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9/20/2008

José Wilson Malheiros



ERA O PAI DO RUI BARATA


Ensina o folclore popular que visagem é um ser sobrenatural de mau agouro.
O povo afirma que quem vê uma coisa dessas, geralmente nas horas mortas da noite, fica ou está mundiado, muitas vezes passa a ser atazanado, malinado, perseguido pela criatura. Dizem que tem gente que vira cavalo, porco, cachorro etc, nas noites de luar.
Na lua cheia o ser, ainda humano, dirige-se para a beira da praia, para o meio do mato, para a capoeira, para uma rua erma e depois de se debater vai se transformando pouco a pouco no “bicho”. Cumprido o fado, o animal volta a ser gente outra vez. Pois, é. O fato que vou relatar aconteceu comigo.
Eu não estava no meio do mato, não era noite de luar, ninguém me atazanou, malinou, mundiou ou coisa parecida. Sempre estive em pleno gozo de minhas faculdades mentais e intelectuais.
Quem estuda o assunto sabe que o sobrenatural não existe. Quando acontece algo que foge ao nosso entendimento a tendência é colocar a culpa em algo extraordinário, inusitado. Mas, na realidade tudo acontece em virtude de leis da natureza que ainda não descobrimos e mistificamos. Descoberta a lei, a causa, tudo perde a aura de fenômeno excepcional, de milagre e vira coisa corriqueira. Foi assim com a lei da gravidade, com os descobrimentos científicos etc. Para mim, o diabo clássico é coisa inventada por religiosos de má-fé para manter o povo no cabresto e no complexo de culpa.
Mas o que eu quero dizer, leitores, é que já vi uma “visagem” (entre aspas) muito real, sim senhor. Vou dizer, inclusive, o nome do personagem, com a coragem de quem fala a verdade.
Quatro da tarde de uma quinta-feira, auditório da Escola Superior de Advocacia, na OAB, em Belém. Eu palestrava para uma platéia de mais de cem pessoas.
A certa altura minha atenção é dispensada para a primeira fila de cadeiras na platéia, onde um gordinho, cabelo meio “espeta-caju”, trajando calça de linho branca e blusão de azul bem clarinho, estava sentado e sorria para mim. Continuei dando aula. Momentos depois o personagem levanta-se do seu lugar, vem em minha direção, sempre sorrindo, passa por detrás, como quem vai apagar a lousa.
Continuei a palestra, intimamente agradecido pela gentileza.
Mas... quando precisei escrever no quadro vi que não estava apagado. Olhei para aquela cadeira da primeira fila e estava vazia.
Fiquei meio arrepiado. Olhei para a platéia e ninguém pareceu notar nada. Então pensei que era imaginação. Mas o fato não me saiu da cabeça. Uma semana depois, voltei à OAB. Atrás da cabeça do Reitor, o Dr. Leonam Cruz, lá estava, na parede, a foto que eu nunca havia visto antes. Era ele, o meu amigo da sala de aula.
Como meu pai já havia me falado dele, que era amigo de meu avô Malheiros e professor de Português e Inglês do meu velho, perguntei como era fisicamente o meu personagem.
Izoca me descreveu exatamente como eu havia visto e estava lá na foto.
Quando eu disse que havia visto o personagem, ele, que não era bobo, sorrindo, ainda me deu maiores detalhes que realmente comprovaram a realidade.
Já estão curiosos? Aqui vai o nome da “visagem”. Já contei o acontecido para o Paulo André e Tito Barata, que riram bastante. Acreditem se quiserem. Mas, se não quiserem, não tem problema. Todos sabem que eu não brinco com coisa séria e não sou de potocas.
O meu “aluno” da aula vespertina na OAB era o Dr. Alarico Barata, pai do Rui Barata, Patrono da Escola, que inclusive morou e trabalhou em Santarém. Rui nasceu na casa de número 70 da Travessa Francisco Corrêa. Maestro Izoca, meu pai, morava no número 139.
Na Bíblia e em Shakespeare lemos que existe mais coisa entre o céu e a terra do que pode supor nossa vã filosofia
Sensacional é o filme em cartaz: “Bezerra de Menezes, o diário de um Espírito”. Vale a pena assistir e meditar.
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6 comentários:

Jornal do Feio disse...

Caro Malheiros,
Muito interessante a sua crônica.
Esse negócio de viagem não é potoca.
Nesses quase 12 lustros de vida já vi algumas. Elas não nos fazem mal. Muito pelo contrário, nos trazem bons presságios;
Ou, nos indicam que estamos de bem com o pessoal lá de cima.
Os kardecistas explicam melhor.
Obrigado por enriquecer com aua pena o nosso modesto blog.

Anônimo disse...

Prezado José Wilson Malheiros, adorei sua matéria. Realmente existem mais coisas entre esta terra e o céu do que podemos imaginar. Você continua afiado. Abração.

Anônimo disse...

Concordo com o senhor, Dr. Malheiros,o filme que relata a passagem do medico Bezerra de Menezes por este planeta, é excelente.
Todos deveriam assistí-lo.
Meus cumprimentos pelo seu belo texto.

Anônimo disse...

Dr. Malheiros: qual é o dia certo que é publucada a sua coluna neste interessante blog?

Anônimo disse...

Dr. Malheiros: qual é o dia certo que é publucada a sua coluna neste interessante blog?

Anônimo disse...

Sinto-me honrado quando vejo belos comentários sobre meu artigo. GRato a todos. O mérito é de vocês, leitores, e não meu.
jwmalheiros