Mulher sozinha na parada de ônibus
Meu posto ficava a meia dúzia de metros dela, permitindo-me percorrer com o olhar a jovem mulher impunemente e sem pressa. Já disse que seus olhos eram como o Atlântico e o Pacífico, e sua pele, rosada, tinha a contextura das pétalas das rosas ao orvalho e ao sol.
Brasília e os ratos
A Rodoviária do Plano Piloto, o coração de Brasília, é tratado pelo governo do Distrito Federal como uma pocilga. Mesmo assim, é infinitamente melhor do que a Rodoferroviária, que recebe e despacha ônibus interestaduais. Na Rodoferroviária, os banheiros fedem a podre e o prédio lembra ruínas, e seu subsolo é uma câmara de gás, pois a fumaça de velhos ônibus é excessiva e os exaustores não funcionam.
A tragédia da Amazônia
A Hiléia é como a menina de Abaetetuba, atirada em uma cela com dezenas de bandidos perigosos, durante um mês, estuprada e torturada dia após dia. Delegados, inclusive uma delegada, até uma juíza de direito, e toda a cidade, sabiam da ignomínia que se cometia naquele pântano humano. No fim, os policiais justificaram sua loucura alegando que a criança se oferecia aos presos, e que era débil mental. A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, achou tudo natural.
O paraíso é o Brasil
Nós, brasileiros, somos mesmo colonizados, até hoje. No Congresso Nacional, sede do parlamento brasileiro, em Brasília, o uniforme é o do velho colonizador - paletó e gravata. Nossas Havaianas, bermudas e camisetas só imperam nas cidades de praias. A propósito, apesar de possuirmos as melhores praias do planeta, muita gente sonha com os pedregulhos e areia grossa da Grécia, ou com os balneários frios, mas badalados, do Mediterrâneo e da Península Ibérica.
Sonhos
Acordo, às vezes, de madrugada, o coração disparado, pois no sonho fui atacado por um leão, ou perdi a mulher amada. O melhor de tudo é quando sonho com rosas vermelhas colombianas. Sei, então, que o dia seguinte será ensolarado, e que a mulher amada dirá que me ama.
Belém, meu amor
Nem os ratos que te conspurcam os seios, que te assaltam, que te depredam, que te estupram, te derrotarão. Não derrotarão tua beleza, nem emporcalharão tua dignidade, nem tua história de guerras, nem diminuirão tua glória, Belém. O amor que tantos sentem por ti te eterniza.
A boa vida segundo Hemingway
Durante 14 anos, o jornalista americano Aaron Edward Hotchener foi amigo do escritor Ernest Hemingway. Nessa fecunda convivência, Hotchener anotou, inclusive em guardanapos de papel, tiradas do grande escritor, no convívio com outras pessoas do seu tempo, muitas delas celebridades também, em vários lugares do mundo, além de fotografar Papa na sua casa em Cuba. O resultado disso é um livro delicioso.
O bom lugar é um paradoxo
O título desta crônica poderia ser O boa vida, ou Deu no New York Times. De qualquer forma, falo um pouco de uma espécie de catedral que me maravilha cada vez mais, me hipnotiza e me torna lúcido, e onde sinto a intimidade da alma: as livrarias.
Tanto mar?
Entregaram-me, hoje, em casa, um exemplar de Tanto mar? Portugal, o Brasil e a Europa, do embaixador Francisco Seixas da Costa, que deixou Brasília para servir em Paris. Pus o volume sobre a pilha de livros que preciso ler, por diversas razões...
2009
A infância e a juventude servem para sentirmos as dimensões do mundo, funcionam como o lento encarnar do espírito, a caminhada rumo à luz. Essa metamorfose ocorre inúmeras vezes. E nessa caminhada, sensações e aprendizados vão nos preparando para a ascensão na escala infinita da vida.
Meu posto ficava a meia dúzia de metros dela, permitindo-me percorrer com o olhar a jovem mulher impunemente e sem pressa. Já disse que seus olhos eram como o Atlântico e o Pacífico, e sua pele, rosada, tinha a contextura das pétalas das rosas ao orvalho e ao sol.
Brasília e os ratos
A Rodoviária do Plano Piloto, o coração de Brasília, é tratado pelo governo do Distrito Federal como uma pocilga. Mesmo assim, é infinitamente melhor do que a Rodoferroviária, que recebe e despacha ônibus interestaduais. Na Rodoferroviária, os banheiros fedem a podre e o prédio lembra ruínas, e seu subsolo é uma câmara de gás, pois a fumaça de velhos ônibus é excessiva e os exaustores não funcionam.
A tragédia da Amazônia
A Hiléia é como a menina de Abaetetuba, atirada em uma cela com dezenas de bandidos perigosos, durante um mês, estuprada e torturada dia após dia. Delegados, inclusive uma delegada, até uma juíza de direito, e toda a cidade, sabiam da ignomínia que se cometia naquele pântano humano. No fim, os policiais justificaram sua loucura alegando que a criança se oferecia aos presos, e que era débil mental. A governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, achou tudo natural.
O paraíso é o Brasil
Nós, brasileiros, somos mesmo colonizados, até hoje. No Congresso Nacional, sede do parlamento brasileiro, em Brasília, o uniforme é o do velho colonizador - paletó e gravata. Nossas Havaianas, bermudas e camisetas só imperam nas cidades de praias. A propósito, apesar de possuirmos as melhores praias do planeta, muita gente sonha com os pedregulhos e areia grossa da Grécia, ou com os balneários frios, mas badalados, do Mediterrâneo e da Península Ibérica.
Sonhos
Acordo, às vezes, de madrugada, o coração disparado, pois no sonho fui atacado por um leão, ou perdi a mulher amada. O melhor de tudo é quando sonho com rosas vermelhas colombianas. Sei, então, que o dia seguinte será ensolarado, e que a mulher amada dirá que me ama.
Belém, meu amor
Nem os ratos que te conspurcam os seios, que te assaltam, que te depredam, que te estupram, te derrotarão. Não derrotarão tua beleza, nem emporcalharão tua dignidade, nem tua história de guerras, nem diminuirão tua glória, Belém. O amor que tantos sentem por ti te eterniza.
A boa vida segundo Hemingway
Durante 14 anos, o jornalista americano Aaron Edward Hotchener foi amigo do escritor Ernest Hemingway. Nessa fecunda convivência, Hotchener anotou, inclusive em guardanapos de papel, tiradas do grande escritor, no convívio com outras pessoas do seu tempo, muitas delas celebridades também, em vários lugares do mundo, além de fotografar Papa na sua casa em Cuba. O resultado disso é um livro delicioso.
O bom lugar é um paradoxo
O título desta crônica poderia ser O boa vida, ou Deu no New York Times. De qualquer forma, falo um pouco de uma espécie de catedral que me maravilha cada vez mais, me hipnotiza e me torna lúcido, e onde sinto a intimidade da alma: as livrarias.
Tanto mar?
Entregaram-me, hoje, em casa, um exemplar de Tanto mar? Portugal, o Brasil e a Europa, do embaixador Francisco Seixas da Costa, que deixou Brasília para servir em Paris. Pus o volume sobre a pilha de livros que preciso ler, por diversas razões...
2009
A infância e a juventude servem para sentirmos as dimensões do mundo, funcionam como o lento encarnar do espírito, a caminhada rumo à luz. Essa metamorfose ocorre inúmeras vezes. E nessa caminhada, sensações e aprendizados vão nos preparando para a ascensão na escala infinita da vida.
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