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2/08/2008

Tribuna do Alvaro Jorge

Barbosa Lima Sobrinho - Um exemplo de dignidade

Esgotadas as alegrias, emoções, tristezas, dor e sofrimento da folia carnavalesca, a sociedade prepara-se, agora, para vivenciar e exercitar, obrigatoriamente, o carnaval eleitoral que vai eleger prefeitos e vereadores, com a sagrada missão e obrigação de defender os superiores interesses do povo e do município, através do seguinte compromisso:
“Prometo defender e cumprir a Constituição Federal, A Constituição Estadual, A Lei Orgânica do Município, as demais Leis e trabalhar em benefício dos reais interesses do povo e do Município e sustentar a União, a Integridade e a Independência Independência do Brasil, com o objetivo de construir uma sociedade Livre, Justa e Solidária”.
De acordo com os Anais da História das competições eleitorais, mais de 90% dos eleitos transformam o “juramento”, na mais pura ficção, com sessões de retóricas, revitalizadas ao sabor de suas conveniências pessoais, antes, durante e depois daquela importante ferramenta anti-ética que se transformou em regra:a infidelidade partidária que agora o Tribunal Superior Eleitoral está eliminando, por entender que o mandato do parlamentar ou do executivo, pertence ao partido, e não ao candidato eleito pela vontade soberana do povo.
O livro antológico de Alexandre José Barbosa Lima Sobrinho (foto), com o titulo: 100 Anos de Vida Lutando Pelo Brasil, organizado por Edson Teixeira Queiroz, que tive a honra de ser premiado com um exemplar, autografado por aquele ícone da democracia, Barbosa Lima Sobrinho, no dia do seu centenário, em sua residência, no Bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, em 200l. E, em cuja obra, fiquei fascinado por este desafio que ele lançou:
“Faço um desafio a todos. Quero que alguém encontre nos 3.600 artigos que escrevi à vida toda, uma só palavra que não seja em defesa do Brasil. Não contava chegar aos cem anos. Se fui agraciado com o centenário, afirmo que os dias que ou o tempo que ainda viver serão empregados todos na defesa do Brasil, sem desperdiçar um só momento”.
Mais adiante, ao justificar o desafio, afirma: “No Brasil, só há dois partidos: o de Tiradentes e o de Silvério dos Reis. O que não transige com o interesse do Brasil e o que atrela o destino do Brasil ao destino de uma não estrangeira.”
Trata-se de uma afirmação que mostra claramente que a maioria da classe política veste a camisa do partido de Silvério dos Reis, fortalecendo cada vez mais o magistério da traição, que rotineiramente ocorre por motivos óbvios: interesses contrariados, o que explica que – em política partidária, o difícil é conciliar interesses político-partidários, com interesses pessoais. E, em circunstâncias como esta, prevalece a máxima franciscana do – é dando que se recebe.
A política tem sido maculada, não apenas pela falsidade dos criadores de doutrinas, mas também pela deslealdade de seus seguidores, pela mudança de caráter de alguns políticos, cuja ideologia só é perseguida até o momento em que o mesmo obtém a conquista de um lugar entre aqueles aos quais se opunha.
Se, na verdade, todos os políticos defendessem o interesse coletivo, a lei, a justiça, a ordem e pugnassem por objetivos sinceros na defesa comum de todos, a política seria a solução ideal para os problemas que nos mantém escravos constantes dos conflitos universais.
Voltando ao tema traição, é oportuno lembrar que na história da humanidade, nada pode ser comparado à traição sofrida por Júlio César, imperador de Roma, quando foi apunhalado por seus amigos (e que amigos) voltou-se para o filho adotivo Mário Júnio Bruto (Brutus), que ao contrário do que imaginava o imperador, estava em conluio com os seus comparsas, aplicando em César o golpe final da morte. Resistindo aos seus algozes, quando César percebeu a traição do filho, entregando-se à morte, indagou: Também tu, meu filho?
A herança da traição e da ingratidão na política tem sido distribuída entre a honra e o poder, entre o poder e a ética, no campo do direito, da justiça, da moral, dos bons costumes, e tem atingido e perseguido amiúde bons e maus governantes.
A política, como ciência, deve ser cuidadosamente estudada como fazem todos os sábios que cultivam um cérebro aprimorado ou os filósofos criadores de teorias e axiomas em busca da verdade. Como arte, todavia, muitos desses sábios e intelectuais não são capazes de manipulá-la com habilidade e sucesso.
Em campo diametralmente oposto aos políticos seguidores do clube de Silvério dos Reis, tivemos o saudoso presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Barbosa Lima Sobrinho, que se pode afirmar que – ele foi um homem símbolo no Brasil, por sua dignidade, por sua coragem, por sua cultura, por sua autonomia, por sua coerência. Foi uma figura emblemática, um padrão de honradez, escritor, jornalista, advogado, que nos deixou aos 103 anos de idade, cujos exemplos constituem um paradigma de dignidade e valor.
Lamentavelmente, o homem, considerado desde os tempos de Aristóteles como um animal político, tem sido o grande responsável pelo desvirtuamento da filosofia dessa atividade, na sua verdadeira essência. Praticando a politicagem, os representantes do povo adotam o sistema habitual de defender interesses particulares, sem escrúpulos no manuseio da coisa pública. Confiantes na impunidade e que o poder lhes proporciona, adotam comportamento não recomendáveis pela ética e pela moral.
A história tem sido marcada pela presença de grandes líderes , não só na política, mas também, na religião, nas artes e ciências. São lideranças que tem sido exercidas nos mais diversos segmentos da existência humana. Vale salientar , que, antes de Cristo, inclusive, já havia no mundo, pregadores, filósofos, inventores, artistas e cientistas que legaram a todos nós muita sabedoria e Teorias jamais Desmentidas, pois a nossa História contemporânea está ai para ratificar tudo, porque além das traições e inversão de valores éticos e morais, há também, a semente da corrupção que prolifera em todos os campos da política partidária, produzindo abalos sísmicos galopantes nos cofres públicos, como, por exemplo, tem sido o retrato dos cartões de crédito, motivo de CPI no Congresso Nacional, para punir, com ou sem pizzas os responsáveis por esta farra com o dinheiro do contribuinte, enquanto ao trabalhador assalariado só lhe resta pedir ao nosso bom Deus que chegue o mais rapidamente possível o tão sonhado dia em que – todos sejam iguais perante a Lei.

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