PERCEPÇÃO
Seu cérebro era um bicho verde
De amplas narinas e boca ansiosa
Que corria de um lado a outro do cercado
Atônito
Atormentado
Sorvia pixels, fótons, altas doses de decibéis mentolados
Diariamente... pixels, fótons e vários megawatts de ondas sonoras
Meses... dias... horas após horas,
Pixels... fótons... sorvidos num prazer efusivoPixels... fótons... sugados num sorvedouro sem crivo
Algum dia, no futuro (era sabido desde já!)
Teria comido todo o planeta que eu acabei de inventar
Trêmulo, ele foi ao espelho e a si mesmo prometeu
Que ao chegar no fim de tudo
No olho do mundo que o tinha como seu
Impediria seu cérebro de comer o derradeiro pedaço
E passou a seguir, cauteloso, um minucioso passo a passo
A duras penas e a doses pequenas
De pixels, fótons e ondas de calor.
Mas veio o tempo...
Mas veio o tempo...
E, um dia, o mundo acabou
Seu cérebro foi minguando até que virou uma flor.
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Escrito em 29/02/2008, às 3h05
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● Ângela Gonzalez colabora eventualmente com este blog.
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