Nessa sexta-feira/16, o Pará e a nossa querida Santa Maria de Belém perderam um grande filho postiço, e eu perdi um grande amigo, grande chega e colega - duas vezes - muito querido, Trata-se do DR. HÉLIO MOTA GUEIROS. Nascido em Fortaleza, adotou o Pará como a segunda terra. Como bem diz o adágio popular quem vai Pará, parou, bebeu açaí, namorou, casou. Com Hélio aconteceu exatamente mesma coisa. O jovem, advogado – recém formado em Fortaleza- Ceará, caiu nas graças do governador Magalhães Barata e foi nomeado Promotor Público. Nas plagas mocorongas encantou-se com uma bela morena – a professora Terezinha Moraes - namorou e casou. Dessa união de 53 anos, nasceram filhos que lhe deram netos e bisnetos. Todos os jornais já traçaram a personalidade, as virtudes, os méritos e a importância desse grande desaparecido na história do Pará nesses últimos 60 anos. Ele teve lá os seus erros... quem não tem Mais os seus vacilos – ué, ele teve algum? – foram imperceptíveis. O Dr. HÉLIO... assim como todo povo do Pará... eu nunca deixei de tratá-lo assim... E era DOUTOR mesmo. Com todas letras grafadas em caixa alta. Advogado, serventuário da Justiça político, o nosso “Papudinho” – apelido que ganhou do líder sindical Carlos Levy, como forma de atingi-lo. Se deu mal. Papudinho virou sinônimo de Hélio Gueiros. O povo adorou, E ele, também!!! – foi acima de tudo um Jornalista. Lembro-me que o conheci ainda criança, 12 para 13 anos tentando uma chance no jornalismo. Atrás de uma mesa na antiga redação de O Liberal, na Rua Santo Antônio, com a Praça D, Macedo Costa, em frente à Central de Polícia, o encontrei com camisa de manga arregaçada, diante de uma velha máquina de escrever “Underwood” tendo ao lado um monte de papéis datilografados. Ele lia um artigo do professor Álvaro Paz do Nascimento – considerado um dos melhores articulistas da época, depois do também professor Paulo Maranhão, dono do jornal concorrente, a Folha do Norte. Os originais estavam escritos em papel almaço, como a letra de Álvaro Nascimento era muito boa, Hélio só fazia uma ligeira revisão para depois baixar para oficina – que ficava no andar térreo. Naquele ano o pessoal da oficina d´O Liberal estava eufórico. A direção tinha comprado três máquinas de linotipo americanas “O” km. Hélio Gueiros juntamente com Mário Couto – de saudosa memória – cuidavam da redação. HG como redator-chefe e Mário como secretário, atual diretor de redação. Anos mais tarde, já adulto, tive a alegria de ter Hélio Gueiros como meu chefe-maior na Prefeitura Municipal de Belém. Ele prefeito e eu atuando na Comus. Para falar dos quatro anos em que estivemos juntos no dia a dia, acho que o espaço deste blog não daria para tanto. Uma coisa a gente não esquece. Quando Hélio chegou a PMB, percebeu que os jornalistas que servem à Comus ganham muito pouco. Ele pediu para o seu Gabinete e para o Walter Jr – então titular da Coordenadoria de Comunicação Social – que estudassem uma forma de melhor remunerar “os meninos da Comus”. Após várias sugestões, HG bolou algo que pudesse equiparar o salário do jornalista da Prefeitura ao salário de repórter “A” de O Liberal, que era o veículo que pagava melhor nos anos 80. Dando D.A.S, com adicional daqui e dali, ele conseguiu, de uma forma legal, melhorar quase cem por cento o nosso salário. Foram quatro anos sem problemas!!! Todo mundo trabalhava feliz, já que Hélio Gueiros não relaxava. Era trabalho o tempo todo, mas ninguém reclamava. Reclamar de que? Icoaraci e arredores - No tocante à minha área Icoaraci, Outeiro e Cotijuba, Hélio Gueiros se superou. Aqui em Icoaraci criou Liceu Raimundo Cardoso. No Outeiro, a Escola Bosque. Desculpem-me, mas eu tenho de falar um pouco desses fatos. Icoaraci - Criado em 1995 e efetivamente implantado em 1996 - tendo Therezinha Gueiros como Secretária Municipal de Educação -, o Liceu surgiu com a missão de unir o fazer pedagógico com o saber popular, reunindo professores e mestres de ofício trabalhando em conjunto para a manutenção da cultura dos ceramistas de Icoaraci. O Liceu de Artes e Ofícios Mestre Raimundo Cardoso (apesar do vigilengo homenageado não ser o artesão pioneiro... mas isso não lhe tira os méritos. Ele foi o que mais se destacou nesses últimos 30 anos nessa arte. Em tempo: Antônio Farias Vieira, - o Cabeludo, que Deus O tenha - foi o professor de Cardoso e pioneiro nessa arte em Icoaraci. Além do ensino formal de CB1 a CB4 (equivalentes ao sistema de 1ª a 4ª séries), o Liceu de Artes e Ofícios oferecia uma série de oficinas – destaque para as de arte marajoara e de cerâmica popular. Infelizmente agora, não posso dizer o mesmo. Uma pena. Pelo Liceu passaram personalidades, como Levi Cardoso, filho do mestre Raimundo Cardoso, hoje conhecido internacionalmente. Em 1987, Levi ganhou o segundo lugar no Prêmio UNESCO de Artesanato para a América Latina e Caribe. Como parte do mesmo processo, foi criada também a Feira de Artesanato da orla - inaugurada em12 de junho de 1986 -, na tentativa de evitar os atravessadores. Ainda em Icoaraci foi criado o Museu de Cerâmica de Icoaraci – reinaugurado na atual gestão mês de abril de 2002; deu-se a quebra do monopólio da “Icoaraciense”, adoção do sistema de transporte em micro ônibus - os fresquinhos e o início do projeto de revitalização da orla. Na inauguração esquceram de dizer que o projeto inicial – muito mais bonito, diga-se de passagem -. foi obra de Hélio Mota Gueiros Se bem que tem técnico, como o Adib Leal da Conceição, geólogo, que torce o nariz para as fundações.... Outeiro - No outro lado, no Outeiro, Hélio Gueiros e a professora Therezinha com o apoio do sociólogo Mariano Klautau de Araújo, foi criado o Centro de Referência em Educação Ambiental Professor Eidorfe Moreira, a nossa querida (e mal tratada) Escola Bosque. Esse fato teve repercussão não apenas além das fronteiras do Pará e do Brasil, como também no exterior. A construção da Escola Bosque partiu de uma idéia do Mariano Klautau. Três meses após a posse do prefeito Hélio Gueiros, ele esteve com a professora Terezinha Gueiros levando em mãos o projeto da Escola-Bosque, de sua autoria com o apoio da comunidade do Consilha – Conselho das Ilhas do Outeiro. A Escola Bosque foi constantemente citada como referência em Educação Ambiental no norte/nordeste do pais na Argentina, Equador, Chile, Guatemala, e no México, se não me falha a memória. O projeto previa que a Escola Bosque seria transformada no Centro e Desenvolvimento Insular, não apenas como referencial de Educação Ambiental como também de Centro de Irradiação de Turismo com a participação total da Comunidade. Como se não fosse bastante, dentro da expansão da Escola Bosque, estava prevista a recuperação total das ruínas do antigo Educandário Nogueira de Faria (Cotijuba) e transformá-lo num centro de cultura e lazer. No local funcionaria a Central de Desenvolvimento das Ilhas. Cotijuba – Já que falei em Cotijuba, Hélio Gueiros adotou o sistema de charretes do Cotijuba, trazidas de Santa Catarina, puxadas por cavalos de raça adquiridos numa fazendo às proximidades de Belém. HG também levou a energia elétrica para a ilha e deu início a construção do trapiche de Cotijuba – Antonio Tavernard - inaugurado pelo seu sucessor Edmilson Rodrigues. Gigante – Hélio Gueiros foi um ícone na vida social, política e cultural desta terra; Ele recebeuo honroso e honorífico título de “Cidadão do Pará”, - graças a uma feliz iniciativa do então deputado José Arthur Guedes Tourinho. O vereador e jornalista Isaac Soares, falecido, complementando a distinção anterior, propôs e a Câmara Municipal aprovou a unanimidade, o título honorífico de “Cidadão de Belém”, para o Dr. Helio Mota Gueiros. O meu/nosso grande amigo, ao receber o título de “Cidadão do Pará”, fez um belo do qual extrai o texto final: “... Ao que soube, a adesão e o apoio foram espontâneos, voluntários, cada parlamentar fazendo questão de revelar seu apreço e seu respeito pelo arigó que chegou por aqui aos três anos de idade, estudou no "Barão do Rio Branco", no "Vilhena Alves" e no "Paes de Carvalho", e alcançou o governo do Estado e a Prefeitura de Belém depois de ter sido deputado estadual, deputado federal e senador da República e de ter casado com uma filha do Tapajós com quem teve cinco filhos, todos paraenses de nascimento e de coração. O título me honra e me comove e me basta. Valeu a pena viver a vida nesta terra e com esta incomparável gente do Pará.’Na campanha para a Prefeitura de Belém, Helio Gueiros usou a musica de Roberto e Erasmo, "Como e grande o meu amor por você ". E em quatro anos mostrou a veio? ele amou a minha cidade com desvelo, entusiasmo e carinho como um jovem que se inicia na política".
Na campanha para a Prefeitura de Belém, HG usou a música Como é grande o meu amor você de Roberto e Erasmo. Em quatro anos ele deu-se tudo de si.E administrou com desvelo, entusiasmo e carinho a minha cidade, com o ardor de um jovem que se incia na política. Ele amava a Belem que o adotou como filho.
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Esse foi o Helio Gueiros que eu conheci; e devo confessar o privilégio de tê-lo como chefe, via Walter Júnior do Carmo – grande macapaense. Aprendi a observar - e a estimar ainda mais - o grande homem que ele foi: sério, honesto, enérgico, exigente, perfeccionista, amigo e acima de tudo, gente.
Dr. Helio Gueiros.Muito Obrigado pelo amigo ter existido.
Um comentário:
Aldemir Feio, Lembro-me de você, na COMUS/PMB, também fui grande admiradora do dr. Hélio Gueiros, trabalhei no GAB.P desde 03/1986 até minha aposentadoria em 05/2003.
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