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6/08/2008

Campos Salles, 210


Passei boa parte da minha juventude no interior do casarão 210 da rua Campos Salles. Lá, funcionou o jornal A Província do Pará. Pertenci à redação anarquicamente dirigida por Euclides Chembra Bandeira. Trabalhei com Carlos Gomes, Ribamar Fonseca, Guilherme Augusto, Eloy Lins, Sérgio Noronha, Sérgio Palmquist, Natsuo Hiraoka, Beth Mendes, Ronaldo Brasiliense, Emanuel Squires, Genetulid Santos, Carlos Flexa, Ruth Rendeiro, Sula Maciel, Guilherme Barra, entre muitos outros. Era a Província dos tempos de Roberto Jares Martins e de Milton Trindade. Depois, sai de lá antes do jornal se tornar papel de embrulho nas mãos de Gengis Freire e Miguel Barulho.De quanto em vez passo pela frente do antigo sobrado, hoje carcomido pelo abandono. Na parte superior, nasceram árvores trepadeiras. O reboco está saindo aqui e ali. Nada faz lembrar os meus tempos de redação. A porta fechada já não me permite ver a portaria que nunca proibiu o repórter policial Walter Luis, o Tampa de Bilha, de entrar armado na redação. Por trás da portaria, ficava a imponente escada de madeira que dava acesso à redação, no pavimento superior.
Quando entrei no jornal, no finzinho da década de 70, a redação não tinha ar refrigerado. O pé direito era imenso. As janelas enormes. Numa das paredes, havia um painel de grandes proporções com o tema carnaval pintado com tinta de impressão pelo artista plástico Naval. O piso era de madeira escura e clara. Depois vieram as divisórias de fórmica, o rebaixamento do teto, o ar-refrigerado, o carpete no piso. Sai de lá, antes da chegada dos bárbaros.Hoje, o velho prédio, pedindo por clemência, tenta manter a dignidade em meio ao estridente mercado de quinta categoria que se instalou em volta.
Como dói essa saudade.
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Walter Pinto

Transcrito do site “O Paraense”, por gentileza de Ronaldo Brasiliense

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