A ilha de Caratateua, ou Outeiro, como é mais conhecido, estará completando 118 anos neste dia 14 de abril. A Administração Regional, tendo a frente o administrador Henrique Andrade preparou uma vasta programação que teve início na segunda-feira/11 com várias atividades, envolvendo a comunidade outeirense denominadas “Mutirão de Limpeza”, Mutirão da Dengue e Operação Tapa Buraco”, com a participação de vários órgãos da Prefeitura Municipal de Belém. Enquanto isso está acontecendo Oficinas de Ovos de Páscoa no Bairro da Brasília, o mais populoso do Outeiro, Na sexta-feira/18, dia do aniversário do primeiro distrito administrativo de Belém, a programação começa cedo: 6h00, com alvorada e queima de fogos no estacionamento da Praia Grande. Às 12h. mais queima de fogos. À tarde, a partir das 17h – Culto Ecumênico. Logo em seguida, às 18h00, apresentação do Coral da Igreja do Evangelho Quadrangular. Meia hora tarde -18H30 - a comunidade vai cantar os “Parabéns” com distribuição de fatias de um bolo gigante que está sendo preparado. Às 20h00 – Haverá a premiação dos Blocos Alternativos e Escola de Samba, vencedores do Carnaval de 2010. A partir da sete da noite - 19h00 – apresentação da banda Mega Trio. Para não perder o ritmo da festa, oito e meia em diante, 10h00, a Banda Show Sayonara fará uma soberba apresentação que certamente contagiará a todos. Dez da noite, 22h00 – que se espera seja de lua bela e reluzente, as comemorações dos 118 anos do Outeiro, serão encerradas com Show Pirotécnico. Todas essas atrações têm o apoio Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, a quem Henrique Andrade e a sua equipe agradecem.
Você conhece o Outeiro?
Outeiro teve seu início na história quando vários locais de suas áreas serviam de cemitério para os índios e seus animais, tempos antes da Fundação de Belém - especialmente no bairro que hoje se chama Itaiteua -, na Ilha chamada por eles de “Caratateua”, que no dialeto Tupi-Guarani, quer dizer “lugar das grandes batatas”, “lugar das grandes batatas” (ou das muitas batatas), ou ainda “terra do cará "Inhame”. Os portugueses batizaram-na de Outeiro que para eles quer dizer: “pequenos morros”. Originalmente, Outeiro (do latim altarìu-, «altar») é uma pequena elevação de terreno. Era nos outeiros ou lugares altos, mais próximos dos céus, que os romanos ofereciam as preces, as oferendas e sacrifícios aos Deuses.
Segundo pesquisa feita pelo redator deste blog e o líder comunitário Luiz Carlos Freire, nos anais da História do Pará, em abril de 1731, o então governador da Província do Grão-Pará, Capitão Geral Alexandre de Souza Freire, repartiu as terras da ilha de Caratateua através da carta das Sesmarias - que oficializava a doação de terras a particulares objetivando sua ocupação. As Sesmarias espalharam-se por todas as colônias, e só foram extintas após a Independência do Brasil. A segunda fase de colonização da ilha deu-se no ano de 1893, quando foi criada a Colônia de Outeiro - ou núcleo-modelo de colonização.
Uma segunda hospedaria foi implantada na área da antiga colônia agrícola, - onde até 2009 funcionou o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças /CFAP -, que recebeu em 14 de abril de 1893, doze famílias italianas que deram o pontapé definitivo na colonização de Outeiro.
Até meados de 1990, o Outeiro era subordinado ao Distrito de Icoaraci, e era administrado por um supervisor ou coordenador. No dia 12 de janeiro de 1994 foi decretado pelo prefeito Hélio Gueiros a criação das oito administrações regionais de Belém.
No dia 17 de maio de 1995 foi assinada a Lei Ordinária N.º 7753, que alterou a estrutura da administração direta da Prefeitura Municipal de Belém, e criou a Administração Regional do Outeiro (AROUT). Daquela data em diante o Outeiro passaria a ser Distrito e teria sua própria autonomia.
Nesse dia foi inclusive foi sancionado o Plano Diretor das Ilhas de Outeiro e Mosqueiro, que teve a participação deste redator na Comissão Técnica de Planejamento, Elaboração e Texto, representando a Comus.
A autonomia, propriamente dita do novo distrito, só aconteceu na primeira gestão do prefeito Edmilson Rodrigues, a partir de 1997. Caratateua, conhecida popularmente como Outeiro, é uma ilha do distrito de Belém, ligada ao continente através de ponte sobre o rio Maguari – a Ponte Enéas Pinheiro, construída em nove meses e 26 dias pelo ex- governador Jader Barbalho - distante 25 km do centro da capital.
É banhada pela baía do Guajará, por águas doces, turvas, de características barrentas. É o balneário mais próximo de Belém, a 18 Km da capital;
O distrito possui uma área de 111.395 Km2 , e administra o espaço físico de 26 ilhas, de um total de 42, situadas no centro leste: Ilha de Caratateua, Cotijuba, Combú, do Maracujá, Murutucum, de Paquetá-Açu, de Jutuba, Grande (longa), Urubuoca, Nova, Satélite, dos Patos, do Papagaio, da Mirim, Jararaca, Jararaquinha, Coroinha, de Tatuoca, do Fortim, do Cruzador, de Santa Cruz e mais cinco sem denominação ou habitantes.
A população total do Outeiro (Caratateua), de acordo com o censo do IBGE/2000 e de 63.353, sendo 2,1% total da população do município, distribuídos em 6.338 domicílios - cerca de 4,12 habitantes por domicílio, e pertencentes ao município/ e população de 21.815 habitantes, distribuídos em sete bairros - São João do Outeiro, 7.667 habitantes Itaiteua, 1.231 habitantes, Brasília 5.162 habitantes e Água Boa 5.662 habitantes. Existem, também, as áreas rurais de Fama, Tucumaêra e Fidélis com 3.438 habitantes. A sua posição geográfica, de frente para a Baía de Santo Antônio, confere-lhe uma fisiografia com sete praias Brasília, Prainha, dos Artistas, Grande – talvez a mais conhecida, do Amor, Ponta do Barro Branco e da Água Boa, o que lhe confere a condição de balneário mais próximo e porque não dizer, mais simpáticoe mais popular da capital paraense.
Tais características se refletem na oscilação da população, nos finais de semana -10 a 15mil pessoas - e no período de alta estação, mês de julho, quando sua população atinge 100 a 120.000 pessoas.
Além disso, Outeiro apresenta os três tipos de solo: varzea, igapó e terra firme, permitindo as culturas intensivas e extensivas. Possui orla de belissimas praias de rio, como atrativos cenários para atividades de turismo e lazer social. Local bastante procurado pela população metropolitana. Suas praias, de água doce, são bastante procuradas nos finais de semana e feriados prolongados. À beira-mar há uma variedade grande de bares e restaurantes que oferecem o tradicional peixe frito. Lá já é possível ter contato com a imensidão da Baía do Guajará, o movimento de maré da água doce e a fartura dos peixes da região. Um final de tarde na Praia do Amor é um passeio imperdível. Cotijuba A segunda ilha mais importante do DAOUT tem uma área de 15.808.495.144 m2, bastante visitada nas temporadas de veraneio, uma região rica em paisagens e exemplos da harmonia do homem amazonida com a natureza.
A ilha de Cotijuba ou “ilha da trilha dourada” (tradução do nome indígena) é um exemplo visível dessa realidade. Banhada pela baia do Marajó, Cotijuba possui 19 quilômetros de extensão e localidades com as suas características naturais: Praia do Farol, do Cemitério, da Saudade, da Flecheira, Praia Funda, Vai-quem-quer – a mais procurada -, Praia das Tintas e Pedra Branca que compõem a rica orla desse local. Algumas dessas praias são de fácil acesso aos visitantes, próximas do núcleo da vila; outras só para aqueles que se permitem uma boa caminhada entre a flora da ilha num verdadeiro passeio ecológico muito surpresas o lugar lhes reserva. Quanto maior à distância, mais intactas as praias são mantidas.
As ilhas de Caratateua, Cotijuba e Combu, entre outras, tem em seu espaço geográfico diversos equipamentos públicos, responsáveis pelo atendimento da população local e de visitantes. Ocupação desordenada Outeiro também tem os seus problemas. O mais crucial e a ocupação desordenada.
Essa pratica na ilha de Caratateua, tem início na década de 80 com a construção da ponte Enéas Pinheiro - a ponte de Outeiro – que provocou um processo de ocupação desordenada, devido também ao problema de ocupação urbana de Belém, assunto previsto no capitulo Área de expansão urbana de Belém” do Plano Diretor da ilha de Caratateua e que, da mesma maneira causa dor de cabeça aos gestores municipais. Cultura Outeiro tem aumentado expressivamente seu potencial em matéria de fazer cultura, com a representação em todos os seus bairros e ilhas de diversas entidades culturais abrangendo todas as formas dessa importante atividade social.
Os eventos mais importantes são:
● Círio de Nossa Senhora da Conceição, normalmente realizado no segundo domingo de dezembro, desde 1953.
● Festival de Yemanjá – que reúne de 80 mil pessoas nas praias do Outeiro para homenagear com oferendas de perfume, rosas e bebidas Yemanjá, tida pela comunidade umbandista como a “Rainha do Mar”. Esse ritual teve início em 1971, promovido pela Associação dos Amigos de Yemanjá –AAI que tem como presidente o Coronel PM Itacy Rodrigues, e coordenador do evento ha 35 anos. ●Quadra Junina: Mês de junho é mês de festa no Brasil de norte a sul. As manifestações culturais neste segmento são apresentadas sob as mais diversas linguagens, justificando a riqueza cultural do nosso País. Em Belém do Pará, as festas juninas fazem parte do cenário cultural da cidade. No Outeiro a coisa não seria diferente. São grupos folclóricos, parafolclóricos, quadrilhas juninas, bois-bumbás, cordão de pássaros entre outros, que se apresentam em concursos públicos e particulares e promoções beneficentes, através de um espetáculo de rara beleza de movimentos, brilhos e cores - referência para muitos estudiosos da cultura popular.
●Malhação do Judas: Foi criada em 1° de maio de 1998, no dia do aniversário do atual presidente da União de Malhadores de Judas de Outeiro - UMJU, Luiz Silva do Nascimento, exatamente no momento em que o mesmo falava que já havia coordenado uma também já tradicional malhação de Judas, no bairro da Pedreira, na qual se manteve como presidente por 36 anos. A realização deste evento é uma zorra total, com a participação de todos, sem exceção. ● Este ano, o administrador Henrique Andrade pretende reeditar o Festival do Pato Regional, realizado em setembro em Cotijuba, e que há sete anos, não é realizado.
Detalhes:
● Outeiro foi sede da Operação Especial Icoaraci-Outeiro, do Projeto Rondon (1970) com o apoio de 26 universitários de Agronomia, Medicina, Odontologia e um de Direito, - ou seja, o redator aqui -, com a direção do professor Odmar Barata Filho, então coordenador geral do Projeto Rondon na Região Essa operação redescobriu, em todos os quadrantes, a então desconhecida Ilha de Caratateua.
● Um pouco antes, 1965, foi criada a Associação dos Amigos do Outeiro, iniciativa de alguns maçons – que tinham propriedades no Distrito - e que teve vida efêmera. Mas no período que existiu - aproximadamente seis anos -, fez grandes coisas pelo Outeiro inclusive facilitando a vinda de cineastas americanos e austríacos, com o apoio do falecido supervisor Galdino Farias.
● Em 1971 foi feita a primeira transmissão radiofônica do Outeiro para Belém, pelo ar, sob o comando de Diel Carvalho pela então Rádio Jornal Liberal, diretamente da Praia Grande, em tempo de veraneio. Foram 26 minutos inesquecíveis
●●● Este longo texto é um pouco do Outeiro, que me aturou por quase dez anos, É, também, a minha retribuição e o meu presente pelo aniversário de 118 anos. Viver no Outeiro é uma maravilha. Em todos os pontos de vista.
Você que me lê, residente em Belém do Pará e arredores, venha visitar e passar momentos agradáveis neste simpático e acolhedor distrito. O acesso é fácil - dá-se pelas Rodovias Augusto Montenegro, e Arthur Bernardes – passando por Icoaraci e através da Estrada Velha do Outeiro.
Parabéns, Outeiro!
Um comentário:
Gostei do texto! Gostaria de ter acesso as referências utilizadas para a produção dele.
Vanessa
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