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4/14/2010

Programa de Educação no Campo diploma estudantes em Castanhal (PA)


Diante de um auditório repleto de parentes e amigos, jovens prestam o juramento solene de exercer a profissão que acabam de abraçar e comemoram uma nova etapa de suas vidas jogando os chapéus para o ar.
A cena, ocorrida na sexta-feira (26), no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFPA), em Castanhal (PA) - que seria banal por acontecer em milhares de instituições de ensino públicas e privadas espalhadas pelo país – ganha contornos especiais por representar a cerimônia de outorga do título de Técnico em Agropecuária, com ênfase em Agroecologia, aos 32 formandos da turma “Chico Mendes”, composta exclusivamente por jovens residentes em projetos de assentamento da reforma agrária.
Desafios vencidos - Oriundos de famílias camponesas e ribeirinhas que representam 14 assentamentos implantados pelo Incra na região do nordeste paraense, os jovens tiveram que vencer os diversos desafios para cursar o ensino médio e, ao mesmo tempo, conquistar uma profissão voltada para comunidades rurais e das beiras dos rios.
Foram três anos e meio de superação. Uma batalha que começou em 2005, quando - mesmo diante das variadas origens, culturas e ideologias que representavam - uniram-se em torno de um propósito comum: a elaboração de um projeto de curso técnico, com o apoio do IFPA, e a obtenção dos recursos do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), do governo federal. De lá até a colação de grau eles agarraram a oportunidade de estudar como quem agarra o futuro nas próprias mãos. Percorreram centenas de quilômetros que separavam suas comunidades e o campus do IFPA - todos em municípios afastados
entre si - e viveram em alojamentos, longe de suas famílias.
Conquistas - Dentro do conceito de “pedagogia da alternância”, transpuseram ainda grandes distâncias para praticar os conhecimentos teóricos em suas próprias comunidades, onde desenvolveram e agora administram, na qualidade de profissionais habilitados, diversos arranjos produtivos em benefício das famílias camponesas e ribeirinhas.
Mas a formação profissional e a cultura adquirida com o curso não foram as únicas premiações resultantes da força de vontade e do sacrifício dos integrantes da Turma Chico Mendes.
Quebrando preconceitos - A quebra da barreira do preconceito com relação à capacidade do jovem do campo e o estímulo à retomada dos estudos aos jovens que, pelas dificuldades da vida, interromperam a escalada educacional, talvez tenham sido as principais conquistas dos alunos da reforma agrária.
Com a aprovação de dois de seus alunos em vestibulares de instituições públicas de ensino superior do Pará, a Turma Chico Mendes provou que, com determinação e apoio, os jovens do meio rural possuem condições de avançar nos estudos e disputar em condição de igualdade com os jovens dos grandes centros urbanos.
É o caso do aluno Uéliton Pereira Azevedo (21), do Projeto Agroextrativista Santo Antônio II, na Ilha do Capim, município de Abaetetuba.
Tido como exemplo pelos professores, o novo técnico agrícola não esmoreceu diante da grande concorrência e foi aprovado no vestibular para o curso de Agronomia, primeira graduação superior oferecida pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia em Castanhal.
Novas oportunidades - “Em 2006 não perdi a oportunidade de dar seqüência aos meus estudos através do Pronera. Agora, tive a felicidade de ser aprovado no curso de Agronomia aqui mesmo no IFPA”, disse Uéliton. “E como retribuição àqueles que acreditaram na turma Chico Mendes pretendo tornar-me um profissional ainda mais qualificado para ajudar a reverter a miséria e exclusão social que atingem as pessoas que vivem nas ilhas de Abaetetuba”, completou o jovem técnico agrícola e futuro engenheiro agrônomo.
Já a nova técnica agrícola Luciana Santa Rosa de Albuquerque (32), do Projeto de Assentamento Abril Vermelho, no município de Santa Bárbara, é uma das que aproveitaram a oportunidade surgida com o Pronera para retomar os estudos em busca de melhores oportunidades.
Ela afirma que o principal desafio enfrentado por ela talvez tenha sido o de voltar a estudar após muito tempo longe dos livros. “Fiquei seis anos parada, até voltar em 2006, com o Pronera. Agora pretendo contribuir com meu trabalho para suprir a carência de técnicos nos assentamentos da nossa região e ainda dar continuidade à minha formação cursando, quem sabe, Agronomia ou Engenharia Florestal”, planeja Luciana

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Sidney Dantas

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