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2/18/2008

Ilhas e trilhas de Belém na rota do turismo


Foto: Elivaldo Pamplona






A Coordenadoria Municipal de Turismo (Belemtur) está desenvolvendo um trabalho de incentivo e fortalecimento de atividades turísticas nas ilhas e comunidades ribeirinhas de Belém, principalmente nos distritos de Outeiro e Mosqueiro. Com esse objetivo vem realizando visitas técnicas nessas localidades visando estudos de viabilidade de novas trilhas turísticas.
Segundo Wady Khayat, coordenador da Belemtur, Mosqueiro, Outeiro, Icoaraci e Belém oferecem boas opções de trilhas e há uma demanda de visitantes que precisa ser incentivada para descobrir esses espaços. Um exemplo, diz ele, é o Parque Municipal da Ilha do Mosqueiro, uma unidade de conservação formada pelas ilhas do Cotovelo, Terra Alta e Carará, ladeada pelos rios Murubira e Tamanduá. São três mil metros de trilhas ecológicas.
O Parque fica ao lado dos igarapés Tamanduá e Cajueiro e pelo rio Murubira. A Ilha de Combu, que faz parte de Outeiro, é também uma opção para quem busca o ecoturismo e está entre as mais visitadas. Distante apenas 1,5 km ao sul de Belém, é acessível através de passeios diários em embarcações que saem da Praça Princesa Izabel e da Estação das Docas, em caso de pacotes fechados pelas agências de turismo. Novos Roteiros - Esta semana duas visitas técnicas aconteceram na comunidade de Caratateua, em Outeiro. Além do coordenador da Belemtur, participaram representantes do Ecomuseu da Amazônia, ligado à Secretaria Municipal de Educação (Semec), Escola Bosque, Gerência Regional do distrito e Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo (Abrajet-Pará).
A nova trilha, que está sendo avaliada, envolve 870 metros a partir da Escola de Pesca, na rua Evandro Bonna com a passagem São José, conhecida também como passagem Olho D´água, pela abundância de fontes naturais de água que jorram da floresta. O roteiro envolve 10 minutos de caminhada na floresta densa, com direito a apreciar vegetação típica da Amazônia, incluindo árvores frutíferas como açaí, cupuaçu, abio, bacuri, cacau, jaca e tucumã.
Árvores centenárias de eucaliptos e seringueiras também podem ser observadas. Uma primeira parada é em um trapiche de madeira às margens de um braço do rio Maguari, de onde dá para observar o processo de desenvolvimento de caranguejos e a alta e baixa da maré.

"Tem Tem" -Seguindo pela trilha é encontrado um lugar inusitado, o Barracão do Tem Tem, residência humilde de um casal de ribeirinhos que é referência para a cultura local. Fica na comunidade Trindade, bairro de Itaiteua.
"Aqui recebemos a comunidade e realizamos os ensaios do nosso grupos folclórico de cordão de pássaros, pastorinhas, folia de reis e carimbó, conta Jorsonleide Paes, de 72 anos, mais conhecida como Dona Zula. O grupo, que já se apresentou fora do Estado, tem 35 dançarinos, todos da própria comunidade, entre eles, o pescador José Demétrio Cardoso, de 75 anos, esposo de Dona Zula. Ele interpreta o matuto do "Pássaro" e é muito querido no grupo, que tem apresentações registradas em DVD e no livro "Brincadeiras de Mestre".
Wady Khayat informou que a Belemtur vai captar apoio institucional da Prefeitura para garantir melhorias do Barracão do Tem Tem para que seja uma referência cultural e até gastronômica aos turistas que visitarem a trilha.

Alternativas - O estudante de turismo e hospitalidade do Cefet, Gleidson da Silva, 23 anos, acompanhou a visita técnica e aprovou a iniciativa. Para ele, que é estagiário do Ecomuseu da Amazônia, "é importante que Belém ofereça alternativas a quem aprecia o turismo". Eliana Costa, técnica do Ecomuseu, avaliou positivamente a área e disse que antes de abrir a trilha ao público, "é preciso um estudo minucioso, um mapeamento das inúmeras espécies nativas do local".
A turismóloga da Belemtur Luciana Mendes ressaltou que, além dos atrativos naturais que a nova trilha vai oferecer aos turistas Outeiro tem outras alternativas para oferecer ao visitante. Além das praias e balneários o artesanato e a cerâmica são diferenciais importantes.

Cerâmicas - A equipe técnica também conheceu o processo de fabricação de cerâmicas de Caratateua, que tem como principal produtor o artesão Luiz Reis, aprendiz do Mestre Cardoso, ícone da cerâmica em Icoaraci e reconhecido nacional e internacionalmente.
Luiz conta que após trabalhar 23 anos em Icoaraci resolveu investir na cerâmica de Caratateua. A inspiração veio depois de receber uma encomenda de 40 peças do México. Exportadas para os Estados Unidos, foram feitas de acordo com o gosto do cliente, com traços e características mexicanas mas com uma forte influência do artista.
Com um trabalho reconhecido no Pará e em São Paulo, especialmente, Luiz exporta hoje para o Canadá, EUA, Japão, entre outros países. Mas, o principal consumidor está bem pertinho, é Icoaraci, conta o artesão, enquanto prepara mais uma de suas peças, que foram caracterizadas ao substituir os traços marajoaras e tapajônicos por simbologias atuais, da própria comunidade, como desenhos de peixes, plantas nativas, ondas de rios, etc.
O processo de avaliação da nova trilha, em Caratateua, deve ser concluído até o final do mês, segundo o coordenador da Belemtur. Ele afirma que a trilha deverá ser inaugurada em março, quando a Prefeitura vai inaugurar também a Escola de Pesca, que vai atender as famílias de ribeirinhos, melhorando as técnicas e práticas de pesca na comunidade.
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Benigna Soares

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