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11/22/2008

Antônio Cavalcante


TRANSPORTE URBANO EM BELÉM NA DÉCADA DE 50


Meus Amigos muito BOM DIA!
Um pouco de nossa história:
Eu era criança quando morávamos em São Brás, um bairro bastante acolhedor e tranqüilo daquela Belém de outrora. Aos domingos pela manhã a família ia a missa na capela do Berço de Belém e após a sesta dominical, por volta das 16:00 horas reunia-se para uma volta de ônibus e após o passeio saborear os gostosos sorvetes do “Passa o Pau” estabelecimento comercial na esquina da Av. Independência hoje Magalhães Barata com a Av. José Bonifácio.
Naquela época os transportes coletivos eram de madeira, janelas de venezianas bem trabalhadas pelos carpinteiros da cidade, os bancos eram de couro se não me falha a memória. Explorados por pequenas empresas locais, como a Viação São Luiz, a Viação Olímpia, a transportes Terezinha ou Terezita, além de outras escondidas na memória que utilizavam vários modelos, porém o que mais chamava atenção era o Zepelim, com o formato da famosa aeronave alemã.
A viagem pelas principais ruas da cidade era fantástica para os olhos e curiosidade dos pequenos passageiros no interior do Zepelim, que não se cansavam de admirar os túneis de mangueiras símbolos daquela Belém Paidégua, os principais atrativos turísticos, como a Praça da República, O Teatro da Paz, O Grande Hotel, O cinema Olímpia, O Manuel Pinto da Silva, O Pará Clube, O Paissandu Sport Clube, O Clube do Remo, os demais palacetes ao longo da Av. Nazaré, Os Colégios Nazaré e Santa Catarina, O Largo de Nazaré com seus coretos, clippers, cinemas, parques de diversão, A Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, O colégio Gentil Bittencourt, as ruínas da antiga fabrica de cerveja, o cinema Popular, O Museu Emilio Goeldi, O palacete Passarinho, a residência do Governador, a sede dos escoteiros (FEIJ) O Centro de Saúde nº 2. Esses ícones belemitas apontados pelos nossos pais ou responsáveis pelo passeio, eram assimilados pelos pequenos turistas de fim de semana, bem como, sentir a lenta transformação urbana daquela época.
Com base na vaga lembrança desse passado recente, Belém possuía várias linhas de ônibus que faziam a ligação entre os vários bairros, recordo-me das linhas: São Brás Batista Campos, São Brás Independência, São Brás Jurunas, Souza, Marco, Sacramenta, Circular Interna e Circular Externa, Telegrafo. Quase todas essas linhas tinham passagem obrigatória por São Brás. Algumas saiam do terminal na praça do operário em frente a estação da Estrada de Ferro de Bragança que ficava em de São Brás.
Uma coisa curiosa na questão do transporte urbano de Belém, eram os clippers existentes nos principais eixos de mobilidade da população da cidade, Eram construídos em alvenaria e possuíam nas extremidades pequenos negócios, geralmente no ramo de cafés, bebidas e lanches rápidos. Ao centro se instalavam vendedores de cigarro, engraxates, jornais e revistas e algumas novidades que se tornavam moda na cidade, como: bambolês, sandálias japonesas, radinhos de pilha e outros objetos de origem duvidosa. Localizavam – se na Av. Portugal na Praça D.Pedro II próximo a Praça do Relógio, Av. Nazaré na Praça Justo Chermont ou largo de Nazaré atual CAN, Praça do Operário em São Brás, Na Av. Senador Lemos Sacramenta, na Praça Brasil, e o ultimo exemplar desse equipamento urbano está ainda em pé lá no Guamá final da Rua Barão de Igarapé Mirí.
Ainda falando dos clippers, há de se ressaltar o Clipper do Largo de Nazaré por ocasião dos festejos nazarenos na parte superior servia para observar melhor a passagem da Santa, por ocasião do Círio e do Recírio, a Queima dos fogos na tradicional última noite do arraial de Nazaré, e também assistir as famosas batalhas de confetes por ocasião do carnaval. E o da Praça Brasil e Sacramenta de grande importância nesses bairros principalmente no período momesco onde no seu entorno concentravam os foliões brincantes para mais tarde desfilar a sua alegria carnavalesca aos assistentes de plantão naqueles espaços públicos.
Além dos ônibus faziam parte do sistema de transportes coletivos os famosos carros de praça, pois não existia o taxímetro para o estabelecimento de tarifa a ser cobrada pela prestação do serviço. A corrida era cobrada de acordo com a distancia, com a cara do freguês, levando em consideração também a amizade entre o motorista e o usuário. Os carros eram americanos e confortáveis, notadamente os Buicks, os Fordes, os Chevrolets, sendo esta última marca, modelo Bel air os mais procurados em ocasiões festivas, como casamentos, batizados etc.
Outro fato marcante na questão dos transportes de Belém, daquele momento, era a existência dos famosos inspetores de veículos que orientavam o transito na cidade. Dentre esses funcionários da administração pública não podemos deixar de falar no mais famoso deles: o lendário Valete, que enriqueceu o folclore popular urbano daquela época gerando muitas estórias que ficaram na memória dos sobreviventes de então.
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Tatá Cavalcante
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