SANTA CASA, CAPÍTULO III
Vejo nos jornais que o doutor. Antônio Anselmo Oliveira pediu para sair do cargo de Diretor da Santa Casa do Pará.
As fotos estampam fotografias macabras, evocando os tempos de atrocidade nazista: cadáveres de crianças miseráveis, embrulhados, amontoados à espera da vala comum.
A sociedade não merece tal coisa. Ele não merece isso. Conheço sua probidade, sua capacidade profissional, sua tenacidade. Mas, desta vez, meu primo parece haver saído para não ser enterrado junto com a respeitável instituição de saúde que há séculos sobrevive nos em nossa Terra, prestando serviços importantíssimos, principalmente aos menos favorecidos.
E, sobretudo, para não ficar servindo de boi de piranha, pois não devemos esquecer que estamos em épocas políticas e com certeza poderia ser chamado para responder por erros que não cometeu, embora eu tenha certeza que ali estava até mesmo de certa maneira laborando olimpicamente, pelo ideal da medicina que abraçou, por vocação.
Os problemas que ele encontrou ali, todos sabemos, não são novos e não podem ser jogados automaticamente à conta dos responsáveis atuais, em todos os níveis de governo.
Existe, como histórica e notoriamente se sabe, falta de investimentos suficientes, compatíveis, falhas de repasse de recursos básicos para que um hospital desse tipo funcione a contento.
Acho que a Santa Casa deveria há muito tempo fazer uma parada nos heróicos serviços que presta e ir para a rua, aos jornais, televisões, chamando veementemente a atenção da sociedade para os fatos que hoje estouram, despertando, dessa maneira, os ouvidos mais moucos.
Não sou especialista em administração hospitalar, mas uma reflexão dificilmente conduziria a respostas diferentes: muito imediatismo, muitas vezes para fazer o impossível com pouco suprimento, em vez de soluções mais profundas, estudadas com os experts da instituição, governo, políticos, sociedade etc.
Dizem os entendidos que, basicamente, para se encontrar soluções duradouras é necessário que se invista em equipamentos modernos, que se procure fazer uma remodelação administrativa, em todos os níveis (não por falta de capacidade técnica dos servidores), para que se possa trabalhar dentro dos padrões modernos administrativos.).
Teria chegada a hora de reunir-se e tentar rever os padrões, os cânones do assistencialismo que esse hospital presta ao público?
Como está funcionando o relacionamento com a previdência social pública, mormente com o SUS?
Como está é que não pode ficar. Não podemos continuar vendo a imprensa denunciar essas coisas escabrosas e tão dramáticas, o desespero de mães, pais, enfim, de familiares quando um “anjinho” desses ou mesmo um adulto falece antes do tempo marcado por assistência inexistente ou insuficiente.
Para eles a derradeira tábua de salvação parece ser Deus!
Mas que Deus é este, podem pensar, que só tem olhos para os hospitais de gente rica?
Cada um de nós, cada membro da sociedade, cada médico também somos instrumentos do Criador e temos nossa responsabilidade, sim, pois é por nosso intermédio que Ele age.
Mas para que o milagre aconteça é preciso menos reza, menos superstições ou pieguismos.
Para que tudo seja como almejamos, bastam duas coisas: boa vontade e trabalho!
Façamos a nossa parte, que isto pode e com certeza está em muitos hospitais por este mundo afora. Não há mais esperas.
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Vejo nos jornais que o doutor. Antônio Anselmo Oliveira pediu para sair do cargo de Diretor da Santa Casa do Pará.
As fotos estampam fotografias macabras, evocando os tempos de atrocidade nazista: cadáveres de crianças miseráveis, embrulhados, amontoados à espera da vala comum.
A sociedade não merece tal coisa. Ele não merece isso. Conheço sua probidade, sua capacidade profissional, sua tenacidade. Mas, desta vez, meu primo parece haver saído para não ser enterrado junto com a respeitável instituição de saúde que há séculos sobrevive nos em nossa Terra, prestando serviços importantíssimos, principalmente aos menos favorecidos.
E, sobretudo, para não ficar servindo de boi de piranha, pois não devemos esquecer que estamos em épocas políticas e com certeza poderia ser chamado para responder por erros que não cometeu, embora eu tenha certeza que ali estava até mesmo de certa maneira laborando olimpicamente, pelo ideal da medicina que abraçou, por vocação.
Os problemas que ele encontrou ali, todos sabemos, não são novos e não podem ser jogados automaticamente à conta dos responsáveis atuais, em todos os níveis de governo.
Existe, como histórica e notoriamente se sabe, falta de investimentos suficientes, compatíveis, falhas de repasse de recursos básicos para que um hospital desse tipo funcione a contento.
Acho que a Santa Casa deveria há muito tempo fazer uma parada nos heróicos serviços que presta e ir para a rua, aos jornais, televisões, chamando veementemente a atenção da sociedade para os fatos que hoje estouram, despertando, dessa maneira, os ouvidos mais moucos.
Não sou especialista em administração hospitalar, mas uma reflexão dificilmente conduziria a respostas diferentes: muito imediatismo, muitas vezes para fazer o impossível com pouco suprimento, em vez de soluções mais profundas, estudadas com os experts da instituição, governo, políticos, sociedade etc.
Dizem os entendidos que, basicamente, para se encontrar soluções duradouras é necessário que se invista em equipamentos modernos, que se procure fazer uma remodelação administrativa, em todos os níveis (não por falta de capacidade técnica dos servidores), para que se possa trabalhar dentro dos padrões modernos administrativos.).
Teria chegada a hora de reunir-se e tentar rever os padrões, os cânones do assistencialismo que esse hospital presta ao público?
Como está funcionando o relacionamento com a previdência social pública, mormente com o SUS?
Como está é que não pode ficar. Não podemos continuar vendo a imprensa denunciar essas coisas escabrosas e tão dramáticas, o desespero de mães, pais, enfim, de familiares quando um “anjinho” desses ou mesmo um adulto falece antes do tempo marcado por assistência inexistente ou insuficiente.
Para eles a derradeira tábua de salvação parece ser Deus!
Mas que Deus é este, podem pensar, que só tem olhos para os hospitais de gente rica?
Cada um de nós, cada membro da sociedade, cada médico também somos instrumentos do Criador e temos nossa responsabilidade, sim, pois é por nosso intermédio que Ele age.
Mas para que o milagre aconteça é preciso menos reza, menos superstições ou pieguismos.
Para que tudo seja como almejamos, bastam duas coisas: boa vontade e trabalho!
Façamos a nossa parte, que isto pode e com certeza está em muitos hospitais por este mundo afora. Não há mais esperas.
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jwmalheiros@hotmail.com
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