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10/07/2008

Antônio Cavalcante



PATA CHOCA, O ANJO DE AÇO AMAZÔNIDA

Amazônia, esse imenso território brasileiro, que ainda encanta a humanidade, com suas lendas e mistérios, é o cenário dessa nossa história dentre tantas que temos para contar sobre esse santuário ecológico, grande reservatório da biodiversidade do planeta, muitas vezes ameaçado pela cobiça internacional dos homens ditos civilizados. Habitat natural dos povos ameríndios nas suas florestas embrenhados e da raça resultante da miscigenação cabocla exploradora das suas riquezas extrativistas.
Por vários séculos essa vasta região, veio sendo explorada pelos homens de outras plagas, em suas várias fantasias: nobres, militares, religiosos, contrabandistas, piratas, cientistas, artistas, comerciantes, todos em maior ou menor escala, com o espírito aventureiro inerente ao ser humano. Chegavam aqui dominando, aprisionando, escravizando, os gentis nativos destas paragens amazônidas, promovendo quase que a extinção de muitos dos povos da floresta.
Por muitos e muitos séculos o homem também vinha desenvolvendo um sonho. O sonho de voar, desde os tempos de Ícaro na mitologia grega, até chegar ao brasileiro Alberto Santos Dumont, finais do século XIX e início do século XX, quando finalmente se desprendeu do globo terrestre num aparelho mais pesado que o ar. Foi no decorrer dos meados do século que ora finda, que surgiu o hidroavião mais famoso na história da região, o Catalina, em 1958 foi incorporado ao Correio Aéreo Nacional - CAN, veterano nas missões de patrulha anti-submarino da Força Aérea Brasileira - F A B, na II Guerra mundial, esses aviões foram modificados para missão de transporte, e servir de apoio logístico as ações do governo brasileiro no território nacional, recebendo na Força Aérea Brasileira a designação C-10, sendo que o seu maior campo de atuação foi exatamente aqui na Amazônia.
Conhecido no meio aeronáutico como "Pata Choca", essa aeronave foi se tornando o grande conquistador desta vasta região de dimensões continentais. O velho companheiro, e o amigo mais esperado nas localidades mais longínquas do “hinterland” amazônico, dividindo com o regatão seu companheiro civil, a missão de atender as populações mais afastadas do mundo civilizado neste rincão do País.
O Anjo de Aço, como também podemos chamá-lo, uma vez que, sobrevoava a região e também utilizava suas vias aquáticas, como local de pouso e decolagem, para participar do desenvolvimento da historia sociológica regional, levando não somente bens materiais, como também, expectativa através de médicos, dentistas, religiosos e missionários, encarregados de realizar os serviços de assistência médico odontológica, social e espiritual junto aos habitantes das comunidades de difícil acesso em toda a região. Esperados talvez até como divindades celestes, para acalentar o dia a dia do povo amazônida com palavras, ações e espírito de solidariedade, existente no coração desses heróis anônimos, passageiros e tripulantes das super naves da esperança, existente apenas, na memória daqueles que presenciaram seu momento de glória, no serviço ativo da navegação aérea brasileira, como que realizando talvez o grande sonho de seu inventor, que era levar a paz e a felicidade para a vida humana através do espaço aéreo, percorrendo caminhos nunca dantes imagináveis.
Com a aposentadoria compulsória dessas aeronaves, pelo término de sua vida útil, veio também o ocaso de uma época “glamourosa” e de aventura da conquista do céu amazônico, com o perigo das tempestades tropicais, rondando cada viagem desses intrépidos navegantes, fazendo brotar a matéria prima de muitos causos, envolvendo essa gente pioneira dos vôos regionais, enriquecendo o folclore da aviação brasileira.
Hoje podemos admirar, o último exemplar dessas aeronaves em terras brasileiras, estacionada como monumento na Base Aérea de Belém, bem no caminho de Icoaraci, Distrito Administrativo do Município de Belém, graças a manifestação do povo belenense após a polêmica transferência do “Pata Choca” - o Anjo de Aço Amazônida para a Base Aérea do Rio de Janeiro, num passado recente de nossa história. A presença desse patrimônio histórico e cultural da aviação regional em nossa cidade, resgata uma página de nossa participação na conquista da Amazônia no século XX, para o conhecimento das futuras gerações.

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Paidégua e Feliz Círio

Aos amigos que comungam a fé de ser paraense,
os votos de um pai d’égua e feliz círio
Que a corda da salvação fortaleça sua fé.
Que os brinquedos de miriti atenuem suas tensões.
Que os patos, maniçobas, leitões, musses e outras iguarias
Representem à fartura em sua mesa e alimentem seus corpos.
Que os sucos, refrigerantes e as geladas irriguem de alegria seus lares.
Que os fogos de louvor despertem o perdão e a gratidão em seus corações.
Que a sua vida seja uma eterna romaria de amizades.
Que as orações a Virgem de Nazaré se transformem em bênçãos aos seus lares e se estenda sobre suas famílias.

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Tatá Cavalcante
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CEP: 66.053-050

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