Aos leitores do Enfoque Amazônico, a liberdade dos pássaros
Brasília – Estou sentado na Estação das Docas. A tarde começa a morrer. Ouço murmúrios – risos distantes, preces, Mozart. Uma potranca passa ao meu lado e deixa um rastro de Chanel 5 e maresia. Os cheiros disparam o mecanismo da memória, abrem a porta do coração, onde há jardins, grandes hotéis, romance, poesia, eternidade, as mulheres que amamos. Uma potranca vem em minha direção. Lembra um arbusto, porque é jovem e seus olhos têm clorofila, pois são duas grandes esmeraldas. Traja-se com um vestido de seda estampada, continuidade de sua pele de ébano. Terá vindo do Suriname?, ou das Antilhas Holandesas? Veio da República Dominicana? Ouço merengue.
Walmir Botelho gosta de Mario Vargas Llosa, que escreveu A Festa do Bode, romance ambientado na ditadura do general Rafael Leónidas Trujillo, da República Dominicana. Almocei com Walmir Botelho. Ele mandou preparar, para me receber, tamuatá no tucupi. À noite, bateremos papo. Não beberei sequer Cerpinha enevoada. Em 2000, mais de três décadas de álcool começaram a corroer minha memória, que desabava ladeira abaixo. Desde então fui reduzindo a dosagem. Hoje, faço apenas duas concessões: champanhe, na companhia da mulher amada, e Cerpinha enevoada quando chego a Belém.
A tarde é como 2007; morre docemente. Pedi ao meu Pai, neste Natal, que proteja as crianças e as flores, para o mundo continuar ouvindo seus risos e a sentir seu perfume; pedi, também, para Ele arrumar a manhã de todas as mulheres. Pedi, ainda, ao meu Pai, que não tem limites na sua riqueza, nem na sua generosidade, que dê um sol a cada um dos meus irmãos e irmãs, e alegria às suas famílias. Para os meus amigos e amigas pedi diamantes e rubis; para mim, uma rosa. E prometi trabalhar com mais concentração e afinco, em 2008, para que os frutos do meu trabalho alimentem os pássaros e sua liberdade.
A tarde morre inexoravelmente; escorre, como um rio de luzes que se afogam no mar da noite, para ressurgir no ventre da cidade e tremeluzindo na baía do Guajará, que se abre como uma boca à minha frente. Continuo sentado à mesa, na companhia da minha memória e de meus fantasmas. Sonho. Belém, à noite, é como as mulheres na beleza do mistério feminino, encantadora.
TV Liberal contrata executivo competente
As Organizações Rômulo Maiorana, maior grupo de comunicação da Amazônia, sediado em Belém, acaba de contratar um dos mais competentes jornalistas e publicitários da região, o macapaense Walter Júnior do Carmo, que, desde o dia 13, é gerente de expansão da TV Liberal, retransmissora da Rede Globo no Pará. Walter Júnior recebeu a missão de instalar 89 emissoras no interior do estado, em um ano, e de coordenar a implementação da TV Digital, além de criar departamentos de operação, comercial e de jornalismo nos município nos quais a TV Liberal ainda não os tem.
Homem de televisão, Walter Júnior é um grande documentarista; seu acervo pessoal creio que seja o mais completo sobre o Pará, com registros da cultura, da geografia e da polícia do belo estado amazônico. Ainda, Walter é autor do melhor blogue de charge – fotográfica e de texto – da Amazônia, Caneta Sem Fronteira (http://www.canetasemfronteira.blogspot.com/).
Walter e eu estreamos na tribo dos jornalistas quando cursávamos o antigo ginasial no Colégio Amapaense; publicamos, juntamente com o poeta José Edson dos Santos (Joy Edson), o jornalzinho A Rosa, que nos rendeu 15 dias de suspensão, e só não fui enquadrado no Decreto-Lei 477, que alijava da escola por quatro anos alunos considerados subversivos, porque meu amigo, já falecido, José Montoril, conseguiu desviar um comunicado do então secretário de Educação do antigo Território Federal do Amapá para o governador-general Ivanhoé Gonçalves Martins. Estávamos nos anos de chumbo.
A Rosa era apenas uma gozação.
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