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5/17/2008

José Wilson Malheiros



... E DEPOIS DE MARINA?


Sou um tanto cético. No início da década de setenta trabalhei na região de Tomé Açu e adjacências. Triste e até certo ponto aflito, via todo dia dezenas de caminhões passarem carregados de madeira e mais madeira.
O início da década de noventa veio me encontrar trabalhando na região de Altamira e Transamazônica.
Mais comboios de caminhões carregados de toras de madeiras passavam pelas ruas da cidade rumando não sei para onde.
Só sei que levavam preciosos pedaços da floresta e nos arrancavam valiosos pedaços de vida.
Agora nosso Presidente diz que com a saída da Ministra Marina a política ambiental brasileira não vai mudar, querendo rechaçar possíveis intervenções e velhas cobiças internacionais por este pedaço de Brasil importante e lindo.
Com todo respeito que o Presidente merece, se não vai mudar, então vamos continuar assistindo a dilapidação de nosso patrimônio florestal, pois com boa vontade não se resolvem os problemas públicos e os órgãos encarregados de fiscalizar, de proibir o saque à floresta vão continuar recebendo poucas verbas, vão continuar com contingente humano insuficiente para tentar, com algum sucesso, coibir a ganância dos poderosos e mais interessados no dinheiro do que na vida, propriamente dita.O desmatamento na Amazônia só será detido quando se instituir o pagamento pela manutenção da floresta em pé, falou de certa feita o ilustre o ministro da Agricultura em depoimento no Senado, após o afastamento de Marina Silva que tende, agora, a virar boi de piranha.
As palavras do ministro nos deixam preocupados. Enquanto não houver compensação financeira, a motossera continuará a cantar sua canção assassina na floresta. Continuará, segundo o tal Ministro - não é amazônida, evidentemente - que se mostrou desinteressado no assunto por não ser de suas atribuições, segundo falou.
A conclusão não pode ser diferente. Quem viola as florestas, amparadas por lei, não pode pretender, ainda, receber uma compensação financeira, já que é um criminoso, devedor e, não credor da floresta e da sociedade.
Pensar diferente é inverter totalmente a ordem dos valores em que a sociedade acredita. Pagar-se o infrator da lei por ele ter cometido um ilícito. Se são essas as soluções miraculosas para nossa floresta, patrimônio vital? Quando se fala em Amazônia não se pode ficar cômoda e ignorantemente restrito às árvores, esquecendo a multidão de animais – nossos irmãos menores – que têm todo o direito de ali viver, fazendo parte de uma cadeia quem tem no ser humano um elo dependente.Nunca é demais repetir que as soluções engendradas nos vistosos gabinetes de ar condicionado nunca foram as melhores.
Já estava e está na hora de se colocar em lugar da ex-Ministra, um outro amazônida, que conhece nosso chão, para que possa fazer com que a cobiça e a recriminação internacional deixe de acontecer, como é sonho de todo brasileiro que se preza.

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jwmalheiros@hotmail.com

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