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5/30/2009

Pará, a sua cultura, e o Direito perderam ASSIS FILHO


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O Pará, a sua Cultura perderam grande amigo e defensor; O Direito perdeu um excelente e intransigente cultor e eu perdi um amigo, quase irmão. Morreu na madrugada de quinta-feira/28, de parada cardíaca, o jornalista, radialista, advogado, poeta e escritor, Francisco Assis dos Santos Filho, o Assis Filho, que se tornou famoso na década de 90 como "o terror dos corruptos", uma vez que, como profissional do Direito caçava esse tipo de gente em todos os lugares, e quase se foi por causa dessa sua heroica atitude.
Assis Filho nasceu em 19 de junho de 1938 na cidade de Teresina, Estado do Piauí. Terceiro filho de Francisco Assis dos Santos e Maria Adália Ferreira dos Santos. Aos cinco anos de idade, mudou-se com a sua família para a Belém do Pará, de onde não mais saiu.
Menino simples ajudou o pai, comerciante, na mercearia da família na Avenida Conselheiro Furtado, esquina a Travessa Francisco Caldeira Caldeira Castelo Branco, em frente à Igreja de São Francisco de Assis (Capuchinhos).
Iniciou os seus estudos preliminares no Colégio Nossa Senhora de Nazaré, onde desde muito jovem descobriu o prazer da leitura e o amor pela poesia. Fez o ginásio – atual primeiro grau - no Colégio Estadual Paes de Carvalho; o antigo científico no Colégio São João onde foi líder estudantil, despertando a partir daquele momento seu desejo de tornar-se um dia Advogado. Católico praticante, foi membro desde sua criação do Movimento da Juventude Franciscana da Igreja dos Capuchinhos.
Foi professor de português do Colégio São Pedro São Paulo – Guamá – do qual foi um dos fundadores, ajudando o trabalho da Irmã Zarife Sales, sua grande amiga; como Radialista apresentou os programas "Guajará no Campo" (1963); "Rádio Informativo Rural" (Rádio Clube do Pará/ 1967-1971); "Marajoara no Campo" (1967-1971); "Repórter Rural', na Rádio Marajoara (1967-1971); "Amanheça Cantando" (1972); "Na paquera do "Vestibular (1972); e Recital nas noites de sexta-feira, após as 22 horas, esses últimos na Rádio Clube do Pará); Serestas ao vivo, transmitidas de residências e clubes, transmitidas pela Rádio Marajoara (1973-1975) ; "Balanço Musical' (Rádio Guajará-1976), lançando valores da terra paraense, estimulando a produção local e semeando, com a preocupação única de multiplicar essas sementes.
Compositor, gravou o LP de poesias Rosário de Esmeraldas, Poemas de Assis Filho, como manifesto do Movimento Cultural Papa Chibé, movimento poético criado por ele e outros poetas, para valorizar a poesia paraense; gravou ainda o compacto duplo Na Estrada da Vida, seguido do LP Carimbó e outras Mirongas, depois de intensas atividades declamando em clubes, participação no Circulo Cultural dos 30 - CC-30 - do qual foi presidente.
Como autor teatral fez apresentações de suas peças na Juventude Franciscana, Festival de Teatro Amador, no Rio de Janeiro, Teatro da Paz e de bairros, anexos às Igrejas.
Assis Filho foi presidente do Circulo Cultural dos 30 – uma agremiação-pioneira de jovens intelectuais, poetas e escritores iniciantes surgida nos anos 60 que revelou grandes valores, não apenas na poesia, poesia e teatro, como também em outras atividades.
Durante a sua gestão, Assis Filho aproveitando o evento “Semana Cultural Circulista”, realizada todos os anos no mês de setembro, levou cultura para os bairros mais carentes. Um dos encontros mais destacados aconteceu na sede do Paraense Esporte Clube, na Travessa Mercedes, próximo da Avenida 25 de setembro, no antigo bairro da Matinha.
A antiga Rádio Guajará, transmitiu a sessão lítero-musical, da qual participaram, dentre outros, o falecido maestro Adelermo Matos e atual padre Cláudio Barradas.
Poeta, foi autor de dois livros de poesia: Rosário de Esmeraldas (3ª edição – esgotado).
Sobre esse livro, um detalhe que faço questão de dizer - eu já estando residindo no Rio de Janeiro, o Assis Filho , dois dias após o lançamento, descobriu o meu endereço e enviou-me um exemplar; ou seja, não esqueceu o amigo-irmão.
Anjos Eróticos foi o segundo livro, também esgotado.
Como Jornalista, foi criador da revista Gazeta Rural que abordava a situação do povo paraense que vive no interior do Estado,
E, finalmente, como Advogado sempre militou em defesa da justiça, ajudando todos que dele precisaram, ricos e pobres – tendo uma especial atenção por essa categoria -, guiado sempre por princípios éticos, sendo a honestidade e a integridade sua maior Marca... por isso que morreu pobre.
Foi fundador e presidente da Associação Profissional dos Advogados do Estado do Pará – ADOVA – que se tornou posteriormente Sindicato dos Advogados do Pará, criado para defender e valorizar o advogado paraense. Foi Conselheiro Federal, Procurador de Justiça do Município de Marapanim e recebeu o título honorífico de Cidadão Marapaniense concedido pela Câmara Municipal de Marapanim.Assis Filho foi um dos principais articuladores e responsáveis pela eleição do colega de bancos escolares no Colégio Nazaré – Sérgio Augusto Frazão do Couto, à presidência da Ordem dos Advogados do Brasil – Secção do Pará, 1994 – uma das maiores, senão a maior, administração que a entidade já teve nesses últimos anos. Ele engajou muitos colegas na campanha – inclusive eu.
Sérgio Couto, íntegro, ético, justo e inteligente fê-lo presidente do Clube dos Advogados do Pará. Foram os anos de ouro do Clube. Sérgio Couto conseguiu verba junto ao Conselho Federal e, juntos, ele e Assis Filho, transformaram a agremiação; deram-lhe com nova roupagem.
Quem quiser pode conferir: tudo isso que tem lá foi obra de Sérgio Couto e Assis Filho. Eu sou testemunha já que foi Assessor de Imprensa tanto da OAB.Pa, como Clube dos Advogados.
Assis Filho foi, ainda, um filho, irmão, marido, pai, tio, avô, bisavô e amigo querido, irmão, companheiro, amado por toda sua família e amigos verdadeiros que tiveram o privilégio desfrutar da sua convivência e de sua amizade. Um homem que amou sua família, seus amigos e sua profissão, e serviu a Deus, tendo uma palavra de carinho e conforto a todos que dele se aproximavam.
Uma coisa que eu preciso contar: Assis Filho foi o responsável pelos meus primeiros passos na imprensa. Em 1956, ele que era redator de esportes de bairros, do semanário católico A Palavra – A Voz de Nazaré daqueles tempos, um super tablóide.
Amigo dileto e "observando a minha inclinação para jornal", pediu ao padre Lisbino Garcia do Carmo – que não mais existe – recém ordenado – então diretor responsável pelo jornal, uma chance para um menino que queria escrever no jornal. Lisbino sem pestanejar, disse Sim, pode trazer o garoto.

Deu certo.

Eu disse acima que Pará, a sua cultura, e o Direito perderam Assis Filho.
O Pará perdeu um filho-postiço que o amava pela vida desde os cinco anos de idade.
A cultura perdeu um dos seus maiores valores.
E o Direito perdeu um dos seus maiores cultores.
Um advogado que sempre viveu da profissão, com ética, dignidade, honestidade, entusiasmo, devoção e amor.
Que a sua vida sirva de exemplo para as novas gerações de Advogados.
Assis Filho vai deixar muitas saudades.
Não, já está deixando saudade em todos nós que o amávamos.

Cara, um dia a gente se encontra. Quem sabe no céu onde você está!...
Para bolar mais alguma coisa e botar o papo em dia.


PAZ À SUA BONÍSSIMA ALMA


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4 comentários:

Thaís Santos disse...

Perdemos um herói, alguém do qual pudemos ter muito orgulho. Como neta pude presenciar muitos dos seus inúmeros feitos, que hoje fazem parte das mais lindas lembranças deixadas. A ausença física causa tristeza, dor, saudade e sofrimento. Entretanto o fato de poder tê-lo na memória e saber que está habitando um belo lugar e sempre orando por todos (como sempre fez) conforta o nosso coração. Te amamos vôzinho querido !

ੴ . Paula Silva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ੴ . Paula Silva disse...

Perdemos um avô, amigo, esposo, irmão e um verdadeiro héroi. Fazes tanta falta vô aprendi tanta coisa com o senhor, me destes tantos conselhos, me ajudava sempre que precisava. E agora o senhor nos deixou, e agora tenho um grande buraco dentro de mim, mais sei que de onde o senhor está vai olhar po todos nóis,e que nunca vai nois abandonar, e mesmo o senhor estando já no céu quero dizer que continuo lhe amando como sempre e que sinto muito a sua falta meu héroi, segundo pai, meu orelhinha, me avôzinho lindo !

Moises Modesto Jr. disse...

Não perdi apenas o "Sogro". Perdi o Pai, Amigo, Companheiro e Professor de todas as horas. Saiba "Meu Velho", que teus ensinamentos, como caráter, ética, honestidade e principalmente humildade, jamais sairão da minha mente e coração. Quanta falta estás fazendo. Te amo muito "Meu velho". Obrigado por tudo "Meu Velho".