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5/25/2008

José Wilson Malheiros


O PARÁ NÃO VIVE SÓ DE ÍNDIOS

Noticia a imprensa que o Judiciário está bastante preocupado com a situação do conflito com os indígenas na região chamada de Raposa Serra do Sol, em Roraima.
Como se sabe ali historicamente existe uma briga entre os latifundiários, principalmente os plantadores de arroz, e os índios, estes afirmando que estão invadindo um território que é seu de fato e de direito, embora vez por outra os jornais nos informem que existem, também, aborígines corruptos, pois hoje em dia eles, mais próximos do mundo chamado civilizado, não querem mais apenas apito, como diz a musiqueta carnavalesca e sim dinheiro e todas as benesses do mundo globalizado.
Recentemente três ministros do Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte de justiça em nosso país, estiveram sobrevoando a região.
Gilmar Mendes, Carlos Ayres Britto e Carmem Lúcia foram lá, ver de perto, no próprio palco dos acontecimentos, para que possam sentir, raciocinar melhor e assim decidir, preocupados em emitir senão a verdade real, mas a verdade processual possível que, segundo a melhor técnica jurídica, deve se aproximar, tanto quanto as circunstâncias permitirem, do que se considera como realidade.
Essa visita, por motivos óbvios e de segurança foi cercada do sigilo até o último instante, mas faz parte da função do repórter furar paredes e trazer ao público a notícia.
Recordemos que no próximo mês de junho o Supremo Tribunal Federal vai decidir se a demarcação das terras em conflito é regular, é legal ou não.
Não nos esqueçamos, também, que em abril essa corte de justiça suspendeu uma operação da Polícia Federal para retirada de não-índios do local, supostamente reserva indígena, no que em minha opinião acertou, até que saia o veredicto final.
A tensão social na localidade tem atingido níveis perigosos e assim justifica-se a visita e o interesse dos respeitáveis Ministros.
Fatos como esse só chamam a atenção, mais uma vez, para a necessidade de se implantar, de uma vez por todas, uma política que resolva de maneira satisfatória, a questão da terra no Brasil. Condenar criminosos e mandantes, expulsar invasores, tudo isto é de suma importância. Mais premente, ainda, é não mais adiar a solução das pendências, separando o joio do trigo. Existem muitos latifundiários produtivos, como existem os especuladores.
Há os verdadeiros sem terra, ávidos para se estabelecer e produzir, como existem os profissionais da desgraça, os invasores, instrumentos de interesses subalternos, os agitadores de épocas eleitoreiras.
É preciso, também, deixar a hipocrisia de lado. Existem os que são a favor da reforma agrária, desde que seja feita em terra dos outros.
Não podemos misturar reforma agrária com o banditismo que vem se praticando aí no sul do Pará, por exemplo, ameaçando e assassinando inocentes, pois isto não vai resolver nada.
Aqui entram outra vez o Judiciário, o Ministério Público, os cidadãos de bem, os verdadeiros interessados na paz social.
Diminuindo a impunidade, denunciando os abusos, procurando resolver seus conflitos na base do diálogo (nem sempre fácil esta opção).
Precisamos fazer com que o Pará não seja conhecido apenas pelas chacinas, pelos crimes de encomenda, pelas terras em eterna disputa e sim por seu folclore, por suas belezas naturais, sua arte, seu povo bonito.
Copiando o bom exemplo baiano, precisamos mostrar o que de melhor o Pará tem.

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