o embaixador da Venezuela no Brasil, Julio José Garcia Montoya, reuniram-se, dia 31 de janeiro, em Manaus, para articular maior integração comercial entre o Amazonas e a Venezuela, nas áreas comercial e turística.
Na Venezuela, eles têm algo semelhante à Suframa, a Cooperação Venezuelana de Guayana (CVG), com a finalidade de aproveitar, de forma racional e sustentável, os recursos hídricos e florestais, e minerais, como bauxita, ouro, diamante, metais existentes no sudeste venezuelano. A CVG atua em cinco estados e compreende mais de 50% do território venezuelano.
A Suframa já levou 34 empresários de Manaus para uma rodada de negócios na cidade de Puerto Ordaz. Nova rodada deverá ser feita em Manaus. A Venezuela poderá fornecer insumos, como alumínio, aço e poliestireno, e comprar produtos do Pólo Industrial de Manaus (PIM). Em 2006, a Venezuela importou US$ 285,4 milhões do PIM, mais do que o dobro do que importou em 2005 – US$ 138,6 milhões. Os venezuelanos compram de Manaus principalmente televisores, motocicletas e insumos para bebidas.
Júlio José Montoya acha importante a criação de uma rota aérea regular entre Manaus e a Venezuela, o que poderá ser feito por empresas regionais. Além do transporte de cargas, há interesse, em Manaus, pelas praias caribenhas da Venezuela. Todo ano, nas férias, milhares de amazonenses buscam destinos como Margarita. Em troca, os amazonenses podem oferecer turismo de selva, o que fazem com competência

Um comentário:

Anônimo disse...

Certissimo. Mas o Pará fica onde nessa integração? Manaus está dentro dos planos do Mercosul e Belém só vai ver os navios passarem?

Juan Carlos
aaorbr@gmail.com