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10/08/2008

Icoaraci – 139 anos de Sorriso, Beleza e Progresso


Icoaraci completa neste 8 de outubro, 139 anos. A história de Icoaraci confunde-se com a própria fundação de Belém. Quando os integrantes da expedição de Francisco Caldeira Castelo Branco, procurando um lugar adequado para fixar os fundamentos da cidade, desembarcaram numa ponta de terra situada na confluência dos rios Guajará e Maguari, a qual denominaram de "Ponta do Mel" devido à presença no local de favos de mel em grande quantidade.
De acordo com o historiador Jose Valente, a pouco falecido, na “Ponta do Mel” chegou ser cogitado pelos portugueses a construção de um forte – para prevenir e defender o território conquistado das invasões estrangeiras – devido a sua posição estratégica.
Sua área limitava com Val-de-Cans e Mosqueiro, abrangendo o Sub-Distrito de Outeiro. Em 30 de dezembro de 1943, através do Decreto nº 4.505, assinado pelo interventor Magalhães Barata, fixou a divisão administrativa e judiciária do Estado, pelo qual a então Vila de Pinheiro passou a ser chamada Icoaraci.

Aspectos da vida icoaraciense - Quando Icoaraci completa 139 anos, vou abordar alguns aspectos de antiga “Vila Famosa”, sua história, sua vida e sua gente, pegando carona nas informações da antropóloga Voiner Ravena Canete, e em algumas anotações feitas ao longo de 41 anos de jornalismo.
A história de Icoaraci é tão antiga quanto os 385 anos de Belém. De sesmaria a fazenda, a área que hoje compreende parte de Icoaraci passou pelas mãos de pessoas anônimas, ilustres e também de Ordens Religiosas. Mas foi em 1869, com a demarcação da área em logradouros e lotes para serem aforados, que a fazenda se transformou em povoado. Três décadas depois o então Povoado de Santa Izabel foi elevado a categoria de Vila, recebendo o nome de Vila de São João do Pinheiro. ou simplesmente Vila do Pinheiro Somente em 1943 a vila se transformaria no Distrito de Icoaraci.

Possuindo o mesmo modelo dos núcleos coloniais da Região Bragantina, Icoaraci é composta de quarteirões regulares, bem traçados, ruas e travessas largas repletas de mangueiras. Compartilhando da Belle-Époque tanto quanto outras áreas da capital do estado, Icoaraci guarda em seus Chalés e Estação Ferroviária as características das construções que caracterizaram a primeira metade do início deste século. Aliás, um dos “chalés”, o Tavares Cardoso, foi totalmente recuperado pela Prefeitura de Belém.
Localizada no ângulo entre a Baía do Guajará e o Rio Maguari o Distrito desfruta de uma posição geográfica que possibilita fácil acesso à jazidas de argila que se concentram nos rios Paracuri e Livramento. Essa característica possibilitou transformar a área em um dos principais pólos de produção artesanal de cerâmica do Estado do Pará.
Icoaraci possui ainda mais uma característica peculiar: a confluência de tantas características que Belém já possuiu e que o processo de crescimento urbano sem planejamento terminou por sufocar.
Viver em Icoaraci é poder desfrutar do tempo ainda que dentro da modernidade. É comprar jornal na antiga “Banca do Liberal” – apelido de um antigo jornaleiro, já falecido que tinha uma raiva desse jornal e queria brigar quando o chamavam por esse nome! - em frente da Makell; tomar uma cuia de mingau todas as manhãs bem cedo na tradicional banca da Creusa no mesmo local; aquela moleza gostosa depois do almoço de açaí com camarão e farinha de tapioca comprados no Mercado Municipal e poder dormir a sesta, pois o comércio, tal como Belém fazia há anos atrás, com raríssimas exceções, fecha suas portas.
É poder tomar tacacá no final da tarde sob a sombra refrescante das mangueiras na Praça Moura Carvalho em frente è Delegacia - e não se preocupar com a hora de chegar em casa, afinal a casa é logo ali... e locomover-se de bicicleta é a tarefa de todo pé redondo - para quem não sabe as pessoas de Icoaraci são conhecidas como pé redondo.. e eu sou um deles... pois seu veículo de locomoção é, por excelência, a bicicleta. É tomar água de coco sentindo a brisa da orla e olhando o rio-mar. É andar alguns quarteirões e encontrar mais um Chalé que fala sozinho sobre a história da capital.
Viver em Icoaraci é a oportunidade de poder ser mais belenense.
Icoaraci, a minha Vila Sorriso - distante 18 km do centro de Belém por via rodoviária, é reconhecido como um dos principais pólos de produção artesanal de cerâmica do Estado do Pará. A palavra artesanato deriva do francês "artisant", referindo-se originalmente, à atividade que remonta aos povos primitivos. Seu apogeu, a nível internacional, deu-se em 1930, a partir do I Congresso Internacional do Artesanato, na cidade de Roma, refletindo, assim, em diversos países, inclusive o Brasil.
O artesanato icoaraciense apresenta em suas peças uma beleza plástica e diversa, fruto da pluralidade cultural manifestada desde os tempos pré-coloniais, como são os estilos tradicionais: marajoara (caracteriza-se pela exuberância e variedade de decoração, utilizando pintura vermelha e preta, sobre engobe branco, representa a 4ª fase arqueológica da Ilha do Marajó), tapajônico (é tridimencional, feita com uma mistura de cauxi e cariapé. São figuras humanas e animais que provém da região do Baixo Tapajós), maracá (tem como berço o Amapá, mas é em Icoaraci que este trabalho se desenvolve. As urnas funerárias encontradas no Vale do Rio Maracá são de três tipos: tubulares, zoomorfas e antropomorfas).
O maior número da produção de Icoaraci, concentra-se no bairro do Paracurí, mais precisamente na Travessa Soledade, onde se localizam a maioria das olarias. Paracurí é o nome do Rio que corta a região, de suma importância para a comunidade, pois no percurso deste rio encontram-se várias jazidas de argila, matéria prima para a confecção das peças de cerâmica, que, a bem verdade é preciso que se diga, encontram-se ameaçadas com as constantes invasões.
A produção nessas olarias é muito variada, desde a confecção de peças arqueológicas até às mais estilizadas; de peças lisas e sem pintura às mais trabalhadas; de estilos tradicionais até suas recriações com pintura em manganês; de cerâmica utilitária à cerâmica decorativa, como: vasos, alguidares, cofres, pratos, jogo de feijoada, cinzeiros, etc
Liceu - Ainda no Paracurí (Travessa dos Andradas, nº 1110, com a Rua Coronel Juvêncio Sarmento) existe uma escola cuja finalidade, a proposta inicial era a ensinar a arte de produzir cerâmica, é o Liceu de Artes e Ofícios "Mestre Raimundo Cardoso", fundada em dezembro de 1996 pelo prefeito Hélio Gueiros.
Esse Liceu foi a concretização de um projeto que visava articular educação e cultura, propondo um currículo contendo as disciplinas básicas para a conclusão das séries do 1º grau. Em um turno e no outro os alunos receberiam aulas teórica-práticas sobre cerâmica.

"Cabeludo" - O homem, o artesão que deu origem à produção, conhecimento e difusão do artesanato marajoara, tapajonico e maracá, desde Icoaraci, foi Antonio Farias Vieira – o “Cabeludo” - meu querido e inesquecível amigo - que em setembro passado completou sete anos de morto. “Cabeludo” era o apelido de Antônio Farias Vieira, um dos maiores nomes - senão o maior - do artesanato de Icoaraci.
“Cabeludo” não foi (e jamais será) esquecido. O artesanato e o povo icoaraciense lhe devem um grande tributo.
Na realidade, tudo começou com ele.
Resgate - Há cinco anos surgiu o Movimento Cultural de Vanguarda de Icoaraci (Mova-CI) disposto a resgatar a memória e as tradições da Vila Sorriso, e o grande morto..
A cada ano o Mova-CI realizava a Mostra “Mestre Cabeludo” que reúnia os “virtuoses” locais nas mais variadas expressões da arte, destacadamente o artesanato e a cerâmica local. Há dois anos a mostra não é realizada.
“Mestre Cardoso” - Depois que vieram os demais artesãos, inclusive Raimundo Saraiva Cardoso, o ”Mestre Cardoso”, que projetou o artesanato icoaraciense, além das fronteiras do Brasil, no mundo.
O aluno mais ilustre de "Cabeludo" – falecido em abril de 2006, deu prosseguimento ao trabalho do pioneiro e, praticamente, resgatou a arte marajoara, a qual apenas muito mais tarde os artistas da Região iriam aderir.
Graças a “Cabeludo” e ao "Mestre Cardoso', o Paracuri se tornou o centro do artesanato de Icoaraci onde, atualmente, se concentra cerca de 90% da comunidade de ceramistas.
São inúmeras oficinas e olarias, alinhada uma ao lado da outra, por toda a extensão do bairro, a partir da Rua 15 de Agosto (4ª Rua). Esse ato fez com que a Vila Sorriso se transformasse no maior centro produtor e divulgador da cerâmica indígena da Amazônia.
A Fé em Icoarací - Durante o ano inteiro, a comunidade icoaraciense participa de festejos religiosos, os quais são constituídos por procissões, peregrinações ou ladainhas, algumas delas culminando com o “levantamento do mastro”.
Apesar de em Icoaraci existirem 25 templos de diversas profissões religiosas – até o ano passado, 2007, a população – em torno de 290 mil habitantes – é em sua maioria, católica, ou pelo menos, assim se identifica.
Em Icoaraci existem duas Paróquias: São Batista e Nossa Senhora das Graças, localizada na Praça a Matriz, a mais antiga cuja que abrange o centro e grande parte dos bairros icoaracienses.
Há seis anos era dirigida pelo padre Joel Lopes de Oliveira. Desde março de 2002 possui um novo titular, padre Raimundo Possidônio Carrera da Mara (conhecido como Padre Cid), que antes dirigira a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição (Outeiro), filho de Icoaraci.
No inicio de 2003 por determinação do arcebispo emérito, D. Vicente Zico, com o apoio da população católica, a primeira paróquia de Icoaraci passou-se a chamar Paróquia de São João Batista e Nossa Senhora das Graças.
A outra Paróquia é dedicada a Nossa Senhora de Fátima, na esquina na Rodovia Augusto Montenegro com a Rua 8 de Maio, bairro da Agulha, cuja jurisdição atinge Icoaraci partir da Rua 2 de Dezembro (7ª Rua) até Tenoné e o Conjunto Maguari e área de baixada. O responsável é o padre George Jenner Evangelista França, também filho de Icoaraci. Padre George Jenner .
A festa religiosa mais importante é o Círio de Nossa Senhora das Graças, realizado no quarto domingo de novembro – considerado a segunda maior procissão de Icoaraci, após o Círio de Nazaré, que este ano atinge a edição nº 56.

Parabéns, Icoaraci - Finalmente - eu sou suspeito para falar, mas faço assim mesmo -Icoaraci possui um povo maravilhoso, bom, honesto, trabalhador e hospitaleiro.
Aliás, o Diário do Pará na sua edição de hoje/8, dedicou um quarto de página sobre o aniversário da minha Vila Sorriso. Foi o único jornal que tomou essa iniaciativa. Muito Obrigado, Alfredo Garcia e Gérson Nogueira, em nome do meu povo - e comprovou parte do que afirmo.
Foi - ou é - berço natal do poeta Antônio Tavernard, cuja casa – Rua Siqueira Mendes (1ª Rua) próximo à Travessa São Rocque, onde funcionou – ou ainda funciona a “Casa do Poeta Antônio Tavernard” – está abandonadérrima e caindo as pedaços! - e o Conselho Interativo de Segurança Pública e Justiça (CISJU))
Por sinal, Tavernard será homenageado nesta sexta-feira/10, pela Academia Paraense de Letras, em virtude de 100 anos de falecimento.
Foi também berço natal do escritor Júlio Colares, que apesar das muitas obras, só publicou uma: Mosaicos – um livro de trovas e pensamentos, 1956, esgotado.
Nessa eleição de domingo/5, Icoaraci elegeu apenas um vereador, o médico Mário Corrêa, que vai para a quinta legislatura. Os demais, e atuais representantes, Armênio Moraes e Sauma Nassar, não conseguiram voltar para a Câmara Municipal.
Possui, também dois jornais mensais, O Estado (18 anos) e a Gazeta do Pará, além de um site, o http://www.icoaracionline/.

Essa, senhores, é minha, a nossa Icoaraci – Vila Sorriso-, a grande aniversariante do dia.

Parabéns!

4 comentários:

Anônimo disse...

Olá,

Estou entrando em contato novamente para tratar da Parceria Comercial mencionada via e-mail em 03/10/08.
Continuamos interessados no site.

Aguardo um retorno para iniciarmos a negociação.

Grata e à disposição,
Stephanie Sarmiento
------------------------------
smarques@hotwords.com.br
www.hotwords.com.br
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Phone: 11 3178 2514

Anônimo disse...

querido feio, sou filho de icoaraci, sou legitimo pé redondo , nascido rua itaborai , sou filho do herculano bispo resido hoje em roraima mais não esqueço minha querida vila sorriso. parabens icoaraci por seus 139 anos.

Anônimo disse...

querido feio, sou filho de icoaraci, sou legitimo pé redondo , nascido rua itaborai , sou filho do herculano bispo resido hoje em roraima mais não esqueço minha querida vila sorriso. parabens icoaraci por seus 139 anos.

Mancha disse...

Oi tudo bem, meu nome é alonso colares, estava pesquisando no google, sobre meu avô,julio colares, e vi que tu é um dos poucos ou o único que ainda escreve do velho, só que ele escreveu e publicou torre de babel e mosaicos, e foram publicados os dois, tenho ainda em casa uma edição, de mosaicos, que ganhei de uma ex professora minha, de qualquer coisa um grande abraço, alonsocollares@hotmail.com