Miss do Amapá terá sido assassinada no Hotel Grand Bittar?
Brasília – O juiz titular da Décima-Primeira Vara do Tribunal do Júri de Brasília, João Egmont Leôncio Lopes, marcou para as 16h30 do dia 21 de maio o interrogatório do empresário Carlos Humberto Pereira Montenegro, acusado de assassinar a estudante de jornalismo Patrícia Melo de Oliveira, do Amapá, empurrando-a, segundo investigação policial, da sacada da suíte 1.134, no décimo-primeiro andar do Hotel Grand Bittar, em Brasília, no dia 7 de janeiro de 2004.
O titular da Terceira Promotoria do Júri Popular de Brasília, Andrelino Bento Santos Filho, ofereceu denúncia dia 16 de abril. Fiz-lhe uma pergunta óbvia, na tarde de terça-feira 13, apenas para ouvi-lo falar sobre a investigação do delegado Antônio Cavalheiro, da Primeira Delegacia de Polícia, que aponta para assassinato. Procurei o delegado inúmeras vezes, mas não logrei encontrá-lo. Perguntei ao promotor se o relatório da investigação do delegado o convenceu da tese de assassinato. “Suicídio não foi!” – respondeu-me Andrelino Santos Filho, atrás de uma mesa entulhada de processos. Mas explicou que “faltam, ainda, alguns laudos”, instruindo-me de que a investigação só termina no julgamento - teoricamente. Contudo, disse-me que “há indícios suficientes” – referindo-se à tese de assassinato.
Baseado na sua experiência, quanto tempo leva um caso desses da acusação ao julgamento? – perguntei-lhe. Ele pegou um dos processos empilhados sobre a mesa e disse que aquele levou um ano, e me informou que os casos em que o réu está preso, são prioritários. Informou-me ainda que, no caso Patrícia Melo, serão arroladas mais oito testemunhas. Em suma, esse caso pode demorar uma eternidade. Só são acelerados quando a mídia do Sudeste – São Paulo e Rio de Janeiro – entra na história e põe a Justiça na parede. Não é o caso da mídia de Macapá.
O delegado Antônio Cavalheiro passou dez meses investigando a morte de Patrícia Melo, encontrada morta, por volta das 6h30 do dia 7 de janeiro de 2004, no jardim do cinco estrelas Grand Bittar, diária de R$ 510, no Setor Hoteleiro Sul, coração de Brasília.
Patrícia Melo tinha 21 anos. Era um desses tipos que só se vê no Caribe (o Amapá situa-se na porta do Caribe). Com 1,73 de altura, 60 quilos de peso, morena de olhos verdes, fora eleita Musa Verão 2003 e iria concorrer ao Miss Amapá no concurso Beleza Brasil. Sonhava com o Miss Brasil 2005. Cursava o segundo ano de jornalismo na Faculdade Seama e queria se especializar em meio ambiente. Nasceu na cidade de Pracuuba, no Amapá, e morava no Bairro do Muca, em Macapá. Seu pai e uma irmã moram na Guiana Francesa.
De acordo com sua colega de faculdade, Sândala Nascimento, Patrícia sentia-se deprimida, pois seu namorado pusera fim ao relacionamento; deixara-a por outra mulher. Esse quadro psicológico se agravou com o anúncio do casamento do ex-namorado. Isso deixou Patrícia Melo agressiva, nervosa, quando, normalmente, além de linda, era doce.
O empresário Carlos Humberto Pereira Montenegro, proprietário da Serpol Segurança Privada, estava falido até a assunção do governador Waldez Góes (PDT), que, aqui, é apenas um ponto de referência no tempo. A partir daí começou a ganhar licitações e a dar sinais de prosperidade, adquirindo imóveis e automóveis. É conhecido, em Macapá, pelo seu alto padrão de vida e por relacionar-se com mulheres sensuais.
Sua ficha criminal é movimentada. É acusado de tentar matar sua ex-mulher, Sâmia Soares Castro, e o marido dela, Diano Portela, em outubro de 2002, quando jogou seu Fiat Maréa cinza, em alta velocidade, contra a motocicleta de Diano e Sâmia. Confessou à polícia sua intenção e que sentia ciúme da sua ex-mulher. Em setembro de 2003, o juiz Heraldo Costa, do Tribunal do Júri de Macapá, pediu a prisão preventiva de Carlos Montenegro, pelo crime.
Carlos Montenegro é também investigado pelo Ministério Público do Estado do Amapá por crime contra o patrimônio público. Responde a 24 processos na Justiça, a maioria deles de dívidas para o INSS e a Receita Federal. Na Justiça do estado, foi réu em seis processos, arquivados, inclusive oriundos de São Paulo e de Fortaleza, incluindo acusação de roubo e formação de quadrilha.
Mas Carlos Montenegro terá empurrado Patrícia Melo para a morte? No dia 6 de janeiro de 2004, o ex-patrão de Patrícia Melo foi à casa dela e a convenceu de vir a Brasília com ele. Segundo a mãe de Patrícia, Zilda Melo, o empresário vivia prometendo presentes caros para Patrícia, como casa e carro.
Por volta das 21 horas da noite do crime, Patrícia Melo ligou para sua irmã de um telefone celular em poder de Gregório Jácome, filmado por uma câmera ao subir ao apartamento para buscar o casal. Jácome era funcionário da Secretaria Extraordinária do Amapá em Brasília e o telefone celular era da secretaria. Patrícia estava chorosa no telefonema e pediu à sua irmã que guardasse suas fotos. Às 5 horas, Patrícia voltou a telefonar para sua casa e pediu à sua mãe que viesse buscá-la.
Carlos Montenegro contou à polícia que a trouxe de Macapá porque ela se sentia deprimida. Na noite da tragédia, acordou com gritos de Patrícia, dizendo que iria se jogar e mandando recados para sua família, na sacada do apartamento. Depois, teria voado para a morte, estatelando-se num pequeno jardim na frente da torre do hotel, próximo ao estacionamento de táxi no outro lado da rua, de onde ouviram gritos.
Patrícia Melo saberia de algum segredo explosivo de Carlos Montenegro? Ou se sentiria fortemente deprimida? O Ministério Público lançará novas luzes à investigação policial? Uma coisa, porém, é certa: Carlos Montenegro está seguro, em Macapá.
O titular da Terceira Promotoria do Júri Popular de Brasília, Andrelino Bento Santos Filho, ofereceu denúncia dia 16 de abril. Fiz-lhe uma pergunta óbvia, na tarde de terça-feira 13, apenas para ouvi-lo falar sobre a investigação do delegado Antônio Cavalheiro, da Primeira Delegacia de Polícia, que aponta para assassinato. Procurei o delegado inúmeras vezes, mas não logrei encontrá-lo. Perguntei ao promotor se o relatório da investigação do delegado o convenceu da tese de assassinato. “Suicídio não foi!” – respondeu-me Andrelino Santos Filho, atrás de uma mesa entulhada de processos. Mas explicou que “faltam, ainda, alguns laudos”, instruindo-me de que a investigação só termina no julgamento - teoricamente. Contudo, disse-me que “há indícios suficientes” – referindo-se à tese de assassinato.
Baseado na sua experiência, quanto tempo leva um caso desses da acusação ao julgamento? – perguntei-lhe. Ele pegou um dos processos empilhados sobre a mesa e disse que aquele levou um ano, e me informou que os casos em que o réu está preso, são prioritários. Informou-me ainda que, no caso Patrícia Melo, serão arroladas mais oito testemunhas. Em suma, esse caso pode demorar uma eternidade. Só são acelerados quando a mídia do Sudeste – São Paulo e Rio de Janeiro – entra na história e põe a Justiça na parede. Não é o caso da mídia de Macapá.
O delegado Antônio Cavalheiro passou dez meses investigando a morte de Patrícia Melo, encontrada morta, por volta das 6h30 do dia 7 de janeiro de 2004, no jardim do cinco estrelas Grand Bittar, diária de R$ 510, no Setor Hoteleiro Sul, coração de Brasília.
Patrícia Melo tinha 21 anos. Era um desses tipos que só se vê no Caribe (o Amapá situa-se na porta do Caribe). Com 1,73 de altura, 60 quilos de peso, morena de olhos verdes, fora eleita Musa Verão 2003 e iria concorrer ao Miss Amapá no concurso Beleza Brasil. Sonhava com o Miss Brasil 2005. Cursava o segundo ano de jornalismo na Faculdade Seama e queria se especializar em meio ambiente. Nasceu na cidade de Pracuuba, no Amapá, e morava no Bairro do Muca, em Macapá. Seu pai e uma irmã moram na Guiana Francesa.
De acordo com sua colega de faculdade, Sândala Nascimento, Patrícia sentia-se deprimida, pois seu namorado pusera fim ao relacionamento; deixara-a por outra mulher. Esse quadro psicológico se agravou com o anúncio do casamento do ex-namorado. Isso deixou Patrícia Melo agressiva, nervosa, quando, normalmente, além de linda, era doce.
O empresário Carlos Humberto Pereira Montenegro, proprietário da Serpol Segurança Privada, estava falido até a assunção do governador Waldez Góes (PDT), que, aqui, é apenas um ponto de referência no tempo. A partir daí começou a ganhar licitações e a dar sinais de prosperidade, adquirindo imóveis e automóveis. É conhecido, em Macapá, pelo seu alto padrão de vida e por relacionar-se com mulheres sensuais.
Sua ficha criminal é movimentada. É acusado de tentar matar sua ex-mulher, Sâmia Soares Castro, e o marido dela, Diano Portela, em outubro de 2002, quando jogou seu Fiat Maréa cinza, em alta velocidade, contra a motocicleta de Diano e Sâmia. Confessou à polícia sua intenção e que sentia ciúme da sua ex-mulher. Em setembro de 2003, o juiz Heraldo Costa, do Tribunal do Júri de Macapá, pediu a prisão preventiva de Carlos Montenegro, pelo crime.
Carlos Montenegro é também investigado pelo Ministério Público do Estado do Amapá por crime contra o patrimônio público. Responde a 24 processos na Justiça, a maioria deles de dívidas para o INSS e a Receita Federal. Na Justiça do estado, foi réu em seis processos, arquivados, inclusive oriundos de São Paulo e de Fortaleza, incluindo acusação de roubo e formação de quadrilha.
Mas Carlos Montenegro terá empurrado Patrícia Melo para a morte? No dia 6 de janeiro de 2004, o ex-patrão de Patrícia Melo foi à casa dela e a convenceu de vir a Brasília com ele. Segundo a mãe de Patrícia, Zilda Melo, o empresário vivia prometendo presentes caros para Patrícia, como casa e carro.
Por volta das 21 horas da noite do crime, Patrícia Melo ligou para sua irmã de um telefone celular em poder de Gregório Jácome, filmado por uma câmera ao subir ao apartamento para buscar o casal. Jácome era funcionário da Secretaria Extraordinária do Amapá em Brasília e o telefone celular era da secretaria. Patrícia estava chorosa no telefonema e pediu à sua irmã que guardasse suas fotos. Às 5 horas, Patrícia voltou a telefonar para sua casa e pediu à sua mãe que viesse buscá-la.
Carlos Montenegro contou à polícia que a trouxe de Macapá porque ela se sentia deprimida. Na noite da tragédia, acordou com gritos de Patrícia, dizendo que iria se jogar e mandando recados para sua família, na sacada do apartamento. Depois, teria voado para a morte, estatelando-se num pequeno jardim na frente da torre do hotel, próximo ao estacionamento de táxi no outro lado da rua, de onde ouviram gritos.
Patrícia Melo saberia de algum segredo explosivo de Carlos Montenegro? Ou se sentiria fortemente deprimida? O Ministério Público lançará novas luzes à investigação policial? Uma coisa, porém, é certa: Carlos Montenegro está seguro, em Macapá.
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