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10/16/2008

José Wilson Malheiros



TOQUEM UM BOLERO!

Na década de 1960 eu costumava acordar e logo sintonizar no rádio de ondas curtas a Rádio Havana, para escutar bolerões, merengues, salsas, tudo com aquele saboroso jeito apimentado que só nós os latinos, sabemos ter.
Gostava também de escutar os longos e inflamados discursos do Fidel Castro, proclamando que Cuba era “território libre de America” e que os norte-americanos eram todos “perros” (cachorros).
O início da revolução cubana se deu por motivos nobres, ou seja, libertar o povo da ditadura de Fulgêncio Batista e da escravidão econômica provinda dos Estados Unidos.
Com o passar do tempo todos vimos em que deu o ideal dos primeiros revolucionários, distorcido totalmente pela ganância de poder e hoje o povo sofre a pobreza moral que talvez seja a maior e todas, pois é imposta pela humilhação e pela mordaça.
E ainda existem intelectuais a baterem palmas para o “paraíso” castrista. Bem acertado estava Joãozinho Trinta quando falou que o povo gosta de luxo e os intelectuais adoram a miséria. Basta ver, por exemplo, os tais filmes “cult”.
Depois de escutar tanta doutrinação política na voz do ditador barbudo, ia discutir com meu pai sobre as vantagens do comunismo, do socialismo. Ele, na experiência da maturidade, no mais das vezes apenas sacudia a cabeça em sinal de desaprovação. Até que um dia resolveu abrir a boca:
- Olha, rapaz, eu queria ver esses sujeitos que pregam o comunismo se ganhassem sozinhos na loteria. Não ia sobrar ninguém. Não te ilude. Conheço alguns reacionários em Belém, que ficam sentados lá no Grande Hotel bebendo uísque escocês, comendo caviar e falando em revolução popular etc.
E eu, no doce encanto dos meus dezesseis ou dezoito anos, continuava a escutar bolerões, merengues e os discursos castristas.
Nem faz muito tempo que os professores de economia do Brasil e do chamado Terceiro Mundo – eles adoram, digamos, copiar - patrocinavam a febre das privatizações.
Mas o tempo e a ocasião mostram o que se deve fazer. Pelo efeito do tempo tudo anda e desanda.
Vejam o que está acontecendo no templo maior do capitalismo. Os Estados Unidos estão fazendo exatamente o que seus luminares das finanças abominavam por ser, segundo eles, um retrocesso em termos de economia mundial.
Refiro-me à intervenção estatal na economia. Com a crise estão todos com os rabos entre as pernas e o Estado, na terra do Tio Sam e nos gigantes europeus, está injetando como nunca, ou melhor, está estatizando – alguém ainda duvida? – grande parte da maior fatia do capitalismo mais poderoso do mundo para tentar pelo menos amenizar a grande crise econômica mundial.
Onde estão os que pregavam a privatização absoluta?
Vamos lá, toquem um bolero, de preferência em espanhol, que todos nós já estamos dançando, outra vez.
Comprova-se, mais uma vez, que nada há de novo sob o sol. Tudo vai, tudo volta. Depende da ocasião, dos interesses e das necessidades.

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jwmalheiros@hotmail.com

Um comentário:

Anônimo disse...

WILSON MALHEIROS MAIS UMA VEZ NA MOSCA. ETA CABOCO BOM!!!!!!