Origem da palavra Intelectual
Atencion, please: senhoras e senhores !
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No dia 13 de janeiro de 1898, o escritor francês Émile Zola (1840 / 1902), publica no jornal “L’Aurore”, sua famosa carta manifesto, intitulada “J’Accuse” (Eu Acuso), contra o Estado-Maior francês. E,no dia seguinte, ainda no “L’Aurore”, assinado entre outros, por Zola, Anatole France (que vai ser Premio Nobel de Literatura de 1921),e autor da célebre frase: “Aqueles que pensam que morrem pela pátria, morrem pelos grandes industriais”), e Marcel Proust, surge um outro documento de protesto dos escritores franceses, contra os vícios do processo Dreyfus (“L’Affaire Dreyfus”), judeu francês , falsamente acusado de traição,de espionagem, exigindo a sua revisão. O documento tinha um título: “Manifesto dos Intelectuais”. Era a certidão de nascimento da palavra. Até então, ela inexistia como substantivo; nenhum dos grandes dicionários a registrava. E os escritores de direita, Barres à frente, saíram em campo, tentando levar a palavra ao ridículo. E, notem que até hoje em dia ,isto ainda é feito,pelos conservadores.
Na mesma época, na Rússia czarista, Boborykin forjava outra palavra, intelligentisia, para designar o grupo de produtores de cultura, cuja função é dar aos homens uma nova interpretação do mundo. Lênin (1870 / 1924) dela muito gostava, e em seu célebre ensaio, “Sobre a Literatura e a Arte”, observa: “É preciso esforçar-se,o mais possível, para elevar o nível de consciência geral dos trabalhadores; é necessário que não se confinem no quadro artificialmente estreito de “literatura para trabalhadores”, mas, aprendam a compreender cada vez mais, a literatura para todos. Seria mais justo dizer, em lugar de “se confinem”,sejam confinados, porque os trabalhadores lêem e querem ler tudo o que se escreveu também para os intelectuais. E, só alguns (piedosos) intelectuais pensam que é suficiente falar aos trabalhadores da vida da usina, e repisar o que eles já sabem há muito tempo”.
Por outro aspecto, é bom lembrar que o filósofo francês Roger Garaudy, em seu livro “Do Anátema ao Diálogo” (1969), polemizando com católicos conservadores de seu país, sabiamenmte observou:
“Tem-se mesmo, por vezes, a impressão, quando se comparam os escritos de Teilhard de Chardin (1881 / 1955), ou do Pe. Durbale, com estas publicações ditas “populares” que se ensinam sob o mesmo nome, duas religiões diferentes. Quando nos explicam que se trata, simplesmente, de “por ao alcance dos mais simples”, aqueles ensinamentos, não podemos deixar de pensar que esta atitude implica profundo desprezo paternalista pelo povo, e que se pretende com isso, faze-lo estacionar em seu desenvolvimento, mantendo-o nos limites de um mundo intelectual há muito ultrapassado”.
Toda prática gera uma teoria, que é a interpretação desta prática. E, que por sua vez, volta a interagir sobre esta prática, dialética e sucessivamente. Todos os homens são intelectuais (pois todos, usam o intelecto), mas nem todos exercem na sociedade a função de intelectuais. Se alguém , num determinado momento frita dois ovos e um bife, os costura uma bainha de calça, isto não quer dizer que todo mundo seja cozinheiro ou alfaiate. O filósofo marxista Antonio Gramsci ( 1891 / 1937), que morreu nos cárceres fascistas, já dizia que se pode falar de intelectuais, mas é impossível de falar de não-intelectuais, porque não existem não-intelectuais.
“Não se pode separar o “homo faber” do homo sapiens”; em suma, todo homem fora de sua profissão, desenvolve uma atividade intelectual, qualquer, ou seja, é um “filósofo”, um artista, um homem de gosto, participa de uma concepção do mundo; possui uma linha consciente de conduta moral, e contribui para manter ou modificar um a concepção do mundo, isto é, para promover novas maneiras de pensar”. Disse-nos Gramsci, em sua obra “Os “Intelectuais e a Organização da Cultura” (1ªedição brasileira,Paz e Terra, 1968): “Cada grupo social , no terreno originário de uma função essencial no mundo da produção econômica, cria para si, ao mesmo tempo, de um modo orgânico, uma ou mais camadas de intelectuais, que lhe dão homogeneidade e consciência da própria função, não apenas no campo econômico, mas também , no social e no político: o empresário capitalista cria consigo o técnico da indústria, o cientista Da economia política, o organizador de uma nova cultura, de um novo direito,etc,etc”. E, mais adiante: “o tipo tradicional e vulgarizado do intelectual, é fornecido pelo literato, pelo filósofo, pelo artista; por isto, os jornalistas – que crêem ser literatos, filósofos, artistas – crêem ser também os “verdadeiros” intelectuais”, encerra o pensador italiano.
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Luiz Lima Barreiros - 20.09.2007
Na mesma época, na Rússia czarista, Boborykin forjava outra palavra, intelligentisia, para designar o grupo de produtores de cultura, cuja função é dar aos homens uma nova interpretação do mundo. Lênin (1870 / 1924) dela muito gostava, e em seu célebre ensaio, “Sobre a Literatura e a Arte”, observa: “É preciso esforçar-se,o mais possível, para elevar o nível de consciência geral dos trabalhadores; é necessário que não se confinem no quadro artificialmente estreito de “literatura para trabalhadores”, mas, aprendam a compreender cada vez mais, a literatura para todos. Seria mais justo dizer, em lugar de “se confinem”,sejam confinados, porque os trabalhadores lêem e querem ler tudo o que se escreveu também para os intelectuais. E, só alguns (piedosos) intelectuais pensam que é suficiente falar aos trabalhadores da vida da usina, e repisar o que eles já sabem há muito tempo”.
Por outro aspecto, é bom lembrar que o filósofo francês Roger Garaudy, em seu livro “Do Anátema ao Diálogo” (1969), polemizando com católicos conservadores de seu país, sabiamenmte observou:
“Tem-se mesmo, por vezes, a impressão, quando se comparam os escritos de Teilhard de Chardin (1881 / 1955), ou do Pe. Durbale, com estas publicações ditas “populares” que se ensinam sob o mesmo nome, duas religiões diferentes. Quando nos explicam que se trata, simplesmente, de “por ao alcance dos mais simples”, aqueles ensinamentos, não podemos deixar de pensar que esta atitude implica profundo desprezo paternalista pelo povo, e que se pretende com isso, faze-lo estacionar em seu desenvolvimento, mantendo-o nos limites de um mundo intelectual há muito ultrapassado”.
Toda prática gera uma teoria, que é a interpretação desta prática. E, que por sua vez, volta a interagir sobre esta prática, dialética e sucessivamente. Todos os homens são intelectuais (pois todos, usam o intelecto), mas nem todos exercem na sociedade a função de intelectuais. Se alguém , num determinado momento frita dois ovos e um bife, os costura uma bainha de calça, isto não quer dizer que todo mundo seja cozinheiro ou alfaiate. O filósofo marxista Antonio Gramsci ( 1891 / 1937), que morreu nos cárceres fascistas, já dizia que se pode falar de intelectuais, mas é impossível de falar de não-intelectuais, porque não existem não-intelectuais.
“Não se pode separar o “homo faber” do homo sapiens”; em suma, todo homem fora de sua profissão, desenvolve uma atividade intelectual, qualquer, ou seja, é um “filósofo”, um artista, um homem de gosto, participa de uma concepção do mundo; possui uma linha consciente de conduta moral, e contribui para manter ou modificar um a concepção do mundo, isto é, para promover novas maneiras de pensar”. Disse-nos Gramsci, em sua obra “Os “Intelectuais e a Organização da Cultura” (1ªedição brasileira,Paz e Terra, 1968): “Cada grupo social , no terreno originário de uma função essencial no mundo da produção econômica, cria para si, ao mesmo tempo, de um modo orgânico, uma ou mais camadas de intelectuais, que lhe dão homogeneidade e consciência da própria função, não apenas no campo econômico, mas também , no social e no político: o empresário capitalista cria consigo o técnico da indústria, o cientista Da economia política, o organizador de uma nova cultura, de um novo direito,etc,etc”. E, mais adiante: “o tipo tradicional e vulgarizado do intelectual, é fornecido pelo literato, pelo filósofo, pelo artista; por isto, os jornalistas – que crêem ser literatos, filósofos, artistas – crêem ser também os “verdadeiros” intelectuais”, encerra o pensador italiano.
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Luiz Lima Barreiros - 20.09.2007
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