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5/08/2013



A ditadura nas sombras





BRASÍLIA  Rafael Leónidas Trujillo Molina, o Bode, é o modelo de ditador das repúblicas das bananas, inclusive da Banânia. Era uma excrescência humana; estuprava até criança. Ladrão e assassino, sufocou a República Dominicana, de 1930 a 1961. Esse país divide com o Haiti uma das ilhas, paradisíacas, do Mar do Caribe, Hispaniola, primeiro território americano a ser descoberto por Cristóvão Colombo. Mario Vargas Llosa escreveu uma reportagem romanceada sobre esse bandido, A Festa do Bode(La fiesta del chivo, Alfaguara/Objetiva, Rio de Janeiro, 2011, 450 páginas), verdadeira catedral literária. Em outro artigo, eu disse que “A Festa do Bode disseca a mecânica da mente de um ditador, qualquer um deles. Basicamente, perseguem o poder absoluto, poder que, paradoxalmente, será sempre seu inferno pessoal. Ditadores, e os que gostariam de sê-lo, têm em comum alguns traços: são, em potencial, populistas, nepotistas, patrimonialistas, mentirosos, profundamente covardes, ladrões, perversos, bestas crudelíssimas, torturadores, estupradores, assassinos, criaturas diabólicas. Como se diz em psicologia: psicopatas. Chegam ao poder porque são ousados, e maus, e porque se cercam de preguiçosos, ávidos por carniça, a quem alimentam, para se cercarem de zumbis dispostos a empalar a própria mãe por dinheiro”.
Esse preâmbulo é só para dizer que Rafael Trujillo nasceu 
com raro talento de intuição política; a intuição é o grande patrimônio dos homens de sucesso. Veja-se o caso de Lula. Em 2003, quando instalou a república da mediocridade, fácil de tutelar, disse que o PT, partido que criou e do qual é dono inconteste, ficaria pelo menos 20 anos no poder. Já se passaram 10 anos, desde então, e Lula continua mandando, agora por meio da marionete Dilma Roussef. A estratégia dele é a seguinte: aparelhamento do Estado; Mensalão; tutela da população; bolsas-miséria; a tentativa permanente de amordaçar a imprensa, grande parte da balcão de negócios; desmantelamento do Estado, incluindo as Forças Armadas e a Educação – tudo dentro da “democracia”. Para isso, Lula conta com oposição nula e 
corrupção generalizada. O quadro é aterrador.
 Se fosse nos Estados Unidos, já teria aparecido um grupo, ou alguém, para pôr fim nisso. Os cidadãos americanos são ciosos pela democracia que construíram e mantêm como algo sagrado. Mas no Brasil, quem salvará nossa democracia?; embora aleijada, é o que temos. Aécio Neves é tucano, e os tucanos vivem dando bicadas na cloaca uns dos outros. Eduardo Campos, do PSB, faz, até agora, um jogo ambíguo. Assim, à sociedade democrática brasileira resta a providência. O Bode foi assassinado; Fidel Castro foi vencido pela senilidade; Hugo Chávez, pelo câncer; a bruxa argentina está se sufocando com a própria língua; Zé Sarney dos Atos Secretos, Sir do Maranhão e Amapá, terá, na sua memória eterna, a persegui-lo, Lorde Thomas Alexander Cochrane. E assim por diante.

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 RAY CUNHA – Escritor e Jornalista baseado em Brasília-DF, Brasil

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