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12/12/2011

Homenagem a um amigo dileto


WILSON GOMES DE PAULA CARVALHO. Um grande homem que se foi




Abro espaço no Jornal do Feio para uma homenagem a grande amigo.
Wilson Gomes de Paula Carvalho, muanaense de quatro costados, meu vizinho – ele morava em frente de casa, aqui na Travessa Itaboraí, 88 - Bairro: Cruzeiro, na minha Vila Sorriso de Icoaraci, onde dirigia uma pequena mercearia, onde, também, eu pendurava as minhas compras para pagar no final do mês.
Mas Papai do Céu resolveu levar o meu bom amigo.
“Que coisa chata” disse ao perceber estava dando adeus a este mundo.
Wilson deixou saudade.
E muita.
A família forneceu a este blog a história deste homem extraordinário, que um dia veio enfeitar ainda mais o Sorriso da minha Vila.

Vale a pena conhecê-la:




Uma trajetória de vida com inicio em 27 de setembro de 1925. Nessa data nascia Wilson Gomes de Paula Carvalho, no município de Muaná, Ilha do Marajó, Estado do Pará. Filho de Idelfonso Luís de Carvalho e Francisca de Paula Carvalho (Dona Chiquinha). Teve três irmãos: Maiolino, Elen, Ilo e duas irmãs: Ilma e Meire.
Aos 26 anos levava uma vida simples como qualquer um da sua idade, até o dia em que se apaixonou por uma viúva, segundo ele, muito “bonitinha” de nome Izabel a quem chamava carinhosamente de “Bebé”. Arrebatou aquela mulher juntamente com seus quatro filhos do primeiro casamento (Lucy, Darcy, Bernardete e Chamundo) e se deu à luta.
Enfrentou a desaprovação de seus familiares, venceu o preconceito e decidiu viver e assumir um grande amor. Com muita disposição e vontade, assumiu a responsabilidade, travando aquele homem, de aparente estrutura frágil, uma batalha, tanto para sustentar a família, quanto a dar uma resposta à sua mãe e irmãs que eram francamente contrárias à união dele com uma viúva “cheia de filhos”. O que hoje ainda é um tabu, imagine naquele tempo! Era preciso muita personalidade.
A família cresceu, chegaram os três filhos do casal: Gilberto, Gilda e Mariínha - a menina apegada ao pai. Wilson nunca fez distinção entre os filhos, sempre quis lhe dar o melhor.
Neste período ganhou mais uma filha de coração, Dalva; tinha um ano de vida, pessoa importantíssima, acompanhou permanentemente o casal. Dalva conta com a gratidão de toda família, tendo papel fundamental nos últimos 12 anos da vida de Wilson Carvalho.
Para cumprir essa missão, tinha que trabalhar no mato tirando madeira, cortando seringueira, ajuntando azeite, ucuúba, fazendo roçado, plantando maniva, arroz, milho, tapando igarapé, sentando cacurí, tarefas estas que contava apenas com a cooperação e ajuda da mulher que sempre o apoiou.
Influenciado pela esposa "Bebé", colocou os filhos para estudar, pois acreditava – ele a esposa - ser a educação o melhor legado. Durou essa fase até os filhos concluírem o antigo curso primário.
Para garantir a continuidade dos estudos dos filhos, em 1973 mudou-se para a cidade, atitude que o sacrificou muito, porque tinha que ir todos os dias ao sítio “Coqueiro” tomar alimentos para prover sua família.
Fez isso diariamente por vários anos.
Resistiu à ideia da esposa de abrir uma mercearia, porque temia prejudicar o vizinho e amigo Antônio Nunes já estabelecido.
Convencido pela esposa "Bebé" da não procedência dessa preocupação, foi ter com seu filho primogênito Gilberto, já erradicado em Belém para continuidade dos estudos e trabalho.
Gilberto retirou da agencia bancaria toda poupança que mantinha e ofereceu a seu pai; importância essa que somados aos recursos que apurou com a venda de alguns animais de criação pode começar sua pequena mercearia.
O carisma, a simpatia, a disciplina, a honestidade, a perseverança, o respeito e principalmente pela vontade de agradar, contribuíram para um aumento considerável de fregueses, tornando-se em pouco tempo um dos comerciantes mais prósperos da cidade: financiava os aposentados e fornecia trigo a todas as padarias da cidade.
O sucesso foi tão grande, que bancou todas as despesas para formação dos seus filhos, desde o cursinho de preparação para o vestibular, até a Universidade. Presenteou seu filho primogênito com um automóvel, por reconhecida gratidão. Essa fase durou mais ou menos 16 anos.
Em 1990, os filhos já formados e trabalhando, prepararam a mudança deles para Icoaraci, pois a saúde, principalmente de sua esposa estava debilitada.
Compraram e reformaram uma casa construindo o pavimento superior com aposentos dignos, e providenciaram um ponto comercial na mesma, onde pôde continuar suas atividades, pois a ociosidade não fazia parte de sua vida.
O período complicado foi quando sofreu o acidente, quebrou a perna... difícil, pois homem acostumado a acordar cedo, sempre ativo, foi preciso ficar uns meses parado.
No ano de 1995 perde Bernardete; em 1996, Darci e em 2000 a maior de todas:perde sua grande companheira "Bebé".
A vida fica sem sentido, não foi fácil, mas conseguiu recuperar a alegria, sempre estimando e considerando seus filhos, genros, seus netos e bisnetos. Este apoio dos filhos, parentes e amigos foi muito importante para ajudá-lo a superar a tristeza e a dor das perdas.
Aliviado do trauma e a melhora da saúde, os incentivaram a participar ativamente das comemorações em família, onde dançava, se divertia, era uma alegria só.
Foram muitos os momentos felizes, de valorização da vida que se pode contar com a presença sempre marcante do nosso querido Wilson.
Teve grandes realizações; mas ver seus filhos encaminhados, construindo suas vidas com dignidade, honestidade sempre foi o grande orgulho, a certeza de missão cumprida.
Quando se recuperava de uma cirurgia de catarata, cujo resultado não houve tempo de avaliar, um AVC o surpreendeu ao redor de completar 86 anos.
Apesar da resistência que demonstrou durante 55 dias que ficou internado em UTI, não resistiu e foi arrebatado de nosso convívio para viver seu amor eterno com sua amada "Bebé"; pois, vale aqui lembrar, que o dia do seu sepultamento era o dia do aniversário dela.
Ele nos deixou órfãos; dele ficando as lembranças da alegria traduzida no sorriso aberto, nas danças, a troca de damas, as piadas que contava, o zelo que tinha com os filhos, netos e bisnetos e a felicidade que sentia a cada vitória do REMO - seu time do coração.
“QUE CHATO” ser vencido. Logo ele que sempre venceu todas as batalhas, todos os desafios.
“QUE COISA CHATA” ... uma alusão ao fato de ter que depender dos outros.
“QUE COISA CHATA”... uma das últimas frases que falou.
Ficou em coma, emudeceu... Era 04 de novembro de 2011.
Essa é a sinopse da vida de um GIGANTE, que nos deixou a melhor educação para nossas vidas.
Fica teu EXEMPLO; a história de um grande homem, que sempre nos deu e dará muito orgulho.
Siga teu caminho; tua luz continuará brilhando.

♦♦♦♦♦♦


Que a paz eterna te acompanhe


Mensagem lida na Missa de um mês de morte de Wilson Carvalho, celebrada na capela de São Geraldo Majela (Travessa Soledade - Icoaraci), por sua neta, a advogada e administradora Brenda Casara:


"Não podemos negar que sentimos muitas saudades, que gostaríamos que estivesse aqui, com tua alegria, teu entusiasmo, o teu sorriso. Sempre estarás presente entre nós, em nossos momentos, em nossas decisões. Teu exemplo será lembrado sempre. Uma pessoa correta nunca fracassará e será lembrado para sempre. Um homem que colocou a família em primeiro plano. Sempre atencioso perguntava por todos com enorme carinho e afeto, como estavam, a saúde, um grande protetor. Não apenas com a família, mas com todos sempre demonstrou, o grande respeito pelos semelhantes.
Perdoe-nos se te magoamos, te decepcionamos em algum momento, nos perdoe pelas preocupações que causamos. Sabemos que era uma pessoa sem magoa ou rancor, de coração e alma acolhedores, sempre em paz buscando a harmonia.
Não teremos mais tua presença ilustre em nossas reuniões festivas; tua animação nos fará muita falta; como não podemos alterar o curso da natureza só nos resta respeitá-la aceitando as suas decisões.
Parabéns por ter sido este ser humano extraordinário, incomparável:
Homem de nobres valores: respeito, honra, dignidade, paciência, fidelidade, sabedoria....
Cabe a nós o desafio de seguir teus exemplos continuar tua historia.
Queremos agradecer a Deus por todos os momentos que nos foi proporcionado a teu lado; por nos ter permitido a acompanhar tua luta pela vida; fostes muito forte até o ultimo momento, apesar de teu corpo frágil e a idade... surpreendeste os próprios médicos.
Foste muito amado por todos. Orgulhamos-nos muito do pai, do avô, do bisavô, do vizinho, do comerciante. Do esposo que fostes.
Nosso conforto é a certeza que cumpristes tua missão com muita competência. A saudade da amizade ficará na lembrança e em algumas fotos.
Muito obrigado por tua existência. 0brigado mesmo.
Prossigas teu caminho eterno...

E que a paz eterna te acompanhe."

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