ELEIÇÕES MUNICIPAIS
Estamos, praticamente, às vésperas das eleições municipais, edição-2008. A classe política, e, por extensão, também o seu eleitorado, vive e respira oxigênio da campanha eleitoral, que tem, nos profissionais da comunicação, a sua mais importante ferramenta na arte de criar votos. E, para vencer a corrida eleitoral, há um verdadeiro exército de prontidão, como soem ser: jornalistas, publicitários e marqueteiros que se desdobram no árduo e defeca caminho até as urnas. Eles não são santos, mas fazem verdadeiros milagres quando o assunto é eleição, com ou sem poder econômico, porque é possível um “azarão” pobre vencer o milionário que apostou apenas na pesquisa, sem contudo,conseguir levar a todo os segmentos da sociedade, fácil interpretação de suas propostas de políticas públicas, porque as vezes vendem ilusão, na tentativa de se identificar como um estadista, para a solução de todos os problemas. O apanágio da consciência do estadista, é o sentimento de responsabilidade pelos problemas , sentimento que lhe impõe o dever incessante e indeclinável de lhes dar solução. A essa qualidade, nem todos possuem. Mas, permanecem na luta, porque quem não luta, não sabe o que é a luta.
São desdobramentos relacionados com a ética que deve ser –sem disfarces. Pois, a ética como padrão de comportamento, é um todo inteiriço de personalidade própria. Abrange a conduta humana do ponto de vista do bem e do mal. A partir daí, o homem se pauta por valores que freqüentemente flutuam entre os extremos da escala moral. Temos a par do comportamento ético, posturas marginais se manifestando como poses anti-éticas, não éticas, quase-éticas, meio-éticas, etc.
E, predominando sobre todas essas vertentes, o famoso comportamento acético, de presença freqüente no vocabulário dos que utilizam o cartão corporativo, pago com o dinheiro do contribuinte. Vivemos,então o primado de uma “ética relativa”, permissiva.
QUANDO AS PESQUISAS FALHAM
Em 1974, nas 16 derrotas que abalaram o governo militar, os institutos de pesquisa falharam redondamente em dois casos: Rio Grande do Norte e São Paulo. No Rio Grande do Norte, a ARENA, partido do governo, tinha tudo para ganhar a eleição e o MDB tinha tudo para perder. A ARENA controlava mais de 90% dos 144 prefeitos, contando ainda com dois senadores, quatro deputados federais e doze estaduais. O MDB tinha somente 6 deputados estaduais, 2 federais e 1 senador, e seus diretórios estavam organizados em somente um terço dos municípios do Estado. Os candidatos em confronto para o Senado eram de um lado Djalma Marinho, homem culto reconhecido como talentoso por todo país pela ARENA; do outro lado, o ex-marinheiro Agenor Maria, pela oposição. É evidente que ninguém levou a sério a candidatura de Agenor que de 68 a 74, ficou fora da política, até que o antigo MDB foi buscá-lo, por não ter outra opção, para disputar a senatoria contra o culto e preparado Djalma Marinho. De inicio, poucos acreditaram nas chances do candidato do MDB. Porém, para mostrar, mais uma vez, que nem sempre o dinheiro, o poder, e as pesquisas podem ganhar eleição, Agenor Maria começou logo a campanha desafiando o candidato Djalma Marinho para um debate público na televisão (ressalte-se que a ARENA apresentava Agenor como um marinheiro com tatuagens pelo corpo, um agricultor analfabeto que nada tinha a dizer ao povo). Seu objetivo era mostrar que eleições também são ganhas com perspicácia, com inteligência, com a colaboração de uma adequada estratégia de campanha.
Na ocasião do desafio, Djalma Marinho disse:”não poderei nunca debater com esse rapaz – nada tenho a aprender com ele e ele está velho para que eu possa ensinar-lhe qualquer coisa”.
Essa demonstração de auto-suficiência não ganhou simpatia popular. E, Agenor dando um verdadeiro golpe de judô eleitoral em Djalma Marinho, declarou ao público: “Convidei meu letrado, doutor e culto opositor da estirpe, da elite udenista para um debate aqui. Ele não aceitou para me humilhar. Mas, imbatível, só Deus. Não temo a cultura dele. Não disputo uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, mas uma cadeira de representante popular. O que interessa a mim e ao povo não é discutir literatura francesa, nem autores estrangeiros, e sim o arrocho salarial, a marginalização do homem do campo, o 477. Essa campanha de humilhação contra mim despertou a classe universitária, que me convidou para um debate na Faculdade de Comunicação. Tinha lá uma multidão. Contei minha vida, minhas lutas, minhas idéias, meus planos para o Senado. Quando acabei o debate, a salva de palmas foi grande demais para os meus méritos. Senti que os estudantes estavam comigo”.
Houve um comício de Agenor Maria, em Mossoró, que começou às 19 horas e acabou às 10 horas da manhã do dia seguinte com passeatas e comícios por todos os bairros.
Comentando posteriormente o resultado das eleições, em Brasília, Agenor Maria afirmou com humildade:”não fui eu quem derrotou a ARENA, foi o povo. O Dr. Djalma Marinho está intrigado comigo,não sei porquê. Ele é um homem sério, um homem sábio, um homem de bem. Sou culpado por ele ter perdido a eleição? O discurso do Djalma na convenção da ARENA foi muito bonito, mas tinha umas dez palavras que eu não entendi e não encontrei no dicionário. Ele ainda citou um tal de Robles (referência ao famoso filósofo político inglês Thomas Hobbes) que eu não consegui entender quem ´´e, nem achei quem me explicasse. É por isso que na campanha uma pessoa disse: Vou votar em Djalma porque ele tem muita cultura e Agenor é um burro. E um outro respondeu: - Prefiro um burro trabalhando do que um trator parado. E, continuou Agenor Maria: Não fiquem pensando que sou contra quem sabe. Ao contrário, eu sempre lutei para o povo melhorar.O que não se pode é desprezar o povo, e não se dar a ele oportunidade de estudar. Eu,por exemplo, só tenho o ginásio que fiz como marinheiro, no Colégio Plínio Leite,de Niterói. Agora, aqui em Brasília,já que sou Senador, vou fazer madureza, depois Direito. Sempre foi meu sonho estudar advocacia, ai ninguém me segura. E,na realidade fez todos esses cursos, destacando-se como advogado e parlamentar.
Estamos, praticamente, às vésperas das eleições municipais, edição-2008. A classe política, e, por extensão, também o seu eleitorado, vive e respira oxigênio da campanha eleitoral, que tem, nos profissionais da comunicação, a sua mais importante ferramenta na arte de criar votos. E, para vencer a corrida eleitoral, há um verdadeiro exército de prontidão, como soem ser: jornalistas, publicitários e marqueteiros que se desdobram no árduo e defeca caminho até as urnas. Eles não são santos, mas fazem verdadeiros milagres quando o assunto é eleição, com ou sem poder econômico, porque é possível um “azarão” pobre vencer o milionário que apostou apenas na pesquisa, sem contudo,conseguir levar a todo os segmentos da sociedade, fácil interpretação de suas propostas de políticas públicas, porque as vezes vendem ilusão, na tentativa de se identificar como um estadista, para a solução de todos os problemas. O apanágio da consciência do estadista, é o sentimento de responsabilidade pelos problemas , sentimento que lhe impõe o dever incessante e indeclinável de lhes dar solução. A essa qualidade, nem todos possuem. Mas, permanecem na luta, porque quem não luta, não sabe o que é a luta.
São desdobramentos relacionados com a ética que deve ser –sem disfarces. Pois, a ética como padrão de comportamento, é um todo inteiriço de personalidade própria. Abrange a conduta humana do ponto de vista do bem e do mal. A partir daí, o homem se pauta por valores que freqüentemente flutuam entre os extremos da escala moral. Temos a par do comportamento ético, posturas marginais se manifestando como poses anti-éticas, não éticas, quase-éticas, meio-éticas, etc.
E, predominando sobre todas essas vertentes, o famoso comportamento acético, de presença freqüente no vocabulário dos que utilizam o cartão corporativo, pago com o dinheiro do contribuinte. Vivemos,então o primado de uma “ética relativa”, permissiva.
QUANDO AS PESQUISAS FALHAM
Em 1974, nas 16 derrotas que abalaram o governo militar, os institutos de pesquisa falharam redondamente em dois casos: Rio Grande do Norte e São Paulo. No Rio Grande do Norte, a ARENA, partido do governo, tinha tudo para ganhar a eleição e o MDB tinha tudo para perder. A ARENA controlava mais de 90% dos 144 prefeitos, contando ainda com dois senadores, quatro deputados federais e doze estaduais. O MDB tinha somente 6 deputados estaduais, 2 federais e 1 senador, e seus diretórios estavam organizados em somente um terço dos municípios do Estado. Os candidatos em confronto para o Senado eram de um lado Djalma Marinho, homem culto reconhecido como talentoso por todo país pela ARENA; do outro lado, o ex-marinheiro Agenor Maria, pela oposição. É evidente que ninguém levou a sério a candidatura de Agenor que de 68 a 74, ficou fora da política, até que o antigo MDB foi buscá-lo, por não ter outra opção, para disputar a senatoria contra o culto e preparado Djalma Marinho. De inicio, poucos acreditaram nas chances do candidato do MDB. Porém, para mostrar, mais uma vez, que nem sempre o dinheiro, o poder, e as pesquisas podem ganhar eleição, Agenor Maria começou logo a campanha desafiando o candidato Djalma Marinho para um debate público na televisão (ressalte-se que a ARENA apresentava Agenor como um marinheiro com tatuagens pelo corpo, um agricultor analfabeto que nada tinha a dizer ao povo). Seu objetivo era mostrar que eleições também são ganhas com perspicácia, com inteligência, com a colaboração de uma adequada estratégia de campanha.
Na ocasião do desafio, Djalma Marinho disse:”não poderei nunca debater com esse rapaz – nada tenho a aprender com ele e ele está velho para que eu possa ensinar-lhe qualquer coisa”.
Essa demonstração de auto-suficiência não ganhou simpatia popular. E, Agenor dando um verdadeiro golpe de judô eleitoral em Djalma Marinho, declarou ao público: “Convidei meu letrado, doutor e culto opositor da estirpe, da elite udenista para um debate aqui. Ele não aceitou para me humilhar. Mas, imbatível, só Deus. Não temo a cultura dele. Não disputo uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, mas uma cadeira de representante popular. O que interessa a mim e ao povo não é discutir literatura francesa, nem autores estrangeiros, e sim o arrocho salarial, a marginalização do homem do campo, o 477. Essa campanha de humilhação contra mim despertou a classe universitária, que me convidou para um debate na Faculdade de Comunicação. Tinha lá uma multidão. Contei minha vida, minhas lutas, minhas idéias, meus planos para o Senado. Quando acabei o debate, a salva de palmas foi grande demais para os meus méritos. Senti que os estudantes estavam comigo”.
Houve um comício de Agenor Maria, em Mossoró, que começou às 19 horas e acabou às 10 horas da manhã do dia seguinte com passeatas e comícios por todos os bairros.
Comentando posteriormente o resultado das eleições, em Brasília, Agenor Maria afirmou com humildade:”não fui eu quem derrotou a ARENA, foi o povo. O Dr. Djalma Marinho está intrigado comigo,não sei porquê. Ele é um homem sério, um homem sábio, um homem de bem. Sou culpado por ele ter perdido a eleição? O discurso do Djalma na convenção da ARENA foi muito bonito, mas tinha umas dez palavras que eu não entendi e não encontrei no dicionário. Ele ainda citou um tal de Robles (referência ao famoso filósofo político inglês Thomas Hobbes) que eu não consegui entender quem ´´e, nem achei quem me explicasse. É por isso que na campanha uma pessoa disse: Vou votar em Djalma porque ele tem muita cultura e Agenor é um burro. E um outro respondeu: - Prefiro um burro trabalhando do que um trator parado. E, continuou Agenor Maria: Não fiquem pensando que sou contra quem sabe. Ao contrário, eu sempre lutei para o povo melhorar.O que não se pode é desprezar o povo, e não se dar a ele oportunidade de estudar. Eu,por exemplo, só tenho o ginásio que fiz como marinheiro, no Colégio Plínio Leite,de Niterói. Agora, aqui em Brasília,já que sou Senador, vou fazer madureza, depois Direito. Sempre foi meu sonho estudar advocacia, ai ninguém me segura. E,na realidade fez todos esses cursos, destacando-se como advogado e parlamentar.
A vitória de Agenor Maria, em 74, encerrou, em estado bruto, uma série de princípios elementares de marketing político. Eles foram aplicados por um homem que nem sabia o que era marketing político, mas que era dotado de extraordinário bom-senso e notável empatia para as coisas populares.E marketing político, apóia-se não só em conhecimentos técnicos, mas muito também em bom-senso e sabedoria política. Essas duas qualidades no pleito de 74, no Rio Grande do Norte, sem dúvida, faltaram ao culto, inteligente e bravo Djalma Marinho.
VOTO DE CABRESTO
O voto de cabresto é uma modalidade da fraude eleitoral de natureza psicológica, onde alguém procura eleitores desprotegidos a votar em determinado candidato, sob o argumento de que quebrará o sigilo do voto podendo identificar em quem o eleitor votou
No sistema da votação tradicional existia uma forma muito difundida de se conseguir quebrar o sigilo do voto de eleitores intimidados. Era chamado de voto-carreirinha e se valia do fato do eleitor depositar seu voto em papel nas urnas. Consistia em fazer que cada eleitor levasse consigo uma cédula oficial já preenchida quando entrasse para votar, a depositasse na urna e trouxesse sua cédula vazia para fora da seção eleitoral. A primeira cédula para dar partida ao processo era obtida com um mesário conivente.
A técnica para impedir a fraude era numerar as cédulas externamente, de 1 a 5 por exemplo, dá-las em seqüência aos eleitores e verificar se este depositava a mesma cédula que recebeu. Mas não era prática que a Justiça Eleitoral impunha aos mesários de forma que a fraude só persistiu até que, com a adoção das urnas eletrônicas, o eleitor deixou de depositar o voto em urnas de lona, desarticulando o esquema.
VOTO DE CABRESTO
O voto de cabresto é uma modalidade da fraude eleitoral de natureza psicológica, onde alguém procura eleitores desprotegidos a votar em determinado candidato, sob o argumento de que quebrará o sigilo do voto podendo identificar em quem o eleitor votou
No sistema da votação tradicional existia uma forma muito difundida de se conseguir quebrar o sigilo do voto de eleitores intimidados. Era chamado de voto-carreirinha e se valia do fato do eleitor depositar seu voto em papel nas urnas. Consistia em fazer que cada eleitor levasse consigo uma cédula oficial já preenchida quando entrasse para votar, a depositasse na urna e trouxesse sua cédula vazia para fora da seção eleitoral. A primeira cédula para dar partida ao processo era obtida com um mesário conivente.
A técnica para impedir a fraude era numerar as cédulas externamente, de 1 a 5 por exemplo, dá-las em seqüência aos eleitores e verificar se este depositava a mesma cédula que recebeu. Mas não era prática que a Justiça Eleitoral impunha aos mesários de forma que a fraude só persistiu até que, com a adoção das urnas eletrônicas, o eleitor deixou de depositar o voto em urnas de lona, desarticulando o esquema.
Nenhum comentário:
Postar um comentário