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12/17/2007

José Wilson Malheiros


CONSCIÊNCIA NEGRA

Recentemente tivemos as merecidas celebrações do D0ia da Consciência Negra.
Muitas cidades do país, diversas entidades, o povo puderam, mais uma vez, rememorar a saga de Zumbi dos Palmares um dos maiores, talvez o maior vulto nacional na luta pela libertação dos escravos.
Resgato, agora, para a história, a saga de um personagem praticamente esquecido e que merecia, pelo menos na região do Baixo Amazonas, ser reverenciado.
Refiro-me a Pai Antônio. Escravo na região do Cacoal Grande, na fazenda pertencente ao Dr. Gama Abreu, promoveu uma campanha sistemática para livrar seus irmãos do cativeiro.
Tramava fugas, arranjava remo e canoa, expunha-se ao tronco, aos “anjinhos”, aos baraços simplesmente pelo amor à liberdade.
Com a sua colaboração logística e estratégica surgiram os quilombos do Trombetas, do Curuá e outros mais que em tamanho e importância para a região e para os nossos irmãos negros que ali se refugiavam rivalizava até mesmo com Palmares.
Até hoje ainda existem os remanescentes desses quilombos, sentinelas na luta pela liberdade.
Paulo Rodrigues dos Santos (Tupaiulândia), Vicente Salles (O negro no Pará), Éfrem Galvão (Romanceiro Mocorongo), Nazareno Tourinho (peça Teatral Pai Antônio) nos legaram informações valiosíssimas sobre aqueles heróis.
Atanásio, Belisário, Balduíno, Nego Cirilo, Nego Felix, Maria Felipa, José Sapateiro entre outros são os heróis hoje praticamente esquecidos de nós todos, mas que tiveram importância fundamental na luta de nossos irmãos afro-descendentes pela justa liberdade.
Hoje é fácil ser oposição. Mas já imaginaram que as punições para um escravo rebelde poderiam chegar à castração, à imersão num tacho de azeite fervente, à amputação de membros ou a deformação da formosura se fosse uma bela escrava a despertar ciúmes na sinhá?
Pai Antônio, após um julgamento forjado, um verdadeiro simulacro, uma aberração jurídica, foi condenado á forca.
Esse mártir da liberdade, como disse antes, está totalmente esquecido pela história. Merece ser resgatado e lembrado.
Mas os tempos vão passando e ainda existem neste nosso amado país muitos casos de escravatura. Não mais aqueles que vinham em navios negreiros, mas os irmãos que nascem nos guetos, nas baixadas, morrem na porta dos hospitais públicos, não encontram escola para estudar nem trabalho condigno, mourejam no infernos das prisões etc.

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4 comentários:

Anônimo disse...

Acabo de ler o artigo denominado Consciência Negra, escrito pelo Wilson Malheiros. Lúcido, objetivo, resgata para nós os paraenses fatos importantíssimos. Parabéns.

Anônimo disse...

Acabo de ler o artigo denominado Consciência Negra, escrito pelo Wilson Malheiros. Lúcido, objetivo, resgata para nós os paraenses fatos importantíssimos. Parabéns.

Anônimo disse...

Malheiros escreve como autêntico historiador. Precisamos conhecer os vultos da nossa história.

Anônimo disse...

Sou aluno do Professor Wilson Malheiros. Continuem publicando os artigos dele.
Pablo Noanes